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NÃO AGÜENTO MAIS ESSAS CRIANÇAS!

Antonio de Andrade *

    É comum ouvir pais e educadores desesperados com o que constatam com as crianças e jovens da atualidade: sem limites, sem respeito aos mais velhos ou a outras crianças, violentas, agressivas, sem educação no uso das palavras e vários outros comportamentos inadequados para um convívio saudável com os outros. Chegou-se ao ponto de crianças matarem outros, por simples desavença ou por inveja, ou ainda para tirar os pais de sua vida, para poderem usufruir dos bens econômicos deles ou porque os pais proibiram alguma coisa.

    Essa triste realidade mostra que muitos pais estão "educando" os seus filhos de modo errado, dando ênfase à cobiça, à ganância, à inveja, a egoísmo, chegando a desenvolver pessoas materialistas e que só sabem se relacionar com os outros através de competição, com o desejo único de "passar a perna" nos outros para sobrepujá-los em todas as coisas. Crianças e jovens "educados" com valores distorcidos, que aprenderam a não respeitar nada e ninguém, agindo sem respeito a qualquer limite ou regra de educação. O pior disso tudo é que essas crianças e jovens acreditam que não serão responsabilizados pelos atos errados que cometerem, achando que "podem fazer tudo o que quiserem" (Geração Pode Tudo). Acham inclusive que têm a lei ao lado deles, como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente que em seu artigo 15 expressa que "a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas em processo de desenvolvimento..." e no artigo 18 diz que "É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor". As crianças e jovens querem ter esses "direitos" mas, muito conveniente para eles, procuram fazer de conta que não têm nenhum "dever" para cumprirem e respeitarem. Os valores distorcidos os fazem ter uma única preocupação: ter, somente "ter" bens materiais, roupas e dinheiro, sem a preocupação de também virem a "ser", desenvolvendo características saudáveis como seres humanos, em especial o respeito, a honestidade, o altruísmo, o cavalheirismo, a cordialidade, a disciplina, a humildade, a lealdade, a paciência, a perseverança, a responsabilidade, a sensibilidade, a sinceridade, etc.

    Pais e educadores, frente a essa realidade, sentem-se perdidos e impotentes e a sociedade enfrenta a escalada de atos de violência. Alguns, de modo irônico e com desespero, querendo fugir dessa situação, poderiam até gritar: - "Não aguento mais essas crianças e os jovens! Parem o planeta, que eu quero descer!"

    Calma! Nada de desespero! Ainda é possível apagar ou controlar esse "incêndio" comportamental das crianças e dos jovens. Sabe como? Cada adulto, você inclusive, segurar com firmeza as rédeas da educação das novas gerações. Ei, você aí! Nada de ir saindo de mansinho, fugindo de sua responsabilidade, achando que "não é comigo"... Vamos lá, assuma a sua parte na mudança dessa realidade! Tenha firmeza com coração, com emoções positivas, nos seus contatos com as crianças e os jovens. Firmeza, mostrando a eles o caminho certo, as atitudes saudáveis, o modo educado e com harmonia de viver e se relacionar com os outros. Faça tudo o que estiver ao seu alcance fazer para socializar e humanizar as crianças e os jovens, ensinando ordem, disciplina, respeito a regras para o bem coletivo da sociedade e muitas outras características saudáveis. Lembre-se do que alertava Augusto Comte (1798-1857), filósofo francês e pai do Positivismo: "a harmonia e a ordem são pressupostos fundamentais para a vida em sociedade".

    O aprendizado de regras de comportamento disciplinado, responsável e consciente, poderá tornar o ser humano mais civilizado e com condições de melhor conviver com os outros na sociedade humana. Longe de serem medidas castradoras da liberdade das pessoas, esse aprendizado de condutas saudáveis, na realidade torna-se uma condição básica de sobrevivência da própria sociedade. E o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) já afirmava categórico, mostrando o caminho: "Tão só pela educação pode o homem chegar a ser humano".

    Então, que tal você e todos os adultos, independente de suas atividades, em todos os contatos com as crianças e jovens, começarem a agir para a formação de atitudes saudáveis, conscientes, equilibradas e responsáveis? Vamos lá! Está em suas mãos conseguir mudanças da triste realidade constatada com as crianças e os jovens! Se cada adulto começar a fazer bem feita sua parte, na educação das crianças e dos jovens, mudanças significativas poderão ser atingidas. E aí poderemos concordar com o poeta Goethe (1749-1832) quando disse que "Quem não brinca com a vida, chegará a bom termo", pois não estaremos "brincando com a vida", mas estaremos "chegando a um bom termo", aos ideais de uma sociedade civilizada, onde existirá um melhor ambiente de convivência social para se viver...

* No site www.editora-opcao.com.br há outros artigos, livros e palestra de Antonio de Andrade. Veja, em especial, os livros "Criança Feliz, Adulto feliz" e "Disciplina e a Educação para a Cidadania" livros encontrados somente por esse site.