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 TEMA: O PODER DA ALTA EXPECTATIVA DOS NAMORADOS 

Prezado/a internauta 

 

Quando se aproxima o Dia dos Namorados, muitos aproveitam a ocasião para uma reflexão positiva sobre a relação emocional entre os namorados. Há um aspecto raramente examinado nessa relação: o poder da alta expectativa que cada namorado tem em relação ao outro. O artigo que irá ler enfoca esse aspecto e é minha contribuição, como jornalista com formação em Psicologia, para sua reflexão ao comemorar o Dia dos Namorados.   

Com um abraço fraterno, 

Antonio de Andrade

contato pelo e-mail opcao@editora-opcao.com.br

 

É autorizado o uso do artigo, por quaisquer meios, com a indicação do autor e do site.

 
 



  

 

 

 

 

O PODER DA ALTA EXPECTATIVA DOS NAMORADOS

 Antonio de Andrade  *

        Você já parou para examinar  por qual motivo os namorados, de modo geral, vivem uma fase maravilhosa da vida? Como eles se dedicam um ao outro procurando cada um fazer o outro sempre feliz, vivendo os dois num estado de alegria e de entusiasmo?  "Ah!" – dirá você – "eles estão apaixonados um pelo outro e quando se está apaixonado é assim mesmo!"

         Muitas explicações poderão ser dadas, mas um fato que raramente é abordado é que os namorados estão, sem o saber, utilizando a força das altas expectativas um com o outro: cada um acredita em excelentes qualidades que acha que o outro tenha e age como se o outro realmente tivesse essas qualidades. Cada um "olha" para o outro de modo positivo, acreditando que o outro tenha altas qualidades. E assim, as altas expectativas – aquilo que se acredita que o outro seja – funcionarão como um "fator desencadeador positivo do comportamento do outro e de quem criou essas altas expectativas. Isso já foi definido por J.K. Merton, professor de Sociologia da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, quando elaborou o conceito do "fator desencadeador": "quando alguém prevê um acontecimento, a expectativa do acontecimento modifica o comportamento do "profeta" de tal maneira que aumenta as probabilidades desse acontecimento se tornar realidade". Em outras palavras, o "fator desencadeador" é como diz aquele ditado popular: "O olhar do dono engorda o gado" Ou como diz aquela filosofia japonesa chamada de "Ittaidoshin": pessoas diferentes (raças diferentes, sexos diferentes, etc), mas todos com o mesmo objetivo: cada um contribuindo com sua parte em busca da felicidade para todos.

         Olhando para o outro com altas expectativas, cada namorado desenvolverá sentimentos positivos, num estilo de união onde a cada momento são criadas condições de apreciar a beleza do outro, e há condições também de ser questionado, ser enfrentado de modo realístico a vida a dois, destruindo o que não estiver bom e reconstruindo de um modo melhor, cada um garantindo seu espaço próprio e sua própria identidade, num verdadeiro encontro a dois, cada um estimulando o outro a desenvolver aquelas qualidades que se acredita que o outro tenha. Isso significa que um namorado ao criar altas expectativas em relação ao outro começa a agir com comportamentos de entusiasmo contagiante em relação ao que acredita que o outro seja, tenha qualidades ou agirá. E isso refletirá tanto no comportamento deles no namoro, vivendo então uma relação de amor e felicidade.

         A alta expectativa de um namorado para com o outro transforma a relação em algo maravilhoso e eles vivem a vida como se tudo fosse colorido. O grande segredo entre namorados felizes e realizados, é "o modo como cada um trata o outro". Isso foi bem dito pela florista Eliza Doolittle, personagem da peça "Pigmaleão" de George Bernard Shaw, popularizada pela peça "My Fair Lady":..."a diferença entre uma dama e uma florista não está em como ela se comporta, mas em como ela é tratada". Cada namorado pode ser a melhor pessoa porque sabe que o outro a está tratando como se fosse uma melhor pessoa, cheia de qualidades.  

         A alta expectativa que cada namorado tem com o outro exerce uma extraordinária influência positiva – um efeito do qual frequentemente os dois nem se dão conta. Psicólogos já demonstraram o grande poder que a expectativa tem sobre o comportamento das pessoas. Esse fenômeno foi chamado de "O efeito Pigmaleão": as pessoas tornam-se aquilo que outras esperam que se tornem. Ou seja: a previsão ou expectativa de um acontecimento pode realmente fazer com que aconteça. Se as expectativas de um namorado para com o outro são altas, o namoro tem probabilidade de ser excelente. Se, porém, as expectativas forem baixas, esse namoro está fadado ao fracasso. (Pigmaleão foi um escultor da mitologia grega que esculpiu uma estátua de uma bela mulher. Acreditou tanto nela (e apaixonou-se por ela) que os deuses deram vida à estátua.)

         Já está mais do que provado pela Psicologia que o conceito que cada um tem de si mesmo é, em grande parte, um reflexo dos julgamentos que os outros fazem dele. Essa avaliação vem a ser interiorizada como um conceito próprio. Uma vez tendo-as aceito, interiorizada e incorporada ao seu autoconceito, essas avaliações agem como forças poderosas influenciando no seu comportamento. A pessoa sente-se como obrigada a agir de acordo com as expectativas que ela aceitou e interiorizou. Isso significa que, no caso dos namorados, quando cada um desenvolve altas expectativas em relação ao outro, cada um está criando uma "profecia de autorrealização" e o outro tentará viver aquilo que é esperado dele.

         Por isso, torna-se importante que os dois namorados procurem construir uma relação realista, lutando juntos nessa construção de uma relação de casal que possa continuar com felicidade, evitando que um se frustre com o outro. O namoro é aquela fase onde os dois têm e desenvolvem simpatia um pelo outro, buscando um convívio com afinidades que permitirá o desabrochar do sentimento de amor. O namoro é o ponto de partida para a busca de uma vida a dois onde haja felicidade, uma oportunidade de conhecerem melhor as qualidades um do outro e os defeitos também, descobrindo as identidades dos ideais, estabelecendo as bases da compreensão recíproca, da harmonia de sentimentos. Mas para que essa situação ocorra é preciso muita sinceridade, muito diálogo, muito respeito no qual a simples atração dos instintos não venha a dominar, com exclusão de outras características indispensáveis a uma união duradoura e feliz. 

        E nisso tudo, um ponto fundamental que evitará problemas futuros, na vida de namoro ou na de casamento, se o namoro for para a frente e chegar a um casamento ou a uma união estável, é os dois conversarem de modo franco e objetivo, com honestidade e autenticidade, sobre as expectativas que cada um tem sobre o outro. Assim será evitada a frustração revelada naquela historinha da mulher que achava que o homem com quem  tinha se casado era paciente, calmo, amoroso, que tratava tudo e a todos muito bem. Após a festa de casamento, ao viajarem de carroça do sítio dos pais dela para o sítio dele, o burro empacou na estrada. O marido com quem ela tinha acabado de se casar, desceu da carroça e disse no ouvido do burro: Um... O marido subiu à carroça e continuaram a viagem. Lá na frente, o burro empacou de novo. O marido desceu e disse ao burro: Dois... E quando estavam chegando ao sítio do marido, onde iam viver, o burro empacou pela terceira vez: O marido desceu, pegou uma espingarda e matou o burro. A mulher ficou chocada com o comportamento do marido dela, tudo diferente do que ela imaginava dele (expectativa que tinha dele). E reclamou: - Mas você é bem diferente do que eu pensava, em vez de tratar bem tudo e todos, inclusive os animais, você matou o coitado do burro... O novo marido olhou para ela e disse: Um...

Depois de refletir sobre essas ideias, leia, ria e também reflita um pouco sobre as "expectativas" apresentadas por um homem e por uma mulher no texto a seguir, de autor desconhecido, publicado em um jornal:

HOMEM DESCASADO PROCURA...

Homem de 40 anos, que só gosta de mulher, após casamento de sete anos, mal sucedido afetivamente, vem através deste anúncio, procurar mulher que só goste de homem, para compromisso duradouro, desde que esta preencha certos requisitos.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE tenha idade entre 28 e 40 anos, não descartando, evidentemente, aquelas de idade abaixo do limite inferior, descartando as acima do limite superior.

Devem ter um grau razoável de escolaridade, para que não digam, na frente de estranhos: "menas vezes", "quando eu si casar", "pobrema no úter", "eu já si operei de apênis", "é de grátis", "vamo de a pé", "adoro tar com você" e outras pérolas gramaticais.

Os olhos podem ter qualquer cor, desde que sejam da mesma e olhem para uma mesma direção.

Os dentes, além de extremamente brancos, todos os 32, devem permanecer na boca ao deitar e nunca dormirem mergulhados num copo d'água.

O seios devem ser firmes, do tamanho de um mamão papaia, cujos mamilos olhem sempre para o céu, quando muito para o purgatório, nunca para o inferno.

Devem ter consistência tal que não escapem pelos dedos, como massa de pão.

Por motivos óbvios, a boca e os lábios, devem ter consistência macia, não confundir com beiço.

A barriga, se existir, muito pequena e discreta, e não um ponto de referência.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE seja sexualmente normal, isto é, tenha orgasmos, se múltiplos melhor, mas mesmo que eventuais, quando acontecerem, que ela gema um pouco ou pisque os olhos, para que ele sinta-se sexualmente interessante.

Independentemente da experiência sexual do PRETENDIDO, este exige que durante o ato sexual a PRETENDENTE não boceje, não ria, não fique vendo as horas no rádio relógio, durma ou cochile.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE não tenha feito nenhuma sessão de análise, o que poderia camuflar, por algum tempo, uma eventual esquizofrenia.

A PRETENDENTE deverá ter um carro que ande, nem que seja uma Brasília, que tenha dinheiro para o táxi, uma vez que pela própria idade do PRETENDIDO, ele não tem mais paciência para levar namorada de madrugada para casa.

Enviar cartas com foto recente, de corpo inteiro, frente e costas, da PRETENDENTE, para a redação deste jornal, para o codinome:

'CACHORRO MORDIDO DE COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE".


Resposta de uma Pretendente, publicada dias após:

Prezado HOMEM DESCASADO, li seu anúncio no jornal e manifesto meu interesse em manter um compromisso duradouro com o senhor, desde que (é claro) o senhor também preencha outros "certos" requisitos que considero básicos!

Vale lembrar que tais exigências se baseiam em conclusões tiradas acerca do comportamento masculino em diversas relações frustradas, que só não deixaram marcas profundas em minha personalidade, porque "graças a Deus", fiz anos de terapia, o que infelizmente contraria uma de suas exigências!

Quanto à idade convém ressaltar que espero que o senhor tenha a maturidade dos 40 anos e o vigor dos 28, e que seu grau de escolaridade supere a cultura que porventura tenha adquirido assistindo aos programas do "Show do Milhão"...!

Seus olhos podem ser de qualquer cor desde que vejam algo além de jogos de futebol e revistas de mulher pelada. E seus dentes devem sorrir mesmo quando lhe for solicitado que lave a louça ou arrume a cama.

Não é necessário que seus músculos tenham sido esculpidos pelo halterofilismo, mas que seus braços sejam fortes o suficiente para carregar as compras.

Quanto à boca, por motivos também óbvios, além de cumprir com eficiência as funções a que se destinam, as bocas - no relacionamento de um casal, devem servir, inclusive, para pronunciar palavras doces e gentis e não somente: 'PEGA MAIS UMA CERVEJA AÍ, MULHER!".

A barriga, que é quase certo que o senhor a tenha, é tolerável, desde que não atrapalhe para abaixar ao pegar as cuecas e meias que jamais deverão ficar no chão.

Quanto ao desempenho sexual espera-se que corresponda ao menos polidamente à "performance" daquilo que o senhor "diz que faz" aos seus amigos! E que durante o ato sexual, não precise levar para a cama livros do tipo: "Manual do corpo humano" ou "Mulher, esse ser estranho"!

No que diz respeito ao Item alimentação, cumpre estar atualizado com a lista dos melhores restaurantes, ser um bom conhecedor de vinhos e toda espécie de iguarias, além de bancar as contas, evidentemente.

Em relação ao carro, tornam-se desnecessários os trajetos durante a madrugada, uma vez que, havendo correspondência nas exigências que por ora faço, pretendo mudar-me de mala e cuia para a sua casa ... meu amor!!!

Ass.:  A COBRA

* No site www.editora-opcao.com.br Antonio de Andrade apresenta mais mensagens para um viver feliz e realizado, artigos, livros e palestras.