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        MENSAGENS EDUCATIVAS POSITIVAS     

 

 

    TEMA:  Heróis da História Brasileira  

 

                                                           

Na história do Brasil há vários personagens, homens e mulheres, que tiveram alguma influência significativa para que este país evoluísse como uma nação democrática. Assim, na História brasileira podem ser encontradas grandes personalidades cujas vidas, em algum momento histórico, exerceram influência para que o Brasil se desenvolvesse, no campo militar, civil ou político, na economia, na educação, na saúde, no direito ou em outros campos.

É preciso manter a memória histórica para as novas gerações conhecerem um pouco daqueles que viveram no passado histórico deste país e permitiram que as novas gerações vivessem em um país democrático e livre. Esses personagens raramente aparecem nos livros de História do Brasil. Nada mais justo do que registrar seus feitos para que brasileiros conheçam suas histórias. São personagens históricos pouco ou nada conhecidos na história do Brasil. Eis alguns deles:

ADOLFO BEZERRA DE MENEZES (1831-1900) – O médico dos pobres

Médico, político, escritor e líder espírita brasileiro. Nasceu em Riacho do Sangue , CE, formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1856. Tenente-cirurgião do Exército, vereador, deputado, membro de inúmeras sociedades culturais da época e assíduo colaborador do jornal O País, distinguiu-se sobretudo pela retidão do caráter e reconhecida generosidade: coração boníssimo, exerceu a caridade de maneira notável, razão por que o cognominaram o Médico dos Pobres. Publicou vários livros entre os quais A escravidão no Brasil e medidas que convém para extingui-la sem dano para a nação. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 119)

 ALVARENGA PEIXOTO, Inácio José de, (1744-1793) – Um dos mártires da Independência

Poeta brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, formou-se em Direito Canônico na Universidade de Coimbra, em Portugal. Exerceu as funções de juiz de paz na cidade de Sintra, Portugal e provavelmente em 1776 regressou ao Brasil, nomeado Ouvidor da Comarca do Rio das Mortes. Nomeado depois Coronel do Regimento de Cavalaria Da Campanha do Rio Verde, casou com a poetisa Bárbara Heliodora, a quem dedicou os seus melhores versos. Influenciado por Claudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga e sobretudo o seu cunhado Tem.-Cel. Francisco de Paula Freire de Andrade, participou ativamente da Conjuração Mineira de 1789 (deve-se a ele a escolha do dístico da bandeira, o verso de Virgílio “Libertas quae será tamen”). Preso em maio de 1789, foi condenado à morte mas teve a pena comutada em degredo perpétuo na África. Deportado para Angola, morreu no presídio de Ambaca. (Moderna enciclopédia brasileira, página 52)

ALMIRANTE BARROSO (1804-1882)

Herói da Guerra do Paraguai, cujo nome completo era Francisco Manuel Barroso da Silva. Nascido em Lisboa, tinha quatro anos de idade quando sua família veio ara o Brasil. Estudou na Academia de Marinha do Rio de Janeiro, participando pouco depois da sua formatura da Guerra Cisplatina (1826-1828). Vice-almirante em 1856 quando eclodiu a Guerra do Paraguai (dezembro de 1864), chefiou o Estado Maior da Divisão sob o comando do Almirante Tamandaré e comandou a Segunda Divisão Naval do Rio da Prata, destacando-se especialmente no Combate de Riachuelo, em 11 de junho de 1865; as forças navais brasileiras e paraguaia encontraram-se no Arroio Riachuelo, afluente do Rio Paraná, nas proximidades a localidade argentina de Corrientes. Dispunham os brasileiros de 5 navios sob o comando de Barroso, ao passo que a frota inimiga era composta de 8 navios e 6 chatas, auxiliadas por uma bateria de 22 canhões, levantada na margem direita do arroio. As embarcações paraguaias tiveram a iniciativa do ataque. Içando no mastro grande do Amazonas o sinal – “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”, Barroso contra-ataca. Decide-se Barroso a destruí-los à maneira romana, do choque de proa, e lança para adiante a sua fragata a todo o poder de máquinas. Afundou o primeiro barco, cortado ao meio, o segundo, do mesmo modo posto a pique, a final o terceiro. Toda a frota de Lopez (o ditador paraguaio) teria esse fim se os demais não retrocedessem, avariados, arrastando-se rio acima, de fato imprestáveis para outra ação de conjunto. O Combate de Riachuelo foi um dos mais notáveis de toda a História e decisivo para a derrota do Paraguai, mas custou perdas valiosas aos brasileiros, entre as quais a de Marcílio Dias, que morreu defendendo a canhoneira Parnaíba. Por seus feitos Barroso recebeu o título  Barão de Amazonas, nome do cruzador que comandou em Riachuelo, e em 1868 foi nomeado comandante-chefe da Esquadra Brasileira. Reformado em 1873, morreu em Montevideo, Uruguai em 1882. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 114-115)

ANHANGUERA (     -      ) – O “Diabo velho”

Nome por que ficou conhecido o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro a penetrar os sertões de Goiás, em 1682. Notabilizou-se pelo ardil de que se valeu para forçar os indígenas a lhe revelarem o local de uma jazida de ouro: pôs fogo a uma porção de aguardente, ameaçando incendiar os rios de toda a Terra se os índios se negassem a obedecê-lo. Os silvícolas, amedrontados, viram no artifício artes de outro mundo e lhe puseram o nome de Anhanguera, que quer dizer Diabo Velho. Houve um segundo Anhanguera, filho deste Bartolomeu Bueno da Silva, e também bandeirante: fundou a cidade de Goiás, no atual Estado do mesmo nome. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 62-63)

ANITA E GIUSEPPE GARIBALDI - guerreiros de dois mundos

Giuseppe Garibaldi foi revolucionário italiano (1807-1882) e Anita foi heroína brasileira (1819-1849). Notabilizaram-se ambos na Guerra dos Farrapos. Em 1834 por ter se envolvido numa conspiração, Giuseppe refugiou-se no Brasil, tendo recebido de Bento Gonçalves todo o apoio para que se opusesse às forças imperiais na Lagoa dos Patos. Guerreiro por força do temperamento, Garibaldi se envolvera na revolução, ao lado dos farroupilhas. Em seguida auxiliou Davi Canabarro a proclamar a República Juliana (1839) e nessa oportunidade conheceu Anita Ribeiro da Silva, depois chamada de Anita Garibaldi, com a qual foi para o Uruguai. Casaram-se lá e juntos lutaram pela unificação da Itália. Durante a Guerra dos Farrapos, Anita lutou ao lado de Giuseppe, foi gravemente ferida, aprisionada pelo inimigo, do qual fugiu. Anita morreu em ação, na Itália, nas proximidades de Santo Alberto. Giuseppe terminou seus dias como deputado na França. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 322)

ANÍSIO TEIXEIRA (1900-1971)

Nascido na Bahia em 1900, ele entrou para a história da educação brasileira como um dos autores do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, que, pela primeira vez no país, propunha a criação de um amplo sistema de escolas públicas para a educação básica. Ele estudou nos Estados Unidos, de onde trouxe a filosofia pedagógica do pragmatismo, que juntava o conhecimento teórico com a experiência prática, o mundo da cultura e o mundo do trabalho. Era a proposta da Escola Nova, que deveria fundar e revolucionar a educação e a sociedade brasileira. Para o educador, apenas através do ensino a desigualdade social poderia ser combatida, e foi com essa idéia que teve início o processo de democratização da educação no país. Anisio Teixeira dirigiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) que hoje leva seu nome, e criou e dirigiu a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). (Texto de Simon Scwartzman, Revista Veja, 28/12/2011, página 247)

ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA E SILVA (1773-1845) – redator do Projeto da Constituição de 1824

Magistrado e político brasileiro, nascido em Santos, SP, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Deputado paulista às chamadas Cortes de Lisboa (1821), ali defendeu intransigentemente a liberdade de ação dos brasileiros, negando-se a assinar o Projeto da Constituição Portuguesa, que situava o Brasil na condição de simples colônia. Após a Independência, liderou a Assembléia Constituinte de 1823 e integrou o corpo de redatores do Projeto da Constituição do Império do Brasil (1824). D.Pedro I dissolveu a Constituinte (12/11/1823) foi deportado para a França. Regressou ao Brasil em 1828. Deputado em 1838, colaborou no golpe de Estado que proclamou a maioridade de D. Pedro II. Em 1845 elegeu-se senador por Pernambuco, vindo a falecer pouco depois. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 60-61)

ARARIGBÓIA - herói das guerras contra o invasor francês

Chefe indígena, ou morubixaba, que foi batizado com o nome de Martim Afonso Araigbóia. Morava em terras do atual Estado do Espírito Santo e aliou-se aos portugueses nos tempos da colonização; ajudou Mem de Sá a expulsar os franceses aliados dos tamoios, que se tinham apossado da cidade do Rio de Janeiro; participou ainda da fundação desta cidade, com Estácio de Sá em 1565. Pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa recebeu uma extensa sesmaria na Aldeia de São Lourenço, que viria a ser a cidade de Niterói. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 71)

ARTUR DA SILVA BERNARDES (1875-1955) – Representante da autoridade absoluta

Estadista brasileiro, nasceu em Viçosa, MG, formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo. Presidente da Câmara Municipal de Viçosa; deputado estadual em 1907 e deputado federal em 1909; secretário de Finanças de Minas Gerais (1910-1914), de novo deputado federal em 1915; presidente de Minas Gerais em 1918, deixou este cargo em 1922 para exercer a presidência da República, em substituição a Epitácio Pessoa. Sua campanha foi das mais agitadas e sua posse teve de ser garantida por forças militares que lhe eram favoráveis (a maioria do Exército lhe era hostil). Iniciado seu governo em 15/11/1922 o estado de sítio que se prolongaria por todo o seu quadriênio. Em 5/7/1924 várias unidades do Exército e da Força Pública de São Paulo tentaram depô-lo, tendo a frente o General Isidoro Dias Lopes (no ano anterior eclodira no Rio Grande do Sul movimento contra o governo bernardista de Borges de Medeiros); a essa revolução paulista de 1924 sucederam-se outros vários motins em todo o país (em Pernambuco, no Pará, no Amazonas, em Sergipe); em Alegrete, RS, o então capitão Luis Carlos Prestes se rebelou com algumas tropas e juntou-se aos revolucionários paulistas, que, forçados a abandonarem São Paulo, travaram combate em regiões de Mato Grosso e Paraná: juntamente com os homens de Prestes compuseram a célebre Coluna Prestes, que percorreu cerca de 25.000 quilômetros nos sertões brasileiros, agregando a si mesma revoltosos de todas as procedências e por todos os meios tentando depor o governo Bernardes. Sua coluna só se desfez no governo seguinte, de Washington Luis, internando-se os seus remanescentes na Bolívia. Todos os esforços, porém, foram inúteis; Artur Bernardes governou até o fim do seu mandato (15/11/1926). Como presidente representou a autoridade absoluta, exercendo-a com pleno poder de polícia. Foi ainda senador federal (1929); preso após a Revolução de 1930, foi exilado; regressou em 1934; deputado federal até 1937 e depois em 1946. Morreu no Rio de Janeiro. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 115-116)

BARÃO DO RIO BRANCO (1845-19120

José Maria da Silva Paranhos Júnior, filho do Visconde do Rio Branco, é o “pai fundador” da moderna política externa brasileira. A sua obra resultou de uma separação decisiva entre convicções pessoais e interesse nacional. Monarquista, conservou o título que simbolizava a fidelidade a seu pai, mas ergueu o edifício da diplomacia republicana, cultivando as sementes da cooperação entre o Brasil e os vizinhos sul-americanos. Europeísta, vislumbrou o declínio das potências européias e teceu a parceria privilegiada entre o Brasil e os Estados Unidos. Na “década do Rio Branco” entre 1902 e 1912, o Itamaraty aprendeu a lição da responsabilidade e entregou à nação um envelope de fronteiras completas pelo reconhecimento geral. O Barão do Brasil deu tudo, mas pouco recebeu: hoje, no rastro de um antiamericanismo difuso mas abrangente, os livros escolares praticamente baniram seu nome. (Texto de Demétrio Magnoli, Revista Veja, 28/12/2011, página 248)

BENEDITO TEÓFILO OTONI - desbravador do nordeste de Minas Gerais, precursor de Rondon

Político brasileiro *1807-1869), nascido no Serro, MG, estudou na Academia de Marinha do Rio de Janeiro (em 1830 deu baixa como guarda-marinha). Deputado em 1838, em 1840 opôs-se à permanência de Araujo Lima (depois Marquês de Olinda) na regência do Império. Favorável à antecipação da maioridade de D. Pedro II, neste sentido chefiou a Revolução Liberal de Minas Gerais; preso em agosto de 1842, esteve na cadeia durante um ano e meio. Absolvido por unanimidade, reelegeu-se deputado, a cujo mandato renunciou em 1849 para dedicar-se à colonização do Nordeste de Minas Gerais. Organizou nessa oportunidade a Cia Murcuri, que desbravou extensas regiões daquele Estado, inclusive a que hoje é ocupada pela cidade de Teófilo Otoni, por ele fundada em 07/09/1852. Amigo e protetor dos índios, antecipou a Rondon no extremo respeito à vida humana (nunca permitiu que se atirasse nos índios). Senador em 1864, continuou até à morte sua trajetória política, em que se notabilizou como um dos grande nomes da oratória parlamentar. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 454)

BENTO GONÇALVES DA SILVA - líder dos Farrapos, herói republicano

Revolucionário brasileiro (1788-1847), líder da chamada Guerra dos Farrapos. Nascido em Triunfo então Província do Rio grande do Sul. Participou das lutas na Namda Oriental (Província Cisplatina), retornando ao Rio Grande do Sul como coronel do Regimento de Cavalaria do Jaguarão, na fronteira uruguaiana. Membro do grupo de políticos conhecidos por "farrapos" ou "farroupilhas", em 20 de setembro de 1835 organizou a revolução contra a Regência Trina Permanente, visando a implantação da República, que chegou a ser proclamada por um de seus adeptos, o Cel. Antonio de Souza Neto. Preso na Batalha da Ilha do Fanta, no Rio Jacuí, foi remetido para o Rio de Janeiro e depois para a Bahia, onde o encerraram no Forte do Mar. Fugiu já em 1837, para reassumir a chefia dos farrapos. Juntamente com Giuseppe Garibaldi estendeu a ação revolucionária à província de Santa Catarina, onde outros dos seus adeptos, Davi Canabarro, proclamou a República Catarinense ou Juliana, confederada à República Rio-Grandense. Contudo, reforçadas as forças imperiais sob o comando do então Barão (depois Duque) de Caxias, perderam os farrapos. batalhas decisivas, vindo a perderem totalmente o domínio da situação em 1º de março de 1845. A Guerra dos Farrapos foi a mais longa das dissensões internas do Brasil, tendo durado 10 anos. Bento Gonçalves morreu em Pedras Brancas, de morte natural; seus restos mortais depois foram levados para a cidade de Rio Grande e depositados sob uma estátua, que ali foi erguida. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 324)

 CAMPOS SALLES (1841-1913)

Nascido em São Paulo, Manuel Ferraz de Campos Salles foi deputado, senador, ministro, governador e presidente da República. Na Comissão de Justiça do Senado defendeu a restrição do Poder Executivo federal, através do projeto de lei sobre crimes de responsabilidade na Presidência. Para tentar frear os abusos de poder do então presidente Marechal Deodoro da Fonseca, Campos Salles propôs a idéia de que o governante da nação tinha responsabilidade sobre o país e deveria ser punido caso não agisse de acordo com ela. Entre as infrações possíveis estava os atentados à Constituição, à forma de governo proposta e ao livre exercício dos poderes Legislativo e Judiciário. Como resposta, Deodoro da Fonseca fechou o Congresso e instaurou o estado de sítio, retirando o senador do cenário político. Em 1896, Campos Salles retornou aos cargos públicos como governador de São Paulo e, em 1898, assumiu a Presidência do país. Em seu mandato, retirou o Brasil de uma grave crise econômica, produto do descontrole dos gastos governamentais. Sua defesa irrestrita de uma legislação que se aplique indiscriminadamente a todos, incluindo os governantes, é uma lição democrática atemporal. (Texto de Marco Antonio Villa, Revista Veja, 28/12/2011, página 246)

CÂNDIDO BARATA RIBEIRO (1843-1910), exemplo de amor à causa pública

Médico e político brasileiro, nasceu na cidade de Salvador, BA, formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi diretor do Hospital da Caridade, em Campinas, SP, onde residiu por algum tempo e onde fundou a Escola de Crianças Pobres. Prefeito do Rio de Janeiro em 1892, exerceu depois o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal: nunca recebeu vencimentos, numa demonstração incomum de devotamento à causa pública. Dos maiores propagandistas da Abolição e da República, ocupou ainda o cargo de senador pelo antigo Distrito Federal e foi membro da Academia Nacional de Medicina. Escritor de grande sensibilidade, publicou vários livros, entre eles os dramas: O anjo do lar, Mulheres que morrem, O soldado brasileiro, A mucama e O divórcio. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 110)

CÂNDIDO RONDON (1865-1958)

O marechal Cândido Mariano da Silva Rondon foi essencial na defesa dos povos indígenas e na ocupação do interior brasileiro. Mato-grossense, percorreu o Centro-Oeste e a Amazônia construindo linhas telegráficas e ferrovias, razão pela qual entrou em contato com os nativos. Por ser contrário às missões religiosas e à catequese, entrou diversas vezes em conflito com os padres salesianos. Rondon insistia na garantia efetiva das terras ocupadas pelos indígenas, sem que isso fosse incompatível com a expansão econômica, que deveria ocorrer com o planejamento governamental. O marechal defendia também a integração do índio como cidadão da República e sua ação foi fundamental para a criação, em 1910, do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Sua idéia de equilíbrio entre a proteção dos povos indígenas e o desenvolvimento econômico permanece correta, mas é freqüentemente ignorada por ONGs e antropólogos envolvidos na indústria de demarcação de terras. (Texto de Marco Antonio Villa, Revista Veja, 28/12/2011, página 243)

CARLOS CHAGAS (1878-1934)

Entre os cientistas que deveriam ter recebido o Prêmio Nobel de Medicina, o nome de Carlos Chagas é sempre lembrado. Ele conseguiu a proeza de não apenas descrever o quadro clínico da doença que leva seu nome, como também identificar o agente (o tripanossoma) e o transmissor (o barbeiro). Além de notório cientista, na década de 1920, em cargo equivalente ao de ministro da Saúde, editou o primeiro Código Sanitário do Brasil, tornando-se um dos primeiros a demonstrar a importância da higienização para a saúde. Criou também programas especializados para maternidade, infância, sífilis, lepra e tuberculose e estendeu os postos de saúde às áreas rurais. Chagas percebeu que a ação médico-hospitalar não poderia se limitar à atuação de voluntários e criou os cursos pioneiros de enfermagem profissional e de higiene e saúde pública. Para completar, sempre entendeu a pesquisa como indissociável da prática médica e sanitária. (Texto de Paulo Loturfo, Revista Veja, 28/12/2011, página 243)

CARLOS LACERDA (1914-1977)

Comunista na juventude, de 1931 a 1939, Carlos Lacerda entrou para a história como um ferrenho crítico do movimento comunista e como o mais combativo político de oposição do período democrático de 1945 a 1964. Nas eleições de 1950, Lacerda contestou em termos francamente golpistas o retorno de Getúlio Vargas ao poder. Sua participação nos acontecimentos de agosto de 1954, que resultaram no suicídio de Vargas, foi decisiva. Em 1955, ele tentou impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitscheck e, em 1961, contribuiu diretamente para a queda de Jânio Quadros, a quem dera apoio nas eleições do ano anterior. Participante ativo do golpe de 1964, ele rompeu com os militares e, em 1966, tentou articular com Juscelino e João Goulart, seus ex-adversários, um movimento pelo retorno à democracia, tendo por isso os direitos políticos cassados em 1968. Onde não existe uma oposição firme e combativa, o regime democrático perde vigor e dificilmente se mantém. Aparando-lhe os excessos, esse ponto deve ser resgatado no legado de Carlos Lacerda.

CARLOS LUZ - o presidente interino que foi deposto

Político brasileiro (1894-1961). Nascido em Três Corações, MG, bacharelou-se em Direito, foi prefeito de Leopoldina, secretário de Estado, deputado federal, ministro da Justiça e presidente da Câmara dos Deputados em 1955, assumiu a presidência do Brasil no impedimento do presidente Café Filho, que se afastava do poder por motivos de saúde. No exercício da presidência, determinou a substituição do então Ministro da Guerra Henrique Teixeira Lott, que inconformado deflagrou um movimento militar de deposição do presidente em exercício, o que de fato ocorreu em 11/11/1955. Carlos Luz se viu na contingência de passar o poder a Nereu Ramos, então vice-presidente do Senado. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 371)

CIPRIANO JOSÉ BARATA DE ALMEIDA (1762-1838) – Sentinela da liberdade

Político e jornalista brasileiro, nascido em Natal, RN, formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra. Grande propagandista da Independência, participou da chamada Conjuração Baiana e da Revolução Pernambucana de 1817. Deputado baiano às Cortes de Lisboa, como outros ilustres representantes brasileiros naquela Casa recusou-se a assinar a Constituição Portuguesa, que era lesiva aos interesses do Brasil. Refugiado com vários de seus companheiros em Falmouth, Inglaterra, regressou ao Brasil depois da Independência. Iniciou então a publicação do seu famoso jornal Sentinela da Liberdade, através da qual manteve acirrada oposição ao governo de D. Pedro I. Diversas vezes preso por motivos políticos, ficou célebre por suas atitudes de  grande firmeza de caráter: certa feita, na Fortaleza de Santa Cruz, não só se recusou a falar com o Imperador, como ainda lhe voltou as costas, acintosamente. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 1090110)

CLODOMIR VIANNA MOOG (1906-1988)

Dedicou-se ao processo de formação do Brasil. Em sua obra mais conhecida, Bandeirantes e Pioneiros, Vianna Moog especula sobre o nascimento do país pelo viés de nossa cultura política. Ele compara os processos de formação do Brasil e dos Estados Unidos interpelando os personagens principais da cultura brasileira e da americana, observando os valores e o meio material em que essa cultura existe. Por essa comparação das culturas políticas, Vianna Moog identificou que, enquanto os pioneiros edificaram uma cultura de progresso geométrico, que valoriza o bem comum, os bandeirantes edificaram uma cultura de progresso aritmético, a qual é uma cultura pública fraca, dependente do governo, predatória e privatista. Essa é uma perspectiva ainda bastante atual sobre a cultura política no Brasil, tendo em vista a democracia e os desafios do desenvolvimento. (Texto de Fernando Figueiras, Revista Veja, 28/12/2011, página 249)

CLÓVIS BEVILACQUA (1859-1944) – Primeiro autor do Código Civil Brasileiro

Jurisconsulto brasileiro, nasceu em Viçosa, CE, formou-se pela Faculdade de Direito de Recife, em 1882. Foi professor catedrático nessa mesma Faculdade, consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, deputado, em 1889 foi encarregado por Epitácio Pessoa, na época Ministro da Justiça do governo de Campos Sales, de elaborar o Código Civil Brasileiro, trabalho que daria lugar à célebre polêmica gramatical entre Rui Barbosa e Ernesto Carneiro Ribeiro. Membro de diversas associações científicas e literárias do Brasil e do exterior (foi o fundador número 14 da Academia Brasileira de Letras), colaborador de inúmeras revistas de ciências, letras, filosofia, jurisprudência. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 118-119)

CONDE DE BOBADELA (1685-1763) – introdutor da tipografia no Rio de Janeiro

Nome por que ficou conhecido o administrador português Gomes Freire de Andrade, participante ativo da História do Brasil. Foi Governador do Rio de Janeiro em 1733, mandou construir o Convento de Santa Teresa; o chafariz do Largo do Paço; os Arcos da Carioca (ainda hoje existentes); o Paço dos Governadores, além de hospitais e fortalezas; ordenou a abertura de ruas e estradas, incentivou as letras e permitiu a instalação da primeira tipografia no Rio de Janeiro (1747). Tinha quase 80 anos de idade quando morreu desgostoso com a rendição da Colônia do Sacramento, no Sul do Brasil, aos espanhóis. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 124-125)

CUSTÓDIO JOSÉ DE MELO - cabeça da 1ª Revolta da Armada

Contra-almirante brasileiro (1840-1902). Natural da Bahia e veterano da Guerra do Paraguai, foi deputado pela Bahia à Constituinte de 1890/91. Em 3 de novembro do ano de 1891, em represália ao decreto do Marechal Deodoro que mandava fechar o Congresso, fez deflagrar a 1ª Revolta da Armada, apossando-se de todos os navios de guerra ancorados na baía da Guanabara. Já no governo do Marechal Floriano Peixoto, que se seguiu ao de Deodoro, ocupou a pasta da Marinha até 29 de abril de 1893, quando, opondo-se ao presidente, que se recusava a mandar fazer as eleições para que o povo indicasse o novo presidente da República, fez eclodir a 2ª Revolta da Armada, já em 06/09/1893, a fim de restaurar o império da Constituição. Desta feita, contudo, não levou a melhor: derrotado, refugiou-se no estrangeiro, de onde só regressou depois da anistia concedida aos participantes da revolta que chefiara. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 394)

DIOGO FEIJÓ (1784-1843)

Conforme consta na ata de batismo de Diogo Feijó, ele foi “exposto” na casa de um padre, em São Paulo. Ou seja, assim como outras 46 crianças ao longo daquele ano, ele foi abandonado em frente a um domicílio no centro da capital paulista. Essa origem humilde não impediu a ascensão social e política de Diogo Feijó, conseguida graças ao ensino gratuito em instituições religiosas. Em 1835, após um período de regência trina, motivada pela abdicação de Dom Pedro I pela menoridade de seu sucessor, Feijó foi eleito regente único. Jorge Caldeira, no livro Diogo Antonio Feijó, sublinha que, apesar de possuir poderes equivalentes aos do rei, o regente recusou títulos de nobreza e manteve um estilo de vida simples até a morte, em 1843. Feijó se afastou da regência em 1837. Ele permanece um exemplo por não ter utilizado a política como uma forma de enriquecimento, mas sim como um dever cívico.  (Texto de Renato Venancio, Revista Veja, 28/12/2011, página 235)

DOM PEDRO II (1825-1891)

Órfão de pai e mãe, educado para ser imperador, Pedro II se via e se comportava como o primeiro servidor da nação. Embora a Constituição de 1824 o permitisse, não foi autoritário em seu longo reinado (1840-1889), no qual houve liberdade de organização política e de imprensa. No início dos anos 1870, foram criados mais de vinte jornais republicanos e eram comuns as críticas e caricaturas do imperador, algumas ofensivas. Delas não se queixava nem tomou medidas para impedi-las. Dom Pedro II escreveu à princesa Isabel que “a imprensa se combate com a imprensa”, ou seja, as críticas deveriam ser enfrentadas com argumentos, e ao jornalista abolicionista Carl Von Koseritz afirmou que “a imprensa é o melhor corretivo para a imprensa”. Explica essa postura o fato de Pedro II considerar o debate político e as opiniões da imprensa as duas principais fontes de informação para o governante. (Texto de Francisco Doratioto, Revista Veja, 28/12/2011, página 237)

FRANCISCO BARRETO (      -      ) – Herói das guerras contra o invasor holandês

Militar português, herói das lutas contra os invasores holandeses. Veio para o Brasil como integrante da tropa de Luis Barbalho, na armada do Conde da Torre, desembarcando na Bahia em 16/8/1637. Deu combate ao invasor e em seguida foi chamado a Portugal para participar do movimento de restauração da Monarquia (1640, quando Portugal se livrou do domínio espanhol). De novo no Brasil e em luta contra os flamengos, esteve durante algum tempo preso pelo inimigo; fugiu, e na qualidade de general-chefe e governador de Pernambuco assumiu a direção geral da guerra. Com Vidal de Negreiros, Fernandes Vieira, Henrique Dias, Filipe Camarão e outros colheu ambas as vitórias dos Montes Guararapes (em 1648 e 1649). Comandando a resistência até o final da campanha (os holandeses foram afinal expulsos do Brasil depois da Batalha da Campina do Taborda em 26/1/1654), governou Pernambuco até 1657 quando foi nomeado governador-geral do Brasil. Retornou a Portugal em 1663; nomeado donatário da Capitania do Rio Grande, hoje Rio Grande do Norte, não chegou a administrá-la.(Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 113)

FREI CANECA (1779-1825)

O pernambucano Domingos da Silva Rabelo, ou Frei Joaquim  do Amor Divino Caneca, foi um dos maiores defensores das liberdades e do poder controlado por uma Constituição democrática. Criticava o despotismo de dom Pedro I e lutou em projetos independentistas, como a Revolução Pernambucana (1817) e a Confederação do Equador (1824). Para Frei Caneca, a manutenção da liberdade dependia da submissão à lei, que deveria ser a expressão da vontade geral. A imprensa jamais poderia ser proibida, suspensa ou limitada, e alei deveria ser igual para todos. Além disso, as funções públicas deveriam ser exercidas por qualquer cidadão, tendo como princípio somente suas qualidades e virtudes. Caneca enfatizou aindaq que a segurança deveria ser concedida pela sociedade a cada cidadão, a seus bens e aos seus direitos. Foi preso e fuzilado em 1825 por sua participação nos movimentos rebeldes. Frei Caneca antecipou em mais de um século o conceito de democracia direta, em que os cidadãos poderiam decidir suas leis e escolher seus líderes. (Texto de Marco Antonio Vila, Revista Veja, 28/12/2011, página 233)

 FREI VICENTE DE SALVADOR (1564-1639)

Botânico, geógrafo e estenógrafo, é considerado uma verdadeira enciclopédia do Brasil seiscentista. O baiano Vicente Rodrigues Palha estudou no colégio São Salvador, dos padres jesuítas. Aos 35 anos, tomou o hábito franciscano, adotando o nome de Frei Vicente de Salvador. Em 1612, foi eleito custódio da Custódia Franciscana Brasileira. Dez anos antes de falecer, terminou seu História do Brasil, com uma narrativa recheada de bom humor, arejamento e amor ao Brasil. Nessa obra, tratou da “zona tórrida”, discutindo a beleza das florestas e a riqueza de sua biodiversidade. Criticou o atraso na terra e responsabilizou os portugueses por não conhecerem o Brasil, preferindo “arranhar as costas como caranguejos”, frase que ficou famosa. Introduziu a possibilidade de o Brasil vir a ser o centro e refúgio do governo português – o que de fato ocorreu em 1808. (Texto de Mary Del Priore, Revista Veja, 28/12/2011, página 233)

FRANCESCO MATARAZZO (1854-1937)

Imigrante italiano, gênio dos negócios, veio “fazer a América” e fez. Construiu um gigantesco império econômico, a partir do conceito de verticalização da produção. Suas indústrias utilizavam muitas matérias-primas próprias. Por exemplo: comercializando porcos em Sorocaba, viu que podia produzir banha e vendê-la. Passou então a fabricar latas para embalar o produto, e assim por diante. Matarazzo cresceu rapidamente em, em 1911, criou as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo – IRFM, o maior e mais diversificado conglomerado empresarial da América Latina. Entre seus ramos de atuação estavam alimentos, tecidos, bebidas, transporte terrester, navegação de cabotagem e transatlântica, portos, ferrovias, metalurgia, energia, agricultura, bancos, imóveis urbanos e mais. Teve quase 400 plantas industriais no Brasil e atuava também no exterior. O conde Matarazzo morreu em março de 1937. Era o italiano mais rico, dono da quinta fortuna do planeta. AS IRFM sobreviveram até os anos 1980. As lições de empreendedorismo de seu fundador permanecem atuais. (Texto de Ronaldo Costa Couto, Revista Veja, 28/12/2011, página 241)

FRANCISCO DE PAULA BRITO (1809-1861)

Descendente de escravos, Paula Brito conferiu cunho local à impressão e comercialização de livros no país. Recebendo o apoio de dom Pedro II – sócio benemérito de sua tipografia -, Paula Brito passou para a história como o primeiro editor brasileiro. Defendeu o princípio de uma cultura liberal, aparentemente alheia a injunções de classe. Essa idéia transformou sua livraria num espaço aberto ao livre trânsito da arte e do pensamento. Ali, personalidades da elite imperial relacionavam-se com pessoas de origem humilde. Foi o caso de Machado de Assis. Na primeira juventude, no círculo de Paula Brito, ele conheceu diversos figurões de seu tempo, estabelecendo relações que durariam por toda a vida. (Texto de Ivan Teixeira, Revista Veja, 28/12/2011, página 235)

GILBERTO FREYRE (1900-1987)

Nascido em Recife, Gilberto Freyre é um marco no pensamento social brasileiro. Autor de vasta obra, seu livro inaugural, Casa-Grande & Senzala (1933) pôs em xeque o consenso dominante entre os intelectuais brasileiros, de que os males do país resultavam da miscigenação dos brancos com as raças inferiores, em especial com os negros. Apoiado na antropologia culturalista adquirida na sua passagem pelos Estados Unidos, Freyre criticou o modelo racista, defendendo as contribuições culturais dos portugueses, índios e africanos em nossa formação histórica. Não abandonou de todo o conceito de raça, mas subordinou-o ao conceito de cultura. Valorizou todos os grupos em contato, celebrando a miscigenação, ao mesmo tempo racial e cultural, bem como o peso decisivo das africanidades na cultura brasileira. A obra de Freyre, uma das mais polemizadas em nossa bibliografia, merece toda a atenção no momento atual, pois oferece contraponto às políticas e organizações racialistas atuais, defensoras de tratamento diferencial para “minorias étnicas”. (Texto de Ronaldo Vainfas, Revista Veja, 28/12/2011, página 247)

GOLBERY DO COUTO E SILVA (1911-1987)

O gaúcho Golbery do Couto e Silva foi referência intelectual das Forças Armadas, além de discreto e controverso homem do poder. Ajudou a montar e a desmontar a ditadura. Fundou o Serviço Nacional de Informações e foi ministro influente dos governos Geisel e Figueiredo. Tinha profundas preocupações geopolíticas. Estrategista, recomendava a fundamentação geográfica das diretrizes de ação política, valorizando os conceitos de espaço e posição. Em nome do desenvolvimento e da segurança nacional, defendendo maior integração e coesão inter-regional, inclusive pela progressiva vitalização e incorporação de extensas áreas pouco habitadas, como a Amazônia. Para ele, a opção brasileira era engrandecer ou perecer. Para muitos, a questão geopolítica merece maior espaço na agenda nacional. (Texto de Ronaldo Costa Couto, Revista Veja, 28/12/2011, página 251)

HENRIQUE DIAS - herói das guerras contra o invasor holandês

Patriota brasileiro do século XVII. Era filho de escravos libertos. Quando da invasão holandesa ofereceu-se para lutar e o fez sob o comando de Matias de Albuquerque, tendo participado de todas as ações da guerra, até a expulsão do invasor, em 1654. Na batalha de Comandituba teve que amputar metade do braço esquerdo, mas nem por isso abandonou o campo de luta. Herói da ambas as batalhas de Guararapes e de Porto calvo (foi quem decidiu a vitória luso-brasileira neta batalha), além de perder a metade do braço esquerdo foi ferido gravemente oito vezes. Entre outras honrarias recebeu a patente de cabo, o foro de fidalgo e o cargo de governador dos crioulos, negros e mulatos do Brasil, com o soldo de 40 cruzados. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 213)

INOCÊNCIO SERZEDELLO CORRÊA (1858-1932)

O paraense Serzedello Correa fundou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, modernizou o administração das finanças federais e fortaleceu o Banco do Brasil. Mas foi como ministro da Fazenda que deixou um legado de ética e de moralidade pública, ao defender, em 1893, junto com Rui Barbosa, a instalação do Tribunal de Contas da União (TCU). Uma das primeiras ações do TCU foi considerar ilegal a nomeação, pelo presidente Floriano Peixoto, de um parente do ex-presidente Deodoro da Fonseca. Inconformado com a decisão do tribunal, Floriano mandou redigir decretos que retiravam do TCU a competência para impugnar despesas consideradas ilegais.  O ministro da Fazenda Serzedello Corrêa, não concordando com a posição do presidente, demitiu-se do cargo. As tentativas de Floriano Peixoto de eliminar o TCU fracassaram, e a instituição permanece até hoje com a função de regulamentação dos gastos da União idealizada por Serzedello. A defesa da existência de órgãos independentes que fiscalizem a atuação do estado continua atual porque garante o bom funcionamento da democracia. (Texto de Ubiratan Aguiar, Revista Veja, 28/12/2011, página 241)

JOÃO BATISTA LÍBERO BADARÓ (1798-1830) – mártir da liberdade

Político e jornalista italiano radicado no Brasil, nasceu em Gênova e formado em Medicina, fixou residência em São Paulo onde passou a clinicar (segundo a crônica do tempo, exerceu a Medicina com alto espírito de caridade) e onde também se dedicou ao Jornalismo: fundou e dirigiu o Observador Constitucional, pelo qual atacava ardorosamente o Absolutismo: foi por isso assassinado e ao morrer teria proferido a frase que se tornou célebre: Morre um liberal, mas não morre a liberdade! (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 105)

 JERONIMO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO - herói das guerras contra o invasor francês -1548-1618)

Patriota brasileiro (1548-1618), nasceu em Olinda, PE. Notabilizou-se no combate aos franceses que sob o comando de Daniel de la Touche se estabeleceram no Maranhão em 1612. O então governador do Brasil, Gaspar de Souza, encarregou Albuquerque de organizar uma jornada contra os invasores. Em agosto de 1613 ele partiu de Pernambuco e fundou na Baía das Tartarugas o Forte Nossa Senhora do Rosário, de onde iniciou o ataque aos franceses. Malogrando sua primeira investida, organizou uma segunda, ertguendo o Forte de Santa Maria, perto de São Lúis. Os franceses foram derrotados, mas permaneceram no Maranhão, sendo expulsos mais tarde quando Gaspar de Souza mandou reforços a Albuquerque, sob o comando de Alexandre de Moura. Depois da retirada dos franceses, Albuquerque foi nomeado governador da Capitania e acrescentou ao seu nome o cognome Maranhão. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 40)

JOÃO CANDIDO FELISBERTO - o Almirante Negro

Líder da revolta dos marinheiros ocorrida em 1910 e motivada pelos castigos corporais então vigentes na Marinha do Brasil. Nasceu em Encruzilhada, distrito de Rio Pardo, RS, em 1880. Ingressou na Marinha aos 15 anos de idade; antes, porém, de chegar a marin heiro de 1ª classe, participou voluntariamente do movimento deflagrado por Plácido de Castro no Acre. Integrou depois a tripulação do navio Benjamin Constant que foi à Inglaterra assistir ao lançamento do encouraçado Minas Gerais. Neste encouraçado foi aos Estados Unidos, de onde retornou a bordo do North Caroline, no qual veio o corpo do embaixador Joaquim Nabuco, falecido em Washington. De novo no Minas Gerais, comandou o movimento de repúdio aos castigos corporais então comuns na Marinha; apossara-se do navio, mas sob a promessa de anistia, entregou-o ao novo comandante designado, Capitão de Mar e Guerra João Pereira Leite. Contudo, foi logo preso juntamente com outros 69 marujos e todos encarcerados em calabouços infectos, de modo que sobreviveram apenas 10, entre eles João Candido. Julgado e finalmente absolvido, exerceu as mais diversas profissões, sempre sob o apelido de o Almirante Negro, que lhe ficra dos dias de notoriedade. Morreu em 6/12/1969. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 139)

JOÃO FERNANDES VIEIRA - Herói das lutas contra o invasor holandês

Herói das lutas contra o invasor holandês (1613-1681). Radicado no Brasil (nascera no Funchal, ilha da Madeira), aos 17 anos de idade começou a participar das lutas de guerrilhas contra os holandeses; contudo em 1636 entrou em negociações com os inimigos, vindo a ser um dos mais ricos senhores de engenho da Capitania de Pernambuco. Ao eclodir a chamada Insurreição Pernambucana de 1645, movimento tendente a tornar o solo brasileiro totalmente livre do invasor holandês, com Vidal de Negreiros e outros patriotas batalhou tenazmente, revelando-se chefe de grande coragem: destacou-se na Batalha das Tabocas, no Combate da Casa Forte, em ambas as Batalhas dos Guararapes (já então sob o comando do General Francisco Barreto de Menezes). Expulsos os holandeses, recebeu todas as honrarias. Governador da Paraíba em 1655 e capitão-general de Angola em 1658. Morreu em Olinda a 10 de janeiro de 1681. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 291)

JOAQUIM GONÇALVES LEDO - Herói da Independência

Jornalista brasileiro (1781-1847), um dos grandes nomes da Independência do Brasil. Nascido no Rio de Janeiro, estudou Medicina na Universidade de Coimbra (não chegou a concluir o curso). Em 1821 fundou com Januário Barbosa o Revérbero Constitucional Fluminense, pelo qual se bateu ardorosamente em favor da Independência. Disse o Barão de Rio Branco: "Foi Ledo quem inspirou todas as grandes manifestações daqueles dois anos da nossa capital, quem instigou o governo a convocar uma Constituinte e quem redigiu alguns dos principais documentos políticos, como o Manifesto de 1º de Agosto de 1822, dirigido por D. Pedro aos povos do Brasil". Tendo rompido com José Bonifácio logo após a independência, refugiou-se na Argentina, de onde retornou em julho de 1823. Exerceu ainda o mandato de deputado, de 1826 a 1831. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 368)

JOAQUIM NABUCO (1849-1910)

As nomeações para o funcionalismo por estritos critérios políticos são infrações previstas na Constituição Federal, denunciadas na imprensa desde a independência, mas popularizadas quando o império se desprestigiou (1870). Inspirado no liberalismo inglês, Joaquim Nabuco abordou aquele e outros problemas do Brasil, como a escravidão e a centralização política, na expectativa de aperfeiçoar a monarquia e criticas a República. Propôs que a administração pública fosse exercida por uma aristocracia de talento intelectual reconhecido por seus pares, que personificou exemplarmente. Com apoio do pai – o senador Nabuco de Araujo – tornou-se adido da representação brasileira nos Estados Unidos e em Londres e deputado por Pernambuco; escolhido nas urnas, representou o abolicionismo no Parlamento imperial; por seus méritos e gestão de amigos republicanos, foi embaixador na Europa e nos Estados Unidos. (Texto de Izabel Marson, Revista Veja, 28/12/2011, página 239)

JOAQUIM SALDANHA MARINHO (1816-1895)

A Constituição do império brasileiro adotou o catolicismo como religião do estado. Primeiro, o imperador jurava defender a religião; depois, as leis e o povo. Permitia liberdade de crença, mas impossibilitava sua prática. Os cultos divergentes deviam ocorrer em casa, porque os templos eram proibidos. O ingresso na política, no serviço público e no curso superior requeria declaração de fé católica. Os cemitérios eram privativos da igreja, assim como os registros de nascimento, casamento e morte. O primeiro intelectual a combater o monopólio religioso no Brasil foi o pernambucano Saldanha Marinho, autor de A Igreja e o Estado. Como senador ele presidiu o projeto da primeira Constituição laica do país, promulgada pela República em 1891. O princípio do estado sem religião oficial permanece moderno no ocidente porque é compatível com o espírito democrático. (Texto de Ivan Teixeira, Revista Veja, 28/12/2011, página 237)

 JOSÉ BENTO RENATO MONTEIRO LOBATO - pioneiro da indústria petrolífera brasileira

Escritor brasileiro (1882-1948). Nascido em Taubaté, SP, formou-se pela Faculdade de Deito de S.Paulo. Célebre criador do Jeca Tatu, símbolo do caboclo brasileiro de então, que vivia ao desamparo dos poderes públicos; autor dos mais importantes livros para a infância e juventude já publicados em língua portuguesa; pioneiro da indústria livreira no Brasil, distinguiu-se ainda como o grande batalhador em prol da siderúrgica e do petróleo nacionais (chegou a funda empresa própria para a exploração do petróleo), seu livro O escândalo do petróleo abriu caminho para a implantação da indústria petrolífera no Brasil; e a industrialização geral do país muito ficou devendo à sua contribuição, através de obras como Problema vital, Mr. Stang e o Brasil, Idéias de Jeca Tatu, Na antevéspera. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 419) José Bento Renato Monteiro Lobato foi criado na zona rural e alfabetizado pela mãe. Um dos maiores escritores do Brasil, ele deixou uma obra extensa e variada e engajou-se fortemente pelas causas nacionalistas. Em 1927, foi designado adido comercial nos Estados Unidos e, ciente das inovações tecnológicas em curso, percebeu o poder do petróleo. Voltou ao Brasil em 1931, fundando a Companhia Petróleos do Brasil. Seu projeto enfrentou resistência das autoridades e do meio empresarial, motivo pelo qual publicou em 1936, O Escândalo do Petróleo, em que acusava o governo de Getulio Vargas: “Não perfura e não deixe que perfure”. Foi preso por três meses. Monteiro Lobato antecipou, em várias décadas, a meta de buscar, para o país, a autonomia energética através do petróleo.  (Texto de Mary Del Priore, Revista Veja, 28/12/2011, página 245)

JOSÉ BONIFÁCIO  DE ANDRADA E SILVA(1763-1838)

José Bonifácio de Andrada e Silva, natural de Santos, em São Paulo, foi personagem-chave nas articulações políticas que garantiram a permanência de dom Pedro I no Brasil e abriram caminho para a Independência. No livro Projetos para o Brasil, Mirian Dolhnikoff transcreveu textos de José Bonifácio, alguns deles apresentados à Assembléia Constituinte de 1823. As propostas eram uma reengenharia social de fôlego: emancipar os escravos, valorizar a educação pública, preservar as florestas e, principalmente, incentivas as pequenas propriedades rurais. Após a dissolução da assembléia pelo imperador, José Bonifácio enfrentou o exílio. Uma nova Constituição foi imposta. O “Patriarca da Independência” retornou ao Brasil em 1829 e faleceu nove anos mais tarde. Várias inquietações suas ainda alimentam o debate político atual, confirmando que a desigualdade social no Brasil não decorre da ausência de propostas reformistas no passado, mas sim da ausência de bases políticas para sustentá-las. (Texto de Renato Venancio, Revista Veja, 28/12/2011, página 234). Estadista brasileiro, cognominado o Patriarca da Independência e que também se notabilizou como escritor poeta (usou o pseudônimo de Américo Eliseu), e cientista. Nascido em Santos, SP, estudou Ciências Naturais na Universidade de Coimbra. Membro da real Academia das Ciências de Lisboa, aperfeiçoou-se em Metalurgia e Geognosia, com estágios em diversos países da Europa (entre outros trabalhos científicos, descobriu quatro minerais novos e descreveu oito variedades já conhecidas; em sua homenagem deu-se o nome de “andradita” a uma variedade cálcio-ferrosa de granada). Retornou ao Brasil em 1819. Ministro do Reino e Estrangeiros em 1821, dirigiu os acontecimentos que culminaram na Independência do Brasil (7/9/1822): foi quem aconselhou a Princesa Regente D. Leopoldina a enviar a D. Pedro I, que viajava pela Província de São Paulo, a correspondência vinda de Portugal: à leitura dessas cartas, que continham exigências lesivas aos interesses do Brasil, D. Pedro I exaltou-se e preferiu o célebre Grito do Ipiranga: Independência ou morte! Com tudo, desentendeu-se com D. Pedro I e demitiu-se em julho de 1823, passando para a oposição. Preso e deportado para a França, deixou por concretizar um vasto plano para o desenvolvimento do país  e o qual incluía a abolição gradual da escravatura, a implantação da Siderurgia, o incentivo à imigração, a mudança da capital brasileira para o Planalto Goiano. Seis anos depois regressou ao Brasil, e quando da abdicação de D. Pedro I (7/4/1831), o próprio príncipe regente designou o seu experimentado opositor para a tutoria do filho, D. Pedro de Alcântara, que seria mais tarde o Imperador D. Pedro II. Deputado em 1831, em face das desordens internas que as regências do trono não conseguiam debelar, tentou um movimento de restauração imperial, pelo que foi preso e processado. Confinado depois na Ilha de Paquetá, veio a falecer em Niterói, aos 75 anos de idade. (Moderna enciclopédia brasileira, página 60-61)  

 JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO - o gigante negro da Abolição

Jornalista, político, orador brasileiro (1854-1905). Nascido em Campos, RJ, sua mãe era uma negra quitandeira e seu pai o vigário da cidade. Tinha 14 anos quando embarcou para o Rio de Janeiro, empregando-se na Santa Casa de Misericórdia e matriculando-se no Colégio Aquino. Cursou depois a Faculdade de Medicina, que deixou por falta de recursos, formando-se depois em Farmácia (1874). Ingressando no jornalismo em 1877 (foi redator do Gazeta de Notícias), logo depois adquiriu a Gazeta da Tarde, com dinheiro que tomou emprestado ao sogro, Emiliano Rosa de Sena e por esse jornal iniciou em 1881 a campanha abolicionista, da qual veio a ser um dos maiores vultos. Sempre visando a abolição da escravatura, fundou depois A cidade do Rio, jornal através do qual também se bateu pela República. Foi romancista e tradutor, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Dedicou-se ainda à navegação aérea, tendo construído um aeróstato (a que deu o nome de Santa Cruz). Cognominado o Gigante Negro d Abolição e por todos conhecido como Zé do Pato, morreu paupérrimo. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 473)

JOSE DOMINGOS MARTINS - Precursor da Independência

Revolucionário brasileiro (1781-1817). Nascido em Itapemirim, ES, notabilizou-se como o cabeça da Revolução de 1817, cujo objetivo era a implantação da República em Pernambuco. Negociante estabelecido no Recife, fizera diversas viagens a Londres. Fundador de grupos maçons em Pernambuco, Maranhão, Ceará e Bahia, tendo a secundá-lo na ação Domingos Teotônio Jorge fez eclodir o movimento revolucionário em 8/03/1817 quando depôs o Governador Caetano Pinto de Miranda e organizou uma Junta Governativa. Logo se organizou, do outro lado, a resistência à revolução e ele foi preso após a derrota em Engenho Trapiche, perto de Serinhaém. Levado junto com outros revoltosos a Salvador, julgaram-no sumariamente e o executaram em 12/08/1817. Ele figura na História como um dos precursores da Independência do Brasil.(Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 388)

JOSÉ DE ANCHIETA (1534-1597) – O Apóstolo do Novo Mundo, o Primeiro Professor do Brasil

Padre jesuíta e missionário, nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias, em 19/3/1534, morto em Reritiba, atualmente Anchieta, ES, em 9/6/1597. Veio para o Brasil em 1553, integrando a comitiva do segundo Governador-Geral, D. Duarte da Costa. Tendo desembarcado na Bahia, algum tempo depois seguiu para São Vicente onde Martim Afonso de Souza fundara a primeira vila da Colônia e onde já se encontrava o Padre Manuel da Nóbrega que estava empenhado na edificação de um colégio no Planalto de Piratininga, para onde Anchieta foi enviado. Em 1554, em local escolhido por Nóbrega, com o auxílio do Padre Manuel de Paiva e dos índios de Tibiriçá e Caiubi, fundou o Terceiro Colégio Regular do Brasil, consagrando-o a São Paulo, porque a missa inaugural (celebrada pelo Padre Manuel de Paiva) foi celebrada a 25 de Janeiro, data em que a Igreja comemora a conversão do apóstolo desse nome. Anchieta aprendeu rapidamente a língua dos nativos (em 1595 publicou a Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil), iniciando desde logo a catequese dos indígenas, ao tempo que ensinava as primeiras letras aos filhos dos colonos. Além da catequese, prestou inúmeros serviços, entre os quais o da missão pacificadora junto aos Tamoios (1563) que se tinham aliado aos invasores franceses e planejavam um ataque às posições portuguesas. Reunidos em Iperoig, os indígenas retiveram Anchieta como refém, enquanto Nóbrega dava andamento às conversações de pacificação. Foi nessa ocasião que Anchieta escreveu o seu hoje célebre Poema em louvor da Virgem Nossa Senhora. Em 1567 auxiliou Estácio de Sá na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Reitor do Colégio de São Vicente em 1569 e Provincial do Brasil em 1578. Fundou, na Bahia, o Colégio dos Jesuítas, e no Rio de Janeiro, a Igreja e o Hospital da Misericórdia. Fundador da Literatura Brasileira e Primeiro Professor do Brasil, foi também cognominado o Apóstolo do Novo Mundo. (Moderna enciclopédia  brasileira, página 58-59)

JOSE LINHARES - presidente da normalização democrática

Foi magistrado e político brasileiro (1886-1957). Nascido em Guaramiranga, CE, formou-se pela Faculdade de Direito de S.Paulo. Ministro do Supremo Tribunal Federal em 1937, e deste presidente em 1945, quando da deposição do Presidente Getulio Vargas assumiu a chefia do governo federal (29-/10/1945), determinando as eleições democráticas nas quais seria eleito o General Eurico Gaspar Dutra, bem assim uma nova Assembléia Nacional Constituinte. permaneceu no cargo de presidente até a posse do novo presidente, que ocorreu em 31/01/1946. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 370)

JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA (1902-1976)

Empossado em 31 de janeiro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek sonhava fazer o Brasil avançar cinqüenta anos em cinco. Era impossível, claro. Mas o país cresceu, apareceu e conseguiu as mudanças mais profundas e consistentes de sua história econômica. JK usou e abusou do estado como ator e indutor do desenvolvimento, exacerbando a tendência que vinha desde 1930, com Vargas. Executou o ambicioso Plano de Metas, escancarando novos espaços e oportunidades ao setor privado. A essência do plano era a realização de investimentos maciços em energia, transportes, indústria de base, alimentação, educação e na construção de Brasília. Juscelino atiçou o processo de substituição de importações, facilitando a entrada de investimentos diretos, como os que implantaram a indústria automobilística. Com isso, consolidou no imaginário brasileiro o ideal do desenvolvimento com democracia. (Texto de Ronaldo Costa Couto, Revista Veja, 28/12/2011, página 247)

LUIS GONZAGA PINTO DA GAMA - O abolicionista, o republicano

Advogado, jornalista, poeta (1830-1882), notabilizou-se principalmente como abolicionista e republicano. Nascido em S]ão Paulo, era filho de uma africana (luisa Mahin) e de um branco natural da Bahia, que o vendeu a mercadores de escravos quando ele tinha 9 anos de idade. levado para o Rio de Janeiro e outra vez levado para São Paulo, nesta cidade obteve alforria. Ingressou então na Força Pública (a esta altura tinha 17 anos), exercendo depois inúmeras profissões: foi copista, amanuense, escrivão de polícia, jornalista, advogado, cultivando também a poesia (distinguiu-se sobretudo como poeta satírico) e a oratória: principalmente como orador bateu-se ardorosamente pela abolição da escravatura e também pela República: fundador do Centro Abolicionista, integrou o grupo de fundadores do Partido Republicado de São Paulo. Morreu, contudo, sem ver realizados os seus sonhos, mas legando um nome honrado á esposa e ao filho, Benedito Gracco Pinto da Gama.(Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 321)

JOSÉ PLÁCIDO DE CASTRO (1873-1908)

Descendente de três gerações de militares, o gaúcho José Plácido de Castro começou a carreira militar aos 16 anos. Já havia ingressado na Escola Militar, o Casarão da Vãrzea, hoje Colégio Militar de Porto Alegre, quando eclodiu a Revolução Federalista, em 1893. Oficiais e cadetes solicitaram ao presidente Floriano Peixoto o fechamento da Escola para que pudessem integrar as forças legalistas na luta contra os rebeldes federalistas. Plácido de Castro discordou de seus colegas e instrutores. Entendia, à luz da Constituição de 1891, em vigor, que, logo após a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca, deveria ter sido realizada eleição direta para a Presidência. Por isso, Plácido de Castro, não se alistou nas forças legalistas no embate da Revolução Federalista, mas lutou ao lado dos “maragatos”, chegando ao posto de major. Com a derrota dos “pica-paus”, que defendiam o governo Floriano Peixoto, abandonou a carreira militar. Mais tarde, no Acre, organizou uma força paramilitar com os seringueiros e acabou se tornando o herói da independência do Acre em relação à Bolívia e de sua anexação ao território brasileiro. Foi por esse motivo, e não por sua defesa incondicional do voto direto, que Castro foi incluído no Panteão da Pátria e da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. (Texto de Sérgio Resende de Barros, Revista Veja, 28/12/2011, página 243)

MANUEL BECKMANN (         -       ) – Pioneiro da nacionalidade brasileira

Fazendeiro, senhor de engenho, notabilizou-se como revolucionário em 1684. Nascido em Lisboa, era filho de pai alemão e mãe portuguesa. Estabeleceu-se com seu irmão Tomás em São Luís do Maranhão, fazendo-se proprietário do Engenho Mearim. Muito popular e benquisto, tinha o apelido de Bequimão. Contudo, segundo o costume da época, utilizava indígenas para o trabalho forçado em seu engenho, e por isso vivia em desavenças contínuas com os jesuítas, que protegiam os nativos. Por interferência do jesuíta Pe Antonio Vieira, resolveu Portugal fundar em 1682 a Companhia do Comércio do Maranhão, através da qual pretendia importar escravos negros, que substituiriam os indígenas; além disso, a Companhia recebia o monopólio de inúmeros produtos, controlando-lhes os preços. Os maranhenses irritaram-se com isso e com o apoio dos carmelitas e franciscanos, rivais dos jesuítas, puseram-se em pé de guerra; em 24/2/1684 Manuel e Tomás à frente de seus homens prenderam o Capitão-Mór Baltasar Fernandes; no dia seguinte apoderaram-se dos armazéns da Companhia e organizaram uma Junta Geral, representada por membros do clero, da nobreza e do povo. Logo foram presos e remetidos a Portugal 27 jesuítas e Tomás embarcou para Lisboa a fim de pedir a aprovação das medidas aqui tomadas. Em Portugal, no entanto, Tomás foi preso e recambiado ao Maranhão na expedição que trazia o novo governador da Capitania, Gomes Freire de Andrada. Ele fugiu, mas foi traído por seu afilhado, Lázaro de Melo e foi preso novamente; em 2/11/1685 foi enforcado. Essa revolta é importante porque se constituiu no primeiro movimento de reação aos processos da Metrópole, contribuindo para a formação da nacionalidade brasileira. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 115-116)

MANUEL DE BORBA GATO (1628-1718) – Bandeirante do ouro de Sabarabaçu

Bandeirante brasileiro, genro de Fernão Dias Pais, ao qual acompanhou na célebre bandeira em busca das esmeraldas (1674 a 1681). Nascido em São Paulo em cerca de 1628, morreu em Sabará provavelmente em 1718. Acusado de ter assassinado o administrador-geral das minas, D. Rodrigo Castelo Branco, refugiou-se na região de Guaratinguetá, onde viveu por vinte anos. Absolvido, junta-se aos desbravadores do sertão mineiro e é o primeiro a descobrir ouro na Serra de Sabarabaçu e no Rio das Velhas. Nomeado guarda-mor do distrito do Rio das Velhas e dois anos depois superintendente das mesmas minas, recebeu em doação grandes extensões de terras, vindo a falecer como homem de largo prestígio, diversas vezes elogiado pelos serviços prestados à Colônia. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 125-126)

MANUEL DE CARVALHO PAIS DE ANDRADE - precursor do regime republicano

Revolucionário brasileiro (1785-1835). Nascido no Recife, PE, estudou em Portugal. Dedicando-se ao comércio em sua cidade natal, empolgou-se com os ideais de liberdade, filiando-se à maçonaria e juntando-se aos liberais que fariam eclodir a chamada Revolução Pernambuco em 1817, visando a implantação da República. Malogrado o movimento, conseguiu evadir-se para os Estados Unidos, regressando ao Brasil em 1820, já então anistiado. Membro da Junta Governativa de Pernambuco em 1823, no ano seguinte envolveu-se na Revolução de 1824 (que teria como conseqüência a Confederação do Equador, revolta separatista de cunho republicano). De novo fugiu, embarcando para a Inglaterra de onde voltou após a abdicação de D. Pedro I, em 1831. Foi ainda senador pela Paraíba do Norte e presidente da província de Pernambuco, vindo a falecer no Rio de Janeiro. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 469)

MARIA QUITÉRIA (1792-1853)

Nascida em São José das Itapororocas, na Bahia, ficou órfã de mãe aos 9 anos e assumiu o comando da casa. Na juventude, montava, caçava, manejava armas de fogo e dançava lundus com os escravos. Em 1822, vestida com a farda do tio, alistou-se nas tropas que lutavam pela causa da independência do Brasil. Adotou o nome do cunhado, soldado Medeiros e ingressou no Regimento de Artilharia. Mais tarde, foi transferida para o Batalhão dos Periquitos. No combate de Pituba, em fevereiro de 1823, destacou-se por ter feito prisioneiros. Depois da entrada do Exército Libertador em Salvador, foi condecorada no Rio de Janeiro com a insígnia de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro pelo Imperador, dom Pedro I. Retornou à fazenda Serra da Agulha, onde foi aclamada como heroína pela família e pela população local. Casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito e teve ma única filha, Luísa da Conceição. Morreu em Salvador, onde vivia de seu soldo de alferes, já quase cega. (Texto de Mary Del Priore, Revista Veja, 28/12/2011, página 238)

MARIANO PROCÓPIO FERREIRA LAGE, pioneiro do sistema rodoviário do Brasil

Industrial e político brasileiro (1821-1872), nasceu em Barbacena, MG, foi o pioneiro do sistema rodoviário brasileiro: construiu a primeira estrada pavimentada do país, chamada União e Indústria, ligando Juiz de Fora a Petrópolis, numa extensão de 144 km, iniciada em 1856 foi concluida em 23/6/1861. As chamadas diligências fizeram o percurso em 9 horas levando a bordo a comitiva imperial. Membro da Assembléia Geral do Império, distinguiu-se depois por seus trabalhos de incentivo à imigração. Em suas homenagem deram seu nome a uma cidade de Minas Gerais e sua casa em Juiz de Fora foi adquirida pelos poderes públicos que a transformaram, com os objetos de arte nela existentes, no museu Mariano Procópio. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 513)

 MARQUES DE BARBACENA (1772-1842) – Introdutor da vacina no Brasil

Nome por que ficou conhecido Felisberto Caldeira Brant Pontes, senador do Império do Brasil. Nasceu em Mariana, MG, cursou a Academia Militar de Lisboa. Em 1816 distinguiu-se no comando de forças que repeliram a ocupação da Banda Oriental do Uruguai e em 1822 foi enviado a Londres para tratar do reconhecimento da Independência do Brasil pelo Governo inglês. Era senador por Alagoas quando viajou para a Europa, como tutor de D. Maria da Glória, filha de D. Pedro I que governou Portugal com o nome de D. Maria II. Intermediário nos negócios relativos ao segundo casamento de D. Pedro I, com a Princesa D. Amélia. Em 1829 ocupou a pasta da Fazenda, criando-se durante o seu ministério, o Banco Nacional e promulgou-se o Código Criminal. Introduziu no Brasil a vacina e a máquina a vapor para moer cana. Em 1789 fez construir o primeiro barco a vapor brasileiro. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 110-111)

MARTIM FRANCISCO RIBEIRO DE ANDRADA E SILVA (1775-1844) - ardoroso defensor da coroação antecipada de D. Pedro II

Político brasileiro, nascido em Santos, SP, bacharelou-se em Ciências Matemáticas e Naturais pela Universidade de Coimbra. Ministro da Fazenda em 1822 e deputado por São Paulo à Assembléia Constituinte de 1823, Dissolvida esta Assembléia por D. Pedro I, foi preso e deportado para a França em companhia dos dois irmãos, José Bonifácio e Antonio Carlos. Regressou ao Brasil em 1828. Deputado por Minas Gerais em 1830, participou ativamente do golpe de Estado que elevou ao trono D. Pedro II (23/7/1840). Ministro da Fazenda no primeiro ministério do Segundo Reinado, em 1841, deixou este cargo para integrar a Assembléia Provincial de São Paulo. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 61)

 MARTINS SOARES MORENO - o amado de Iracema, fundador de Fortaleza, CE

Colonizador português do século XVII, conquistador do Ceará. Participou em 1603 da expedição colonizadora de Pero Coelho de Souza, quando aprendeu a língua dos indígenas e ligou-se depois por grande amizade ao chefe pitiguar Jacaúna, que o tratava por "meu filho". Nu e pintado como os seus amigos índios, teve amores com a índia Iracema (tema do célebre romance homônimo de José de Alencar). Em 1611 levou ao Governador- Geral D. Diogo de Menezes o seu primeiro filho nascido no Ceará, convencendo-o a iniciar o povoamento daquela região. As expensas do governador, organizou então uma expedição composta de 10 homens e um sacerdote, fundando na embocadura do Rio Ceará o Forte de São Sebastião, origem da atual cidade de Fortaleza. Titular da Capitania Real do Ceará em 1621, distinguiu-se depois em 1630 nas lutas contra os invasores holandeses de Pernambuco. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, pg 422)

MATIAS DE ALBUQUERQUE 9/ -1647) – Herói das guerras contra o invasor holandês

Patriota brasileiro, nascido em Olinda, PE, em data desconhecida, morto em Lisboa em 1647. Foi grande soldado na luta contra os holandeses que se estabeleceram no Brasil a partir de 1624. Os holandeses aportaram na Bahia, prenderam o governador do Brasil e o remeteram para a Holanda. Designado para substituí-lo, Matias de Albuquerque organizou a resistência. Em 1626 deixou a governadoria e foi à Europa, de onde trouxe reforços. Apesar disso, os holandeses venciam e em 1630 dominavam também Olinda e o Recife. Matias de Albuquerque fundou então o Arraial do Bom Jesus, de onde por mais de cinco anos chefiou a guerrilha contra o invasor holandês. Vitima de intrigas, foi chamado a Lisboa e lá esteve preso até 1640, quando Portugal se libertou do domínio espanhol. Em 1644 ele venceu a batalha de Montijo, contra a Espanha, e foi eleito Conde de Alegrete pelo Rei João IV. Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 41)

MAURÍCIO DE NASSAU (1604-1679)

João Maurício de Nassau Siegen, alemão, governou por quase oito anos o chamado Brasil holandês, região nordeste conquistada em 1637. Representante da Companhia das Índias Ocidentais, conseguiu, durante certo período, conciliar os interesses econômicos desta e dos senhores de engenho locais. Trouxe para o país pintores, naturalistas e cientistas, transformando o Recife numa cidade cosmopolita e plural, habitada por portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses. Nassau garantiu também a liberdade de culto para protestantes, católicos e, com certos limites, para os judeus de diferentes partes da Europa, onde a intolerância religiosa era política de estado. Mantendo-se fiel à tradição holandesa, Maurício de Nassau introduziu no Brasil a política de livre-comércio que impulsionou a produção de açúcar. Em 1654, os portugueses retomaram o controle sobre a região e reinstalaram o pacto colonial, que seria retirado completamente apenas em 1808. Só a partir daí o Brasil pôde começar uma trajetória própria de modernização e desenvolvimento. (Texto de Marco Antonio Vila, Revista Veja, 28/12/2011, página 232)

 MIGUEL REALE (1910-2006)

Paulista, nascido em 1910, faleceu aos 95 anos. Profesor da Faculdade de Direito da USP, foi seu reitor por duas vezes. “Numa universidade, nunca se deveria olvidar que as janelas do espírito se abrem por dentro”, disse ele. Autor de uma filosofia original do direito, chamada teoria tridimensional, ganhou fama no Brasil e no exterior. Sua grande contribuição legislativa ao país foi o novo Código Civil, cuja comissão codificadora presidiu. Deixou nele a marca do que chamava “diretriz de concreção”: na interpretação jurídica, não se vê a norma como um texto ou mero ato por exemplo, um contrato não é só um conjunto de cláusulas ou um acordo entre partes, mas uma peça marcada por grandes eixos a ser concretizados pelo intérprete: a liberdade dos sujeitos, a confiança mútua que a assegura, a utilidade social que a legitima. Essa era a diretriz que se tornou fundamental para o novo Código Civil e é válida até os dias de hoje. (Texto de Tércio Sampaio Ferraz, Revista Veja, 28/12/2011, página 249)

OROZIMBO NONATO (1891-1974)

Mineiro de Sabará, Orozimbo Nonato passou por quase todas as carreiras jurídicas, chegando ao Supremo Tribunal Federal, em 1941, pelas mãos de Getúlio Vargas. Nonato pode ser legitimamente considerado o maior defensor da doutrina de autocontenção judicial na história do STF. Para ele, a função essencial de juízes, inclusive de uma corte suprema, é aplicar fielmente a lei e não questionar a sua validade ou qualidade.Exemplo dessa doutrina pode ser encontrado num dos mais polêmicos casos julgados por Nonato: o impeachment do vice-presidente Café Filho. Impedido de assumir o Catete por decisão do Congresso, após o suicídio de Getúlio, Café Filho recorreu ao Supremo, que se negou a apreciar o caso por entender que o impeachment é um ato político. Nonato acreditava que os juízes deveriam essencialmente se abster de fazer juízos políticos, da alçada do Executivo e do Legislativo. Por terem seus membros eleitos, esses poderes podem ter seu posicionamento cobrado pela população. A isenção política (ou a falta dela) é tema de intensa discussão atualmente no STF. Nonato também era conhecido pela delicadeza de trato no tribunal, hoje tão em baixa entre alguns ministros. (Texto de Oscar Vilhena Vieira, Revista Veja, 28/12/2011, página 245)

 OSWALDO ARANHA (1894-1960)

“Sou mais um homem de ação do que de ideação”, definiu-se certa vez Oswaldo Aranha. É verdade, com uma condição: sua ação subordinou-se a linhas invariáveis de coerência ideológica. O gaúcho Aranha acompanhou Getúlio Vargas desde os tempos do castilhismo, quando ambos pertenceram à corrente de Borges de Medeiros até o trágico agosto de 1954, distanciando-se brevemente apenas na hora do golpe do Estado Novo. Nomeado embaixador em Washington em 1934, ele encontrou no pan-americanismo uma idéia-força, à qual devotou sua notável ação diplomática. A partir de 1938, como ministro das Relações Exteriores, derrotou a facção germanófila instalada no governo e nas Forças Armadas, articulando a ruptura com o Eixo. Seu legado foi a reconstrução da parceria brasileira com os Estados Unidos, uma obra original do barão do Rio Branco que se coagulou como um eixo estrutural de nossa política externa. (Texto de Demétrio Magnoli, Revista Veja, 28/12/2011, página 245). Oswaldo Aranha foi Presidente da II Assembléia Geral da ONU (1947) um dos responsáveis pela criação do Estado de Israel. Político brasileiro, nasceu em Alegrete, RS, de que foi prefeito em 1925. Deputado federal em 1927 e secretário do Interior do Estado em 1928, em 1930 recebeu o Ministério da Justiça do Presidente Getulio Vargas, de quem era íntimo amigo. Ministro da Fazenda no ano seguinte. Em 1934 foi nomeado embaixador do Brasil nos Estados Unidos, tendo participado das Nações Unidas, que chegou a presidir. Ministro das Relações Exteriores de 1938 a 1944, soube preparar o espírito dos brasileiros para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados. No governo do Marechal Eurico Gaspar Dutra chefiou a delegação brasileira à II Assembléia Geral da ONU (foi em 1947 que ocupou a presidência da ONU, tendo sido um dos mais importantes responsáveis pela criação do Estado de Israel). Outra vez ministro da Fazenda no segundo governo de Getulio Vargas (1951), deixou o cargo e a política com o suicídio de Vargas, em 1954. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 70-71)

 OSWALDO CRUZ (1872-1917)

Há pouco mais de 100 anos, nas cidades brasileiras reinavam doenças como a peste bubônica, associada aos ratos, a febre amarela, propagada por vírus transmitido por mosquito, e a varíola, disseminada por contato humano. Coube a Oswaldo Cruz liderar a ação coletiva para reduzir as condições de reprodução de ratos e mosquitos, além de instituir a vacinação obrigatória contra a varíola. Essas ações combinavam com a proposta de reurbanização da capital pelo presidente Rodrigues Alves, que desalojou muitos moradores da região central da cidade. A reação popular em 1904 durou dias e foi, incorretamente, chamada de “Revolta da Vacina”, pois tinha como motivação principal a remoção de casas. Nos anos seguintes, com a diminuição drástica no número de casos dessas doenças, Oswaldo Cruz teve seu trabalho reconhecido. Ele foi um dos primeiros a defender a urbanização como forma de redução das endemias no Brasil, conceito hoje lógico, mas que exigiu bastante coragem para ser implantado. (Texto de Pedro Lotufo, Revista Veja, 28/1’2/2011, página 252)

PADRE MANUEL DA NÓBREGA (1517-1570)

O padre português Manuel da Nóbrega chegou ao Brasil em 1549 com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. Hábil organizador, foi o líder da Companhia de Jesus no Brasil. Em suas missões, percorreu durante anos o litoral entre São Vicente e Salvador e fundou o colégio de Piratininga, futura cidade de São Paulo. Numa terra sem leis claras e onde a presença do estado era mínima, não temeu em defender a liberdade dos indígenas. O padre Manuel da Nóbrega sempre enfatizou a necessidade de evangelização dos nativos, pois acreditava que, assim como os europeus, os índios tinham alma, que poderia ser salva pelo catolicismo. Isso permitia igualar conquistadores e conquistados, o que não agradava aos portugueses nem aos espanhóis. O padre enfrentou as autoridades coloniais que apoiavam a escravização dos indígenas e batizou milhares deles. Apesar de os jesuítas não reconhecerem o direito dos nativos de não aceitar os valores cristãos, o padre Manuel da Nóbrega introduziu no país a noção do índio como ser humano, essencial para a posterior inclusão deste como cidadão. (Texto de Marco Antonio Vila, Revista Veja, 28/12/2011, página 233)

PRINCESA ISABEL (1846-1921)

A princesa Isabel nasceu em 1846, época em que o Império começa a se consolidar, após o turbilhão de revoltas separatistas das duas décadas anteriores. No livro Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no Século XIX, Roderick J. Barman revelou o engajamento político da personagem. Entre 1871 e 1889, devido à ausência de dom Pedro II, em viagem no exterior, a princesa governou o país por três vezes. Ao todo, essas regências somam três anos e meio – quase o equivalente a um mandato presidencial atual. Sob o governo da princesa Isabel, em 1888, foi abolida a escravidão no Brasil. A medida de um sopro de popularidade à monarquia, mas não foi suficiente para impedir a proclamação da República no ano seguinte. A princesa morreu na França, em 1921. Dilma Rousseff, portanto, é a segunda mulher a governar o Brasil. (Texto de Renato Venancio, Revista Veja, 28/12/2011, página 250)

PRUDENTE DE MORAIS (1841-1902)

O paulista Prudente José de Morais E Barros foi um republicano histórico, passando pelos cargos de deputado, senador, governador e presidente (1894-1898). Assumiu o governo após duas presidências militares e em meio à intensa polarização política, representada pela Revolta da Armada (1893-1894) e pela Revolução Federalista (1893-1895). Para iniciar o processo da pacificação do país, Prudente de Morais concedeu anistia aos participantes dessas rebeliões, inclusive para acusados de graves crimes de violação dos direitos humanos. Durante seu governo, prezou o respeito à Constituição e ao Supremo Tribunal Federal, diversamente do seu antecessor, Floriano Peixoto. Em novembro de 1897 sofreu um atentado que resultou na morte de seu ministro da Guerra, que havia saído em sua defesa. Mesmo assim evitou perseguições e optou por processar os conspiradores dentro da lei. Prudente de Morais foi o primeiro governante a introduzir a anistia em sua gestão, um importante recurso que, após o término da ditadura militar, mostrou sua importância na reestruturação de uma nação democrática. (Te3xto de Marco Antonio Villa, Revista Veja, 28/12/2011, página 244)

QUINTINO BOCAIÚVA (1836-1912) – Príncipe dos jornalistas brasileiros

Jornalista e político brasileiro, Antonio Ferreira de Souza Quintino Bocaiúva nasceu em Itaguaí, RJ, foi tipógrafo, revisor e estudante de Direito na Faculdade de São Paulo (não concluiu o curso por falta de recursos). Em 1870, juntamente com Saldanha Marinho e outros, fundou o Partido Republicano em cujo jornal, A República, publicou o Manifesto que serviria de base para toda a campanha contra a monarquia. Redator dos primeiros decretos da Republica proclamada a 15/11/1889, em 1890 seguiu para a Argentina, no cargo de ministro das Relações Exteriores. Senador pelo Rio de Janeiro na ocasião do golpe de Estado do Marechal Deodoro, foi preso como conspirador; outra vez senador em 1892 e presidente do Estado do Rio de Janeiro de 1901 a 1903, anos depois voltou ao Senado. Autor de vários trabalhos políticos, estudos críticos e peças teatrais, foi fundador de O Globo, diretor de O País, foi cognominado por Ferreira de Araújo o Príncipe dos Jornalistas Brasileiros. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 125)

RAMOS DE AZEVEDO (1851-1928)

Nascido em São Paulo, em 8 de dezembro de 1851, e descendente de tradicional família de Campinas, ele iniciou na cidade o exercício de sua profissão de engenheiro-arquiteto. Lá também se uniu a um atuante grupo de republicanos que se opunha, sobretudo, à posição da monarquia de negar a participação do povo nas determinações políticas. Sua vida profissional, especialmente depois que amadureceu na capital paulista, teve dois eixos que se cruzaram: o de engenheiro, em que culminou como diretor da Escola Politécnica, e o de político republicano, em que se elegeu senador estadual em 1904. Ramos de Azevedo permaneceu no Legislativo por apenas um ano e meio, por sentir que sua função era eticamente incompatível com sua atividade de projeto e construção de prédios públicos, mas não abandonou a política. Em 1917, aliando-se a velhos amigos republicanos, filiou-se à Liga Nacional de São Paulo, que pugnava por ideais nacionalistas e democráticos, tendo por princípio inarredável da democracia o voto secreto obrigatório. (Texto de Sergio Resende de Barros, Revista Veja, 28/12/2011, página 239)

ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS (11917-2001)

Economista e diplomata, Roberto Campos se opunha ao que chamava de “nacionalismo temperamental” e “estatismo paternalista pseudossocial”. Para ele, era por causa desses aspectos que a sociedade e a economia brasileiras tiveram sua “modernização abortada”. Roberto Campos  propunha um “nacionalismo de meios”, capaz de contemplar o papel do investimento estrangeiro no processo de crescimento, acompanhado da ênfase em critérios de racionalidade e eficiência no setor público. A partir da década de 70, Campos questionou progressivamente o protecionismo comercial e a habilidade do estado planejador e centralizador, defendendo o sistema de mercado como instrumento essencial de alocação de investimentos e de desenvolvimento numa economia internacionalmente aberta. Seu argumento sobre a relação positiva entre crescimento e grau de abertura da economia foi provavelmente o aspecto mais duradouro de sua contribuição. (Texto de Mauro Boianovsky, Revista Veja, 28/12/2011, página 251)

RODOLFO TEÓFILO (1853-1932)

A varíola era uma doença que a cada epidemia causava muitas mortes em todo o mundo. A solução surgiu em 1796, com a vacina criada por Edward Jenner na Inglaterra. A vacinação foi iniciada no Brasil  em escravos nas cidades litorâneas já em 1804, como medida de cunho econômico. Mas, 100 anos depois, o benefício da imunização ainda era negado aos cidadãos em geral. Se, no Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz iniciava a vacinação em massa com o apoio do governo federal, no Ceará, ela era boicotada pelo governador. Rodolfo Teófilo, escritor e farmacêutico, decidiu em 1905 produzir e aplicar a vacina em todo o estado utilizando recursos próprios e o engajamento de voluntários. (Texto de Paulo Lotufo, Revista Veja, 28/12/2011, página 241)

RUI BARBOSA (1849-1923) – a Águia de Haia

Na política, a palavra persuasiva é uma força mais perene que a brutalidade, como atesta a trajetória de Rui Barbosa, “o maior coco da Bahia”, segundo a definição de uma caricatura de Vieira da Cunha, publicada em 1919. Abolicionista, republicano e federalista, frustrado quatro vezes em aventuras eleitorais, mas sempre aclamado como herói nacional, Rui alçou seu vôo de águia na Conferência de Paz de Haia de 1907. Representando o Brasil, rejeitou um tribunal de arbitragem controlado pelas grandes potências, conferindo forma prática ao conceito da igualdade jurídica das nações. O seu argumento de que a força não deveria ser consagrada como intérprete legitima do Direito, triunfaria definitivamente apenas com a criação da Corte Internacional de Justiça de Haia, em 1946, depois de duas guerras mundiais. Hoje, a igualdade jurídica das nações corporifica-se na Assembléia Geral da ONU. (Texto de Demétrio Magnoli, Revista Veja, 28/12/2011, página 239) Jurisconsulto, escritor, parlamentar, estadista. Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1870. Era ainda estudante quando iniciou suas atividades de jornalista, redigindo artigos em prol da Abolição em O Radical Paulistano e depois de formado foi redator do Diário da Bahia. Deputado pela Bahia de 1878 a 1884 foi um dos mais ardorosos defensores do sufrágio direto (aprovado em 1880), das reformas do ensino e sobretudo da libertação dos escravos, tendo sido o redator do projeto que entre outras coisas, propunha a libertação incondicional dos sexagenários. Conselheiro do Império por designação de D. Pedro II, foi diretor do Diário de Notícias em 1889; ministro da Fazenda do primeiro governo provisório da República do qual também foi vice-chefe (salientou-se então na elaboração de várias medidas importantes, entre as quais a declaração de liberdade para todos os cultos religiosos e a separação da Igreja do Estado com o que se regulamentou o registro e o casamento civil); revisor do Projeto da Constituição de 1891; senador em 1890; encarregado de elaborar o parecer sobre o Projeto do Código Civil Brasileiro; foi diretor do Jornal do Brasil em 1893 (desenvolveu na época intensa oposição ao governo de Floriano Peixoto: implicado na Revolta da Armada, exilou-se em Buenos Aires e depois em Londres; foi então correspondente do Jornal do Comércio, em que publicou as célebres Cartas de Inglaterra. Regressou ao Brasil em 1895. Em 1907 chefiou a delegação do Brasil à Segunda Conferência da Paz, em Haia onde granjeou fama universal, tendo sido cognominado Águia de Haia. Foi candidato à presidência da República em 1910 e em 1919. Membro e presidente da Academia Brasileira de Letras, publicou inúmeras memórias jurídicas, políticas e sociais. Morreu em Petrópolis, RJ. O dia do seu nascimento, 5 de Novembro é consagrado como Dia da Cultura Nacional. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 111-112-113)

SAN TIAGO DANTAS (1911-1964)

Reforma social – eis o nome da obsessão que conduziu San Tiago Dantas por toda a vida, desde a adesão ao integralismo, em 1932, até a formulação da Política Externa Independente (PEI), em 1961. Nessa trajetória, o nacionalismo é o componente perene, que foi temperado pela conversão ao princípio da democracia. A conversão deve ser qualificada: a “sobrevivência da liberdade”, para Dantas, “depende de nossa capacidade de estendermos a todo o povo os benefícios hoje reservados a uma classe dominante”. A PEI foi um ensaio de aplicação desse conceito à política externa. Nas relações internacionais, o Brasil buscaria agregar instrumentos para a superação do subdesenvolvimento. O comércio multilateral, sem fronteiras ideológicas, figurava como um enunciado básico da nova doutrina. Quase tudo mais envelheceu. Não isso, um princípio da Organização Mundial do Comércio e um parâmetro intocável da política externa brasileira. (Texto de Demétrio Magnoli, Revista Veja, 28/12/2011, página 249)

SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA (1902-1982)

Nascido em São Paulo, Sérgio Buarque de Holanda é um dos maiores historiadores brasileiros, Raízes do Brasil (1936), seu livro inaugural, é um dos principais ensaios de nossa bibliografia, sobretudo pela crítica à herança ibérica na formação da cultura nacional. Um desses legados é a confusão entre a esfera pública e os interesses privados, que deu origem à prática do apadrinhamento. O apego às relações pessoais, em detrimento das regras institucionais, desde cedo rotinizou a manipulação dos cargos públicos segundo as conveniências dos donos do poder. Parentes, amigos e servidores leais sempre tiveram a preferência nas indicações, tornando a função pública um instrumento de negociação particular. Esse arcaísmo português foi o responsável pela formação de vastas redes clientelares  máquina estatal. Trata-se de um costume gerado no período colonial que atravessou o Império e a República, em suas variadas fases. Até hoje permanece como traço marcante na vida política brasileira, seja no sentido tradicional, seja em variantes como o nepotismo ou o aparelhamento das instâncias de governo. (Texto de Ronaldo Vainfas, Revista Veja, 28/12/2011, página 249)

TEIXEIRA LOTT (1894-1984)

O marechal Henrique Duflles Teixeira Lott foi ministro da Guerra no governo de Juscelino Kubitschek. Mineiro, tinha forte sentimento de dever e honra e afirmava fazer tudo pela pátria, pela lei e pela ordem. Legalista até o fundo da alma pregava a obediência estrita aos comandos constitucionais e o respeito às instituições republicanas. Lott queria as Forças Armadas longe da vida política. Em 1955, evitou golpe militar, em conjunto com a UDN, que pretendia impedir a posse de Juscelino. Também se opôs ao golpe e à ditadura militar de 1964, mantendo-se fiel ao princípio de que as Forças Armadas devem defender a legalidade. Em 1985, os militares voltaram aos quartéis e o Brasil, à democracia. Os princípios defendidos por Lott continuam essenciais ao estado de direito. (Texto de Ronaldo Costa Couto, Revista Veja, 28/12/2011, página 247)

TRISTÃO GONÇALVES PEREIRA DE ALENCAR ARARPE (1790-1825), um dos mártires do regime republicano

Patriota brasileiro nascido em Barbalha, CE, era irmão do romancista José de Alencar, com o qual foi preso quando do malogro da Revolução Pernambucana de 1817. Posto em liberdade em 1821, continuou a lutar pela Independência. Em 1823 participou da chamada Guerra da Independência (movimentos militares contras as forças portuguesas remanescentes em todo o território nacional) e em 1824 aderiu à revolução republicana conhecida por  Com federação do Equador: no comando das forças independentes rumou para o sul; contudo, ante à superioridade das milícias imperiais comandadas pelo Almirante Lorde Cochrane, teve de fugir: vestido à paisana, quis atravessar o Rio Jaguaribe, em Santa Rosa, para despedir-se da mulher e dos filhos, mas caiu ferido por disparos da patrulha comandada pelo Major Leão da Cunha, que o matou com um golpe de espada. (Fonte: Moderna enciclopédia brasileira, página 72)

VICTOR NUNES LEAL (1914-1985)

Mineiro de Carangola, Victor Nunes Leal chegou ao Supremo Tribunal Federal em 1960, após ter passado por outros cargos públicos durante o governo Juscelino Kubtscheck. Entre suas contribuições estão a sistematização e a racionalização das decisões do STF. O objetivo do jusrista era criar padrões mais elaborados de trabalho e ampliar a transparência do Tribunal. Leal legou ainda sentenças históricas em defesa da liberdade e da democracia, antes de ser forçado a se aposentar pelo AI-5, além de ter escrito um livro clássico sobre nosso sistema político: Coronelismo, Enxada e Voto, de 1948. Nessa obra, Leal critica a política de troca de favores entre chefes locais e os governos estaduais e federal. Esse modelo baseado no nepotismo, na compra de apoios entre parlamentares e no voto de cabresto continua presente na política nacional. (Texto de Oscar Vilhena Vieira, Revista Veja, 28/12/2011, página 251)

VISCONDE DE CAIRU (1756-1835)

José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu, foi jurista e homem público. Participou da Assembléia Constituinte de 1823 e do Senado, entre 1826 e 1835, defendendo sempre a unidade política do império, a liberdade de comércio e o interesse público. Nos primórdios do estado constitucional brasileiro, não era raro o uso da política para a defesa de interesses privados. Em várias ocasiões, Cairu criticou essa prática e, tanto na imprensa como no Parlamento, defendeu a virtude cívica e a ética como qualidades imprescindíveis aos governantes. O compromisso com a ética por parte do homem público permanece vital nas sociedades democráticas contemporâneas. (Texto de Tereza Cristina Kirschner, Revista Veja, 28/12/2011, página 233)

VISCONDE DE MAUÁ (1813-1889)

Nascido em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e membro de família modesta, Irineu Evangelista de Souza foi alfabetizado, em São Paulo, por um tio. Aos 11 anos, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se empregou como caixeiro, em loja que vendia de produtos agrícolas a escravos. Mudou de emprego, aprendeu contabilidade e inglês e, após uma viagem à Inglaterra, decidiu tornar-se industrial, adaptando os avanços tecnológicos que viu por lá. Deu início à indústria naval com a Fundição e Estaleiro Ponta de Areia, com mais de 1.000 empregados. Com eles dividia, pioneiramente, os lucros da empresa. A estratégia de motivação e de valorização do mérito funcionava. Aos 40 anos, já era homem rico. Controlava dezessete empresas, operando em seus países. Visionário, tomou a iniciativa de inaugurar a iluminação a gás na capital, o cabo telegráfico submarino que ligava o Brasil à Europa e diversas ferrovias. Abolicionista convicto, esbarrou no conservadorismo das elites políticas e econômicas e em dificuldades financeiras que o levaram a falir em 1875. (Texto de Mary Del Priore, Revista Veja, 28/12/2011, página 242) 

 VITAL BRAZIL (1865-1950)

A educação básica obrigatória já era realidade na Europa e na Argentina no século XIX. NO Brasil do início do século XX, poucos defendiam a educação universal como solução para o desenvolvimento e a consolidação de ideais cívicos e republicanos. Acreditava-se que o povo brasileiro teria uma “deformação étnica”, impeditivo maior de progresso social. O médico e sanitarista Vital Brazil se formara com dificuldade e acreditava na força transformadora da ciência e da educação. Ele reproduziu no Brasil o tratamento contra a peste bubônica e desenvolveu uma grande quantidade de soros para vítimas de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões. Fundou o renomado Instituto Butantan, de São Paulo, onde criou, na década de 10, uma escola para os filhos de funcionários e o primeiro curso de alfabetização para adultos do país. Apenas muito tempo depois da iniciativa de Vital Brazil, outras instituições passaram a se preocupar com a educação de seus empregados. (Texto de Paulo Lobufo, Revista Veja, 28/12/2011, página 241)

 

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