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 TEMA: Filhos, troquem de lugar com seu pai:

 Artigos: Meu querido velho e

Carta de um filho a um pai

Esse texto é para a sua reflexão sobre o relacionamento filhos com pai. 

 

 

Prezado/a internauta

    Um exercício terapêutico que eu costumava fazer com meus clientes, na época em que atendia em Clínica Psicológica, era fazer a pessoa trocar de lugar com seu marido, ou esposa, com algum filho/a, com seu pai ou mãe, seu chefe, etc, para tentar entender a situação do ponto de vista do outro. Dava interessantes resultados terapêuticos.

    Os dois artigos a seguir tem essa finalidade: levar os filhos a uma reflexão, como se estivessem trocando de lugar com seu pai. Refletir no lugar de seu pai. É comum ser encontrado, em velórios, filhos que choram a perda do pai (ou da mãe) e choram, mais angustiados ainda, porque não aproveitaram as oportunidades que tiveram para reconciliarem-se com ele/a antes que Deus o/a levasse.

    Se você tem a alegria, ainda, em sua vida de ter vivo o seu pai (e também a sua mãe) aproveite a oportunidade do DIA DOS PAIS, no segundo domingo de agosto de cada ano, uma data instituída em 1953 no Rio de Janeiro, pelo jornalista e publicitário Silvio Behring, como uma nova oportunidade para manifestar, como filho, o seu respeito, seu reconhecimento, seu carinho e seu amor ao seu pai, do mesmo modo como você manifestou no segundo domingo de maio, o seu amor à sua mãe. Lembre-se dos filhos que choram a perda do pai e choram porque não aproveitaram a oportunidade de expressar os seus sentimentos de amor, enquanto ele ainda estava vivo.

    Para você refletir sobre essa importância do pai na vida dos filhos, a seguir são apresentados alguns textos. Leia-os com atenção, coloque-se no lugar de seu pai, trocando de lugar com ele, e não deixe de expressar o seu amor por ele. Não perca a oportunidade que ainda tem...

Um abraço fraterno, no ideal de um mundo humano melhor,

 

 

 

Antonio de Andrade

Lorena, SP

Contato pelo e-mail opcao@editora-opcao.com.br


 MEU QUERIDO VELHO
(autoria desconhecida)

    Um dia deste me detive a te olhar, demoradamente, como se fosse o espelho que a vida, caprichosamente, colocou diante de meus olhos. Olhei-te, detalhadamente, e vi que o inverno dos anos vai, impiedosamente, marcando tuas cãs, tingidas e cinzentadas pelas mãos hábeis do mais intransigente dos artistas: o tempo.

    O que era ontem passou a ser hoje e, este, será amanhã, nessa corrida vertiginosa e inexorável dos minutos, pela escadaria dos anos afora. Olhei-te e percebi que sulcos profundos traçam em teu rosto, indelevelmente, os primeiros anos da velhice. Vi que tua face e tua fronte foram transformadas numa exposição de artes, onde a vida representou as lembranças do passado, deixando ali, emolduradas, cenas de angústias e ansiedades, tristezas e alegrias, derrotas e vitórias. Olhei o teu porte, outrora vigoroso e intrépido, e senti que aos poucos te vais alquebrando. Teus braços, ainda ontem eram ágeis e me sustiveram, teu peito amigo foi sempre meu escudo e meu aconchego, teu coração paterno sempre pulsou e vibrou de emoção pelos teus filhos, teus olhos já retiveram algumas lágrimas, é verdade, mas também brilharam intensamente de contentamento. Gostei de te ver, assim, com os pés na terra, cabeça no lugar, sem nunca ter pretendido ser super-homem, nem machão...

    Meu querido velho. Nasceste gente e isto me basta. Nasceste para ser simples e pouco importa se não possuas mais. Não me preocupa se não tens carro novo, nem muito dinheiro no banco, nem casa de campo ou casa na praia. O importante para mim é que sempre soubestes ser grande no amor e na verdade. Fostes muito grande no ideal e maior, ainda, em tua fé. Olhei-te e vi que tinhas um pouco dos seres da terra e um pouco dos seres do céu. Continuei a te olhar e me lembrei de meu tempo de criança: descobri que era bom demais. Achei bom te ver diante de mim, como no espelho, ajeitando o rosto, acertando o cabelo. Fiquei orgulhoso de ter um pai-gente, pai que é capaz, apesar das rugas do rosto de minha mãe, de achá-la a mais bela mulher do mundo. Um pai que nunca permitiu que me deitasse com os olhos marejados de pranto, temeroso ante a incerteza do amanhã, Ao contrário, sempre deu-me serenidade e a certeza do sucesso, a ponto de cantar aos ouvidos do mundo a minha ventura. Sou venturoso e devo a ti, meu querido velho, o que sou. Por isto, ao ver-te e verificar que tuas pálpebras jamais se cerraram sem que em tuas pupilas ficassem gravadas a minha imagem e a dos meus irmãos, sinto acender-se em meu coração, como uma estrela, o desejo de ser bom e de te fazer, no mundo, o mais feliz dos homens.

Um abraço, meu querido velho, pelo Dia dos Pais.


 CARTA DE UM FILHO A UM PAI
(autor: Luiz Taddeo)

    Querido pai:

    Hoje eu sai batendo a porta com força. Não era a primeira vez que eu reagia dessa maneira depois de uma discussão com você. Mas algo no seu olhar cansado, um apelo mudo atirado em minha direção, pouco antes de eu sair tão afoitamente, me fez raciocinar melhor. Descobri, nesse momento, o quanto sou intolerante com os seus pontos de vista. Eu, que poderia me orientar pelo seu exemplo, de homem ponderado, bondoso, às vezes até tímido, que nunca ergueu a mão para mim nem abusou da sua posição de pai.

    Eu o estava submetendo a muitas humilhações. Quero confessar o quanto fui injusto com você. Quantas vezes eu o chamei de quadrado perante os meus amigos; e você, com uma paciência infinita, mal tentava se justificar, submetendo-se aos risos de outros rapazes que também poderiam ser seus filhos. Lembra-se de quando eu insisti em comprar uma moto? Bati o pé, ameacei largas os estudos que você estava pagando, disse que ia embora de casa e quando a coisa chegou a esse ponto - que remorso a recordação disso me causa neste momento - você quis ceder.

    E para quê? Para me ter a seu lado, para satisfazer um capricho meu, uma teimosia injustificada. Eu devia estar louco para querer uma máquinas que manteria você e mamãe acordados todas as noites, enquanto eu não voltasse vivo para casa. Quando eu entrasse, encontraria você dormindo no sofá, diante da televisão fora do ar. E você, com receio de despertar em mim um riso irônico ou uma palavra de recriminação, jamais confessaria estar à minha espera. - Eu estava assistindo a um filme e adormeci - diria você, um pouco envergonhado por demonstrar a fraqueza de me amar. Fico pensando, agora, que você não teve vez. Quando moço, quando criança, que é o melhor tempo da nossa vida, você sofreu a tirania de um pai rude, homem de poucas palavras e de muitas palmadas, como você mesmo me contou muitas vezes. Quando chegou o seu momento de ser pai,nasci eu. A quem você nunca tratou como foi tratado, talvez por se lembrar de como é humilhante ter um pai mandão e teimoso.

    Eu sei que pedir desculpas não adianta muito. Mas talvez seja um começo. Pensando bem, eu me orgulho de você. Então, porque não dizer isso? Por que não agir de acordo com esse sentimento? Alguma coisa está errada entre nós e receio muito que seja eu. Penso que não vai ser fácil para mim mudar de repente. Mas prometo fazer de tudo para agir como um filho que tem um pai bom, honesto, maravilhoso como você é.


* No www.editora-opcao.com.br encontrará Artigos, Livros, Cursos e Palestras de Antonio de Andrade.