TEMA: TODO
CASAL DEVIA LER
(Autoria Arthur da Távola)
Por mais que o poder e o dinheiro tenham
conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com
folga. Tudo o que todos querem é amar.
Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos
faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata! Que nos faça revirar
os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico
ai??!!
Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor! Mas não o amor
mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o
amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão ou filho.
É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo.
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de
saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer
sentimento, seja ele destinado aos familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução
tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança
acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável! O sucesso
de um casamento ou de uma relação exige mais do que declarações
românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver
muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É
preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero.
Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta!
Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura
para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor
para enfrentar imprevistos, acessos de carência e infantilidades.
Tem que saber levar. Amar, só, é pouco! Tem
que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões
pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas prá pagar.
Tem que ter disciplina para educar os filhos,
dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas,
amar. Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimonio ou da relação
tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo
prá cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que
não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não
significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta!
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver
discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser
bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é
grande mas não é dois.
É preciso convocar uma turma de sentimentos
para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos
bastar, mas ele próprio não se basta.
Um bom Amor aos que já tem! Um bom encontro
aos que procuram! E felicidades a todos nós!
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