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         MENSAGENS EDUCATIVAS POSITIVAS     

 

 

 

  TEMA: VOLTAR A SER CRIANÇA 

Antonio de Andrade *

 

É autorizado o uso do texto e capa do livro, por quaisquer meios, com a indicação do site.

 

     Quando duas ou mais criança se encontram pela primeira vez, em poucos minutos se entrosam e logo estão alegres partilhando sentimentos, emoções, risos, brinquedos e brincadeiras. Isso mostra que as crianças sabem conviver sem economia de estímulos umas às outras.

    Situação bem diferente ocorre entre dois ou mais adultos quando se encontram pela primeira vez. Em sua maioria não possuem a naturalidade de se conhecerem e se relacionarem como as crianças. Relacionam-se, geralmente, com alguma inibição ou com medo de rejeição, outros ficam com desconfiança mútua, com inveja do outro e com sentimentos de superioridade ou inferioridade, e relacionam-se com esses ou com outros inibidores da espontaneidade natural que deveriam possuir como seres humanos. Sem o perceberem estabelecem distância entre si e não partilham naturalmente da companhia uns dos outros, evitando assim de darem estímulos naturais aos outros, economizando nesses estímulos. Triste realidade essa, onde seres humanos adultos e "civilizados" não sabem ser naturais e espontâneos uns com os outros.

      Pais e educadores conscientes se angustiam com a realidade da sociedade chamada de "moderna" e com o tipo de gente que está sendo formado hoje por essa sociedade. Pessoas sem sentimentos  naturais, condicionadas a um estilo de vida onde os valores dominantes são sintetizados no item "ter cada vez mais" em detrimento do "ser cada vez mais pessoas de qualidade". Valores distorcidos que estão formando pessoas com individualismo e egoísmo exagerados onde um dos principais objetivos das pessoas é "levar vantagem sobre as outras", sobrepujando-as em tudo. É comum, na atualidade, encontrar pessoas com grande dificuldade de relacionar-se naturalmente com as outras pessoas, de expressar naturalmente os seus sentimentos, gerando  conflitos, casais que não mais se entendem, jovens agressivos e famílias desestruturadas e muitos outros problemas humanos. Muita gente está se acostumando a esse estado de coisas e até considera essa situação como natural.

      Mas muitos outros não se angustiam com essas situações pois sabem que existe a possibilidade de mudança para as pessoas voltarem a ser saudáveis, com condições de relacionar-se com os outros de modo equilibrado e natural, confiando nos outros, agindo realmente como seres humanos de qualidade. Um caminho para essa mudança saudável é voltar à época de nossa infância e voltarmos a ser como as crianças, resgatando lá no fundo de nossas memórias, aquelas características naturais de seres humanos: o amor fraterno, a alegria, a autenticidade e a sinceridade, a bondade, a colaboração  e solidariedade, a confiança e a lealdade, a cordialidade, a espontaneidade e simplicidade, a honestidade, a intimidade natural e a sensibilidade. A compartilhar carinho, naturalmente, a dar um abraço espontâneo, a cantar alegre uma música ou dançar essa música, ou simplesmente, a ficar conversando sobre qualquer coisa, num alegre passatempo, de comunicação com os outros.

      Essas e muitas outras, são características saudáveis de seres humanos, fáceis de serem encontradas nas crianças que ainda não foram reprimidas pelos adultos, ou ainda não foram condicionadas a serem adultos cheios de barreiras "civilizadas".

      O planeta Terra precisa urgentemente de seres humanos novos que renovem suas características saudáveis que estão esquecidas lá na época de suas infâncias. É preciso que cada adulto, eu e você inclusive, faça um esforço para voltar a enxergar o mundo, e as pessoas em especial, com os olhos naturais, sem barreiras e com curiosidade, das crianças, resgatando lá do passado, aquelas características naturais, aprendendo de novo a ser "gente de qualidade", como as crianças são, convivendo com genuíno calor humano. Essa mudança para uma vida como ser humano mais feliz e natural irá depender da ação real de cada um. E você pode iniciar essa ação com as sugestões dadas pela escritora Nadine Stair, quando escreveu:

                                                                       Instantes

(Autoria: Muitos consideram este texto de autoria de Jorge Luis Borges, 1899-1987, argentino, poeta e escritor. Mas esse texto não é dele e sim de autoria de Nadine Stair. Outros afirmam que existe uma publicação desse poema na Seleções de outubro de 1953, do escritor e humorista Don Herold (1889-1960).

      Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida, só de momentos, não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram , tenho 85 anos e sei que estou morrendo."

Ou ainda refletindo sobre as ideias do poeta brasileiro Mario Quintana (1906-1994):  "Sessenta e Seis anos

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...

Quando se vê, já é 6ª feira...

Quando se vê, passaram 60 anos...

Agora, é tarde demais para ser reprovado...

E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio

seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas."


* Outros artigos, livros, cursos e palestras do escritor Antonio de Andrade, estão no site www.editora-opcao.com.br Mais ideias sobre o assunto deste artigo, estão no livro "Criança Feliz, Adulto Feliz", livro encontrado somente pelo site. Para adquirir esse ou outros dos livros, preencha no site o Formulário de Compra (Menu, botão Comprar) ou envie seu pedido pelo e-mail opcao@editora-opcao.com.br 

* Sobre este aspecto do homem adulto que perde as características naturais como ser humano, é interessante ver como um nativo polinésio, "não civilizado" percebe o modo de agir do homem "civilizado", com suas barreiras aprendidas, deixando de agir naturalmente, como as crianças. Veja no livro "O Papalagui", de Tuiávii, chefe da tribo Tiavéa, nos mares do sul, Editora Marco Zero