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 TEMA: 3ª IDADE:

INSTANTES

 

Em comemoração ao Dia dos avós (26 de julho), dia dos pais (agosto) e ao dia do ancião (27 de setembro), é apresentado o texto "INSTANTES", de Jorge Luis Borges, que nos leva a refletir sobre a importância de viver o "lado criança" e espontâneo que existe na personalidade de cada um (aspecto muito procurado nas terapias de grupo e, muitas vezes, "abafado" pelo "lado adulto" de nossas personalidades. Mostra a importância de se viver com responsabilidade porém não deixando de viver cada momento, o seu aqui e agora, com alegria e felicidade.

 

INSTANTES....

(Autor: Jorge Luis Borges, 1899-1986, argentino, poeta e escritor. O argentino Jorge Luis Borges faleceu na Suíça em 1987 e é considerado um dos maiores escritores do século XX.)

 

Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido,
 na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha,
 teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida;
 claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
 Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas;
 se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera
 e continuaria até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com as crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
 Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo..."

A versão original, em espanhol:

“Si pudiera vivir nuevamente mi vida.
En la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido, de hecho
tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos, haría más viajes, contemplaría
más entardeceres, subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido, comería
más helados y menos habas, tendría más problemas
reales y menos imaginarios.
Yo fuí una de esas personas que vivió sensata y prolíficamente
cada minuto de su vida; claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría de tener
solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida, sólo de momentos;
no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca iban a ninguna parte sin un termómetro,
una bolsa de agua caliente, un paraguas y un paracaídas;
si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.

Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres y
jugaría con más niños, si tuviera otra vez la vida por delante.
Pero ya ven, tengo 85 años y sé que me estoy muriendo.”