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  TEMA: OS MODOS DE VOCÊ AJUSTAR-SE À VIDA 

Prezado/a internauta 

 

A mensagem a seguir objetiva levar a uma reflexão sobre os modos que você utiliza para se adaptar às pessoas ou situações. Afinal, em todo momento, todos nós realizamos ações de "adaptação".

 

No ideal de um mundo humano melhor,

com um abraço fraterno,

 

Antonio de Andrade

 

 

  

   

 

 

OS MODOS DE VOCÊ AJUSTAR-SE À VIDA

(Da Coleção "EGO - GUIA DO COMPORTAMENTO HUMANO", Abril Cultural, 1975, volume 4, páginas 801-804, artigo "Estratégias do ego")

 Antecipando-se muitos anos em relação aos psicólogos, no que diz respeito ao conceito de “ajustamento”, o romancista Samuel Butler escreveu: “Durante toda a nossa vida, todos os dias e todas as horas, estamos envolvidos no processo de nos acomodarmos ao meio que nos rodeia. De fato, viver nada mais é que esse processo de acomodação. Quando falhamos um pouco, somos estúpidos; quando malogramos flagrantemente, somos loucos; quando o interrompemos temporariamente, dormimos; e quando desistimos completamente, morremos".

O psicanalista Karl Menninger definiu o comportamento normal como a adaptação dos seres humanos ao mundo e aos seus semelhantes com o máximo de eficácia e de felicidade. A literatura popular sugere que a sabedoria consiste na adaptação à natureza e ao ambiente, num esforço em direção à harmonia, na luta pelo autocontrole. Por essa razão, a sociedade deseja que o indivíduo sensato seja equilibrado, um homem ou mulher em harmonia com seu mundo, dotado de consciência e de controle.

Mas as tentativas para satisfazer nossas necessidades e nossas metas costumam encontrar obstáculos - tanto por parte das outras pessoas quanto das circunstâncias. Dessa forma, todo indivíduo deve esforçar-se para modificar e adaptar não apenas seu comportamento, mas também o próprio meio onde vive (e isto inclui as outras pessoas) a fim de sobreviver e progredir na vida. Esta transação permanente existente entre o indivíduo e o meio total, bem como a eficiência, a flexibilidade e a inteligência com que isto é feito, determinam a felicidade.

De fato, cada pessoa cria seu conjunto próprio de estratégias para enfrentar a vida. É muito difícil definir o ajustamento eficiente, mas os psicólogos costumam chamá-lo de normal quando suas conseqüências são favoráveis. O termo normal deriva do latim norma e significa ”padrão”. Os cientistas sociais empregam a palavra norma ao discutir os critérios de ajustamento. As normas incluem julgamento de valor referentes ao que é bom, moral, correto, favorável, apropriado, desejável - ou seus opostos.

Algumas estratégias de ajustamento são prescritas pela sociedade. Outras têm uma base biológica profunda. Alguns dos tipos de ajustamento:

1. Frente a alguma ameaça, temos a reação de “retirada estratégica ou fuga”. Não consiste, necessariamente, numa retirada física. Pode assumir a forma de uma fuga psicológica, como ocorre com o comportamento de evitar a inibição e o isolamento emocional ou “desligamento”.

2. Ainda frente a alguma ameaça, podemos reagir com “submissão”. Os gatos costumam imobilizar-se ao avistarem um cachorro grande. Essa atitude pode salvá-los de uma luta desigual. Da mesma forma, podemos adotar uma atitude submissa em relação aos outros. Na realidade, essa estratégia defensiva quer dizer: “Eu não constituo uma ameaça. Sou muito fraco para merecer essa agressão.”  No entanto, as pessoas que adotam esta atitude de rebaixamento são as primeiras a perceber que os outros, apesar disso, acabam por tirar vantagem dela.

Há ocasiões em que a submissão é a melhor medida, mas há outras em que a estratégia afirmativa é a reação mais adequada diante de um indivíduo excessivamente dominador. Em suma, é necessário um equilíbrio flexível entre a afirmação e a submissão ao se enfrentar as vicissitudes da existência.

3. Outro tipo de adaptação é o “ataque” e a agressão, métodos básicos para superarmos os obstáculos que impedem a satisfação dos nossos desejos. A importância da agressão como parte do repertório humano transparece claramente na predominância da violência. Nem sempre, contudo, a agressão constitui uma reação inadequada ou mórbida. Em certas situações (como na defesa das liberdades vitais) é uma atitude construtiva. Há indivíduos, porém, cronicamente agressivos que se julgam indesejados e desprezados e não conhecem outro meio de descarregar a desconfiança e o ressentimento  senão através de um comportamento destrutivo.

Todos os seres humanos com idade suficiente para adquirir uma autoimagem sentem a necessidade de se ver sob uma forma favorável. Essa autoimagem está relacionada com a maneira como os outros reagem a eles. Desde muito cedo, os indivíduos descobrem e utilizam reações interpessoais complexas destinadas a proteger e a melhorar a autoimagem que se desenvolve no relacionamento com os outros. Como o ego é o aspecto central integrador da pessoa, qualquer ameaça a seu valor constitui uma ameaça vital ao próprio ser do indivíduo. Estas “estratégias do ego” como são chamadas, reduzem as ansiedades e os insucessos. Além disso, protegem a integridade do ego ao aumentar o sentimento do valor pessoal.

4. A “racionalização” é uma estratégia do ego que ajuda as pessoas a justificarem o que fazem e a superarem as decepções oriundas de objetivos não atingidos. O ego utiliza a racionalização para modificar os impulsos, as necessidades, os sentimentos e os motivos inaceitáveis em outras pessoas, a fim de que sejam conscientemente toleráveis e aceitos. Ajuda a reduzir a discrepância entre o comportamento e o pensamento que provoca a tensão psicológica. Tal tensão persiste até que os dois elementos sejam harmonizados novamente.

Tal raciocínio “inteligente” elimina a distância entre a autoimagem e o desempenho real: o pensamento e o comportamento são harmonizados.

5. A “formação reativa” é um método de defesa graças ao qual o indivíduo suprime seu desejo e adota atitudes conscientes e tipos de comportamento contrários aos desejos inconscientes. Esta estratégia do ego é extrema e intolerante na sua expressão.

6. Quando os sentimentos pessoais são atribuídos injustificadamente aos outros, temos a “projeção”. Ela nos ajudas a evitar os conflitos que decorrem de nossos sentimentos ou impulsos negativos, atribuindo aos outros as ideias malévolas, inaceitáveis e intoleráveis. Ao negar essas tendências em nós mesmos, protegemo-nos da ansiedade. O indivíduo que sente ciúme e inveja do seu colega de trabalho pode negar esses sentimentos  em si mesmo, enquanto se queixa de que o outro é desagradável e antipático. A pessoa que sofre de complexo de inferioridade pode projetar seu sentimento de desajustamento em algum grupo minoritário. Ao considerá-lo inferior, está insuflando seu próprio sentimento de autoestima.  

7. “Deslocamento” é a estratégia defensiva que envolve a passagem da emoção ou da ação de uma pessoa para outra. Por exemplo, o adolescente que atormenta seus colegas na escola. A análise pode revelar que a falha não está na situação escolar, mas no ambiente da família. O menino tentou expressar seus ressentimento contra o pai, mas alguns tapas impiedosos forçaram-no a guardar silêncio. Mais tarde, ele começou a agredir colegas da mesma maneira.

8. “Fuga” é o nome que se dá à estratégia de negar as circunstâncias desagradáveis. O indivíduo simplesmente se retira das situações competitivas ao perceber que está em posição desvantajosa e que pode perder. Foge das situações sociais angustiantes caindo “doente”, ou mostra-se indeciso nos momentos de angústia, adiando as decisões que deveriam ser tomadas de maneira realista.

9. O “devaneio” é uma das estratégias prediletas das crianças e dos adultos imaturos. A fim de enfrentar as situações de tensão, negam a realidade desagradável e criam um mundo de fantasias onde gostariam de viver. As pessoas que sonham muito estão procurando compensar ou fugir das realidades inaceitáveis do ambiente. O devaneio não-produtivo é uma indulgência permanente num tipo de atividade mental de “faz de conta”. Ela compensa a ausência de realizações concretas.

10. A “compensação” atua como uma defesa contra os sentimentos de inferioridade e de inadequação, oriundos de defeitos ou fraquezas reais ou imaginários. Foi Alfred Adler, o fundador da escola da “psicologia individual”, que introduziu a noção de que o homem tende a compensar seus sentimentos de inferioridade, e que o incentivo para isso é acionado por uma agressividade inata.

Existem três saídas possíveis para o indivíduo que procura alcançar a superioridade e vencer seus sentimentos de inferioridade. Se for uma compensação bem sucedida, a luta é construtiva e conduz a um ajustamento harmonioso aos desafios da vida. Por outro lado, a pessoa pode supercompensar, e isto constitui um sintoma de desadaptação. É possível, também, que o indivíduo se refugie na doença como uma maneira de obter poder, utilizando-a para manipular e dominar os outros.

11. Na estratégia chamada de isolamento emocional o indivíduo reduz as tensões da necessidade e da ansiedade recolhendo-se a um estado de insensibilidade e de passividade. Pode conseguir isto reduzindo suas ambições e adotando uma atitude de desapego e distância emocional. A apatia e a resignação constituem reações extremas à tensão e à frustração a longo prazo. O cinismo é muitas vezes um meio de se proteger a si mesmo do sofrimento causado pelas esperanças de ideais não realizados. A intelectualização permite que a pessoa se isole do sofrimento.

A maioria das pessoas utiliza essas estratégias nas suas relações humanas como forma de adaptar-se ao mundo e às pessoas. A frequência e a extensão com que são usadas determinam a dificuldade que o indivíduo está encontrando para se adaptar à vida. De fato, todas essas estratégias envolvem um certo grau de auto-ilusão e de distorção da realidade e podem impedir a solução realista dos problemas.

As pessoas, em geral, não têm consciência de utilizar todos estes mecanismos, apesar de empregá-los normalmente. Isto ocorre porque uma das finalidades da estratégia consiste em reduzir a tensão, e o alívio imediato do incômodo reforça seu uso. E todos nós desejamos o máximo de conforto e de prazer imediatos.

Um acordo razoável entre o autoconceito (eu, como me julgo) e o conceito do ego ideal (eu, como gostaria de ser), é uma das condições mais importantes para a felicidade pessoal e satisfação na vida. Discrepâncias acentuadas despertam a ansiedade e podem ser sintomas de personalidades socialmente inseguras.    

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Obs.: Para maiores informações sobre este tema, veja no site www.editora-opcao.com.br na página Consultorias Escritas, o Sumário do tema "Motivação no Trabalho". No item Teorias Motivacionais há informações sobre Reações positivas e negativas à frustração (Negativas: Agressão, Regressão, Fixação, Resignação/conformismo/apatia, Negativismo e teimosia, Repressão, Afastamento, Negação da realidade, Projeção, Racionalização, Identificação, Deslocamento.)