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  TEMA: O MAL DO SÉCULO: ALZHEIMER E SUA PREVENÇÃO

SUGESTÕES PRÁTICAS

(Autoria: Roberto Goldhorn - Psicólogo e escritor)


Meu pai está com Alzheimer. Logo ele que durante toda vida, se dizia  "o Infalível". Logo ele, que um dia ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: externocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas para mim, basta saber que ele esquece o meu nome,  mal anda, toma os líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranoides comuns nas demências tipo Alzheimer. Aliás, fico até mais tranquilo diante do "eu não sei ao certo" dos médicos, prefiro isso ao "estou absolutamente certo de que...", frase que me  dá arrepios.

Há trinta anos, não ouvia sequer uma menção a essa doença maldita. Hoje, precisaria ter o triplo de dedos nas mãos para contar os casos relatados  por amigos e clientes em suas famílias. O que está acontecendo? Estamos diante de um surto de Alzheimer? Finalmente nossos hábitos de vida "moderna" estão enviando a conta? O que os pesquisadores sabem de verdade  sobre a doença? Qual é o lado oculto dessa manifestação tão dolorosa? Lendo o material disponível, chega-se a uma conclusão, essa é uma doença extremamente complexa, camaleônica de muitas faces e ainda carregada de mistérios. Sabe-se por exemplo, que há um componente genético, por outro lado, o Dr. William Grant, fez uma pesquisa que complicou um pouco as coisas. Ele comparou a incidência da doença, em descendentes de japoneses e de africanos que vivem nos EUA, com japoneses e nigerianos, que ainda vivem em seus respectivos países. Ele encontrou uma incidência da doença da ordem de 4,1 para os descendentes de japoneses que vivem na América, contra apenas 1,8 de japoneses do Japão. Os afro-americanos vão mais longe: 6,2 desenvolvem a doença, enquanto apenas 1,4 dos nigerianos é atingido por ela. Hábitos alimentares? Stress das pressões do 1º Mundo? Mas o Japão não é 1º Mundo?  Não tem stress? A alimentação parece ser sem dúvida um elo nessa corrente, e mais ainda o alumínio. Segundo algumas pesquisas, a incidência de alumínio encontrada nos cérebros de portadores da doença, é assustadoramente alta.


Pesquisas feitas na Austrália e em alguns países da Europa, mostraram que ratos alimentados com uma dieta rica em sulfato de alumínio, (comumente colocado na água potável para matar bactérias), danificou os cérebros dos roedores, de forma muito similar às causadas nos humanos pelo Alzheimer. Pesquisas do Dr.Joseph Sobel, da Universidade da Califórnia do Sul, mostraram, que a incidência da doença é três vezes maior em pessoas expostas à radiação elétrica  (trabalhadores que ficavam próximos  a redes de alta tensão ou a máquinas elétricas). Mas não param por aí as pesquisas, que apontam a arma em todas as direções. Porém, a que mais me chocou, e motivou a fazer minhas próprias elucubrações foi o estudo das freiras.


Esse estudo citado no livro A Saúde do Cérebro, Dr. Robert Goldman, Ed. Campus, foi feito pelo Dr. Snowdon,  da Universidade de Kentucky. Eles estudaram 700 freiras do convento de Notre Dame. Na verdade, eles leram e analisaram as redações autobiográficas, que cada freira era obrigada a escrever logo ao entrar na ordem. Isso ocorria quando elas tinham em média 20 anos. Essas freiras (um dos grupos mais homogêneos possíveis, o que reduz muito as variáveis que deveriam ser controladas), foram examinadas regularmente e seus cérebros investigados após sua morte. O que se constatou foi surpreendente. As que melhor se saíram, nos testes cognitivos, e nas redações, em termos de clareza de raciocínio, objetividade, vocabulário, capacidade de expressar suas ideias; mesmo apresentando os acidentes neurológicos típicos do Alzheimer (placas e massas fibrosas de tecido morto) não desenvolveram a demência característica da doença. Ou seja, elas tinham as mesmas sequelas que as outras freiras com Alzheimer diagnosticado, (e que tiveram baixos escores em testes cognitivos e na redação), mas não os sintomas clássicos, como os do meu pai.

A minha interpretação de tudo isso: Não temos muito como controlar todos os fatores, de risco apontados como vilões, alimentação, pressão alta, contaminação ambiental, stress, e a genética (por enquanto).  Mas podemos colocar o nosso cérebro para trabalhar. Como? Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das ideias, criando novos circuitos neurais, que venham a substituir os afetados pela idade e  pela vida"bandida". Meu conselho: não sejam infalíveis como o meu pobre pai, não cheguem ao topo nunca, pois dali, só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia principalmente as nootropicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos. Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.


Não existem estudos, provando que o Alzheimer é a moléstia preferida dos arrogantes, autoritários e autosuficientes, mas a minha experiência mostra que pode haver alguma coisa nesse mato. Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades. Sete (7) de cada 10 doentes, nunca ligaram para essas "bobagens" e viveram vidas medíocres e infelizes. (muitos nem mesmo tinham consciência disso). Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente não gosta de ir para a cozinha? (Hum.. preocupante). Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade. Parodiando Maiakovski  ("melhor morrer de vodka do que de tédio"), digo: melhor morrer lutando o bom combate, que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer. Vamos nos cuidar...

 

Dicas práticas para escapar do Alzheimer

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.  Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a ''aeróbica dos neurônios'', é uma nova forma  de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro.

Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro. Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios ''cerebrais'' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa.

O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Tente fazer um teste:

- use o relógio de pulso no braço direito;

- escove os dentes com a mão contrária da de costume;

- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);

- vista-se de olhos fechados;
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- estimule o paladar, coma coisas diferentes;

- veja fotos de cabeça para baixo;

- veja as horas num espelho;

- faça um novo caminho para ir ao trabalho;

A proposta é mudar o comportamento rotineiro.  Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar! Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?

 

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