MENSAGENS EDUCATIVAS POSITIVAS
TEMA: O
EXTRAORDINÁRIO NATAL DO SR. PIZZOTTI
(Conto infantil de Natal de L. Martini)
Ao Sr. Giuliano
Pizzotti, que não tinha nem mulher, nem filhos e nem parentes, nos dias de
Natal era tomado de grande tristeza. Naquela manhã de 24 de Dezembro, porém,
ele teve uma boa idéia. Levantou-se cedinho, certificou-se de ter na
carteira uma quantia de dinheiro necessária para fazer o que tinha em mente
e dirigiu-se para uma loja de brinquedos. Lá chegando começou
a procurar nas estantes, abarrotadas de brinquedos até o teto. Escolhia os
mais baratos, bonequinhas pequeniníssimas, animalzinhos de plástico,
trenzinhos e carrinhos e até o jogo de palitos: para meninos e meninas, para
os pequeninos e os maiorzinhos. Ele gostaria de escolher brinquedos maiores
e mais bonitos, mas ele queria muitos, muitos mesmo, mas na sua carteira não
tinha tanto dinheiro. Ele estava
convencido de que a surpresa e a sua intenção era o que contava. Assim, ele
reuniu três pacotes de brinquedos, cada um do tamanho de segurar com os
braços abertas, de tão grandes que eram, e teve de fazer três viagens para
poder carregá-los todos. Entao colocou-se na direção de seu carro e partiu
contente. Em primeiro lugar
parou no apartamento onde morava o zelador do seu prédio: bateu e o zelador
apareceu junto de sua filhinha. - Bom Natal! -
disse-lhe o Sr. Pizzotti, com um embrulhinho em suas mãos. - Isto é para
você. - O Sr. não devia
se preocupar - dizia o zelador enquanto sua filhinha abria o embrulhinho. - Que gentileza -
mas quando viu a bonequinha pequeniníssima na mão de sua filha, parou de
sorrir e olhou-o severamente. - Paão duro -
significava o seu olhar - e com um presente assim o Sr. pensa em economizar
a gorjeta do Natal? Até a filhinha do
zelador o olhava desiludida. Ele, então, sem perder tempo, subiu ao primeiro
andar com três brinquedinhos de fazer bolas de sabão. - Bom Natal - disse
às três crianças que vieram abrir a porta. - Trouxe uma coisinha para cada
uma. As crianças
rasgaram impacientes os papéis de embrulho e suspiraram: - É esta a
coisinha? - disse o maiorzinho, franzindo a testa. - É - murmurou o Sr.
Pizzotti, sem jeito. Em seguida subiu ao quarto andar, onde moravam duas
crianças. - Bom Natal, disse
ele, mostrando festivamente os ursinhos de plástico - com muitos votos de um
bom Natal. - Nós - disseram as
crianças esticando sem vontade as mãos - temos um ursinho de pelo, alto,
alto, que parece verdadeiro... Depois o Sr.
Pizzotti foi visitar colegas de trabalho que também tinham crianças. E a
todos ele explicava: - É pela intenção, compreendam, asa crianças gostam de
surpresas... - Claro, claro -
diziam os pais, um pouco surpresos, frios e alguns até ofendidos. - Mas não era
necessário... E as crianças observavam emburradas aquele homenzinho
com os seus presentes de Natal, que não eram presentes para todos os dias. O Sr. Pizzotti
atreveu-se até a bater na porta do seu chefe. Era um homem de bom coração e
gentil, ele, pelo menos, compreenderia a sua intenção. A sua filha
mostrou-se muito educada, disse-lhe obrigado pela bonequinha pequeniníssima
e em sinal de amizade quis dar-lhe a mão e levá-lo até o seu quarto de
brinquedos. Ela tinha tantos, e tão bonitos que o pobre Sr. Pizzotti morreu
de vergonha. - Aos nossos dias,
disse o chefe, embaraçado - as crianças são muito mal acostumadas: não
sabemos mais o que dar a elas, creia. E assim dizendo,
colocou um pé sobre a bonequinha pequeniníssima que havia caído no chão, e a
esmagou sem perceber. Aliás, ninguém percebeu, nem mesmo a menina, somente o
Sr. Pizzotti. E lhe veio um nó na garganta. Então, voltou para
o seu carro e foi para um lugar onde ele nunca havia estado. Mas sabia que
existia. Era um lugar retirado da cidade e pobre. Não havia luz, nem ruas
com enfeite e árvores de Natal. Nem lojas, mas somente barracos de madeira
com muitos trapos estendidos em cordas esticadas. Bateu na porta do
primeiro barraco e alegrou-se de ter batido na porta certa: estava cheio de
crianças pequenas. - Bom Natal - disse com uma voz mais alegre. Ele havia
trazido dois pacotes e começou a distribuir os brinquedos. Mais ele
distribuía e mais as mãos que se levantavam para pedir aumentavam. O Sr.
Pizzotti não conseguia entender essse fato tão estranho até que voltou-se
para trás e viu que, pela porta aberta, entravam crianças e mais crianças,
vindas dos outros barracos e corriam do campo em direção a ele, e armaram
uma confusão para conseguir um presente, e riam com os olhos brilhando de
tanta felicidade. Era lindo ver
crianças tornarem-se de repente tão espertas e alegres, quando, sem dúvida,
sabia-se que sentiam frio, não tinham comido o suficiente e moravam em
barracos tão tristes. Mas lindo foi o que
o Sr. Pizzotti viu dentro dos olhos daquelas crianças. Via-se refletido.
Nada mais, nada menos, do que a sua própria imagem, mas ao invés de aparecer
como ele era na realidade - um homemzinho com os cabelos ralos e bochechas
grandes - era uma imagem belíssima e até mais jovem, e quase radiosa,
luminosa... - Mas o que é isso?
- pensava o Sr. Pizzotti, sem entender. - Sou eu ou não sou eu aquele? Sou
eu, mas como pode ser? Mas não vinha ao
caso ficar ali perguntando-se como e porque, visto que os fatos que
continuavam a acontecer eram ainda mais surpreendentes e inexplicáveis que o
primeiro. O único quartinho daquele pobre barraco tinha se enchido de
árvores ee Natal, mais ricas e brilhantes daquelas das vitrines da cidade,
carregadas de velinhas e de fios de ouro e de prata, e fora, no campo frio e
deserto, sob a neblina, começaram a brilhar os trapos pendurados nas cordas,
e o chão das ruelas e os tetos dos barracos e até a neblina, enfim, tudo. - Nossa Senhora! -
exclamou o Sr. Pizzotti, quase amedrontado - e quem pode ter feito um
milagre assim? As crianças
continuavam a comportar-se como se cada coisa fosse natural, e brincavam
entre eles com os pequenos brinquedos, e os mostravam uns aos outros e não
havia ninguém que parecesse desiludido com o seu brinquedo, nem mesmo
aqueles a quem tinham sido dados os jogos de palitos. - Pobres crianças -
disse então o Sr. Pizzotti - um milagre assim precisava mesmo. Seja lá quem
o tenha feito. - Mas foi você que
o fez! - disse uma vozinha aos seus ouvidos. - Eu?! - riu o Sr.
Pizzotti. - Eu?! Ora, essa é
boa! Foram as crianças, nesse caso. Depois, tendo que ir embora, agitou os
braços para despedir-se de todos. Quando, depois de
ter saído do bairro, foi entrar em uma avenida em direção à cidade,
encontrou um pedestre que andava apressadamente. Parou o seu carro e
perguntou-lhe: - Desculpe-me -
disse cortesmente, abaixando o vidro do carro, - o senhor vê alguma coisa lá
embaixo? - indicando o lugar do bairro de onde tinha vindo. - Não, nada - disse
o pedestre, voltando-se para olhar, somente os barracos e os campos. -É, disse o Sr.
Pizzotti - eu imaginava. Somente para ele e
para aquelas crianças, o Natal continuava a brilhar na neblina...
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