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Prezado/a internauta

O artigo a seguir é para sua reflexão, artigo muito interessante para os pais e os filhos. Agradeço ao seu autor a utilização do texto neste site, para outros pais.  Na falta de título na mensagem coloquei "Revivendo as emoções com os filhos".

Antonio de Andrade 

               

          REVIVENDO AS EMOÇÕES COM OS FILHOS

                                                    Autor: Affonso Romano de Sant´Anna

 

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma  frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que  andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência   orgânica e desobediência civil.  E você está agora ali,  na porta da discoteca, esperando que ela não apenas  cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o  uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas,das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com  nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam. Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas  das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet,  do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores  daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes  demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes  compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de  ter comprado.  Eles cresceram sem que esgotássemos neles  todo o nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela  janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de   saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa  hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de  felicidade. E que a conquistem do modo mais completo  possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar  netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não  exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e  distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso  é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles  cresçam.
 
 
"Aprendemos a ser filhos depois que somos pais.  
Só aprendemos a ser pais depois que somos avós..."