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  TEMA: LIDERANÇA - SEXO E DOMINAÇÃO - OS ALFAS E OS ÔMEGAS 

Prezado/a internauta 

 

A seguir há uma mensagem interessante sobre a dominação e a atitude de "alfa", um aspecto pouco conhecido e estudado do comportamento humano. O texto defende a ideia da existência dos "alfas dominantes" num relacionamento. Em complemento, leia também o texto  Liderança, quem domina quem? encontrado neste site. O link é: www.editora-opcao.com.br/ada414.htm

 

São interessantes os dois pontos de vista. Leia os dois textos e reflita sobre o assunto.

Com um abraço fraterno,

 

Antonio de Andrade

 

 

 

 

LIDERANÇA: SEXO E DOMINAÇÃO - OS ALFAS E OS ÔMEGAS

(Da Coleção "EGO - GUIA DO COMPORTAMENTO HUMANO", Abril Cultural, 1975, volume 1, páginas 65-68, artigo "Sexo e dominação")

Quem são esses personagens dominadores que recebem de certos psicólogos a poética denominação de "alfas"? De que faixa social eles provêm? Seus filhos também serão alfas?

Os indivíduos dominantes apareceriam em qualquer faixa social e sempre nas mesmas proporções, seja qual for a posição dos pais na hierarquia social. Robert Ardrey, autor de African Genesis, foi o primeiro a chamar a atenção sobre a teoria conhecida como "um entre vinte", segundo a qual existe em qualquer grupo a proporção de um indivíduo dominante (alfa) para dezenove dominados (ômegas).

As pesquisas de Ardrey teriam permitido desvendar um dos segredos da Guerra da Coréia. Os prisioneiros americanos nunca procuravam escapar, porque os vigilantes chineses, depois de observá-los durante algum tempo, retiravam dentre eles aqueles que se mostravam "dominantes", encarcerando-os num recinto separado, sob forte guarda. Uma vez removidos os líderes, tornava-se bem mais fácil lidar com os demais prisioneiros, cuja vigilância exigia um número insignificante de guardas. Os chineses observaram que o número de prisioneiros dominantes era sempre de exatamente 5%: um entre vinte. Se não foi bem assim, pelo menos ficou lavada a honra dos americanos que não procuraram fugir: quem não é "alfa" tem direito ao sossego.

Nenhuma pesquisa mais séria foi inda realizada para se estabelecer o porquê dessa estranha porcentagem: um entre vinte. Segundo Ardrey, ainda, a dominação ocorre quando "dois ou mais animais (ou seres humanos) exercem a mesma atividade". Alguns psicólogos afirmam que os indivíduos se tornam criminosos porque sua força de realização foi reprimida ou frustrada, passando então a ser utilizada na busca do êxito em áreas anti-sociais.

As pesquisas de John Calhoun, no Instituto Nacional de Saúde Mental de Bethsda, Maryland (EUA), revelaram dados perturbadores sobre a dominação. Ele observou o comportamento de ratos sob condições de superpopulação, a fim de analisar suas reações. Um grande número desses animais foi colocado em três gaiolas interligadas. O "rato rei" apoderou-se da gaiola central, permanecendo nela com seu harém; os demais foram forçados a se comprimir nas outras gaiolas. Os 5% constituídos de predestinados "dominantes" tornaram-se rapidamente criminosos com relação ao "código de honra" habitual dos ratos livres: passaram a agir de maneira jamais vista anteriormente. Normalmente, os ratos seguem um elaborado ritual de corte que permite a autoproteção; contudo, nas gaiolas superlotadas, os roedores começaram a formar verdadeiros bandos, violentando as fêmeas, e se tornando canibais, devorando as crias recém-nascidas.

Entre os animais, segundo aqueles pesquisadores, os "alfas" têm liberdade de usar o sexo sempre que o desejarem e, invariavelmente, fazem-no mais frequentemente que os machos não-dominantes. Além de poderem escolher a fêmea, os "alfas" tendem a acumular várias companheiras.

O psicólogo Abraham Maslow passou horas a observar os macacos do Jardim Zoológico do Bronx, em Nova York. Os animais pareciam viver em função do sexo e Maslow descobriu que eram sempre os macacos altamente dominantes que determinavam a escolha do parceiro, sem distinção de sexo. O desconcertante era que tanto os machos como as fêmeas não escolhiam sempre o sexo oposto - o que dá bastante o que pensar com relação aos "alfas" deste mundo. O fato despertou em Maslow o interesse pelo fenômeno da dominação, porque talvez Freud tivesse se enganado a respeito da importância do sexo. Maslow decidiu estudar a dominação nas mulheres - o sexo culturalmente não-dominante. Entre 1937 e os primeiros anos da década de 40, ele estudou de perto quase duzentos casos de mulheres. Os resultados foram tão espantosos que os psicólogos não sabiam como interpretá-los e, assim, ficaram até hoje sem definição.

As mulheres pareciam estar classificadas bastante claramente em três grupos, que Maslow rotulou de "dominação forte", "dominação média" e "dominação fraca". As mulheres de dominação forte, segundo a pesquisa, tendiam a ser muito sexuais. O que os pesquisadores queriam dizer é que a maioria delas se masturbava sem qualquer sentimento de culpa, gostava de novas experiências sexuais e era, em geral, promíscua. Muitas tinham tido experiências homossexuais. Para atingir plena satisfação sexual, essas mulheres precisavam de um homem altamente dominante. Uma delas podia chegar ao orgasmo simplesmente olhando para um homem; no entanto, não foi capaz de ter orgasmo com determinado indivíduo, porque não conseguia respeitá-lo.

O grupo de mulheres de dominação média era constituído, em sua maioria, de almas delicadas, em geral menos experientes. Elas queriam casar-se com "a pessoa certa" e procuravam um homem bondoso, atencioso, que pudesse ser um bom pai de família. Durante o namoro, apreciavam música suave, pouca luz, romance e se assustavam com os homens altamente dominantes que, no seu entender, eram brutos.

Por sua vez, as mulheres de baixa dominação não gostavam de sexo e o julgavam sujo, tolerando-o apenas em função da procriação. Consideravam o órgão sexual masculino grosseiro e feio e preferiam o tipo de homem que as admirasse de longe.

Todas as mulheres entrevistadas davam preferência a um homem que fosse um pouco mais dominante do que elas próprias, mas não dominador demais, pois isso as assustava, Os homens de alta dominação, por sua vez, tendiam a achar sentimentais as mulheres de dominação média e não conseguiam se envolver profundamente com as de baixa dominação.

Dada a tendência do "alfa" à promiscuidade, seria de temer que ele tivesse mais filhos que os outros indivíduos, e todos iguaizinhos ao pai. felizmente isto não ocorre: os filhos de indivíduos dominantes - garantem os pesquisadores - não são necessariamente chefões, dominantes. No entanto, na medida em que a capacidade de liderança tem algo a ver com a inteligência, esses filhos tenderiam a ser mais inteligentes do que a média, fator esse potencialmente hereditário.

Os "alfas" seriam em geral primogênitos, mas isso não significa que tenham mais inteligência do que seus irmãos ou irmãs, embora demonstrem uma vontade de vencer que parece caracterizar o filho mais velho. Evidentemente, a causa desse anseio de vitória poderia decorrer do comportamento dos pais, que pretendem ver todos os seus desejos realizados no primeiro filho. Contudo, mesmo quando acompanhada de uma inteligência excepcional, essa determinação não constituiria a verdadeira dominação, que requereria uma misteriosa dose de "magnetismo pessoal" e liderança.

Entre os animais, há alguma evidência de que o primogênito possa ser dominante. Se tomarmos como exemplo as gaivotas kittiwakes, veremos que a fêmea costuma botar dois ovos em dias consecutivos e que eles se abrem na mesma ordem. Invariavelmente, o passarinho que nasce primeiro bica o mais novo e se torna dominante. Entre os humanos, nenhuma solução assim tão cômoda foi observada pelos pesquisadores que estudam os conflitos de dominação.

O sexo dos animais também parece influir na dominação. Richard Adler cita a seguinte observação, realizada em laboratório: "Em dois grupos de pássaros, um de machos e outro de fêmeas, havia uma ordem hierárquica. No grupo das fêmeas, uma "ômega" recebeu injeções de testosterona (hormônio sexual masculino) e evoluiu para "alfa" em oito dias. Um "ômega" do grupo masculino recebeu a mesma injeção e subiu até o segundo posto.

No que diz respeito aos seres humanos, não se promove necessariamente um indivíduo na escala da dominação, dando-lhe um hormônio masculino. Mas a promoção de uma pessoa à posição "alfa" lhe permitirá automaticamente ser bem sucedida no campo sexual - ao menos é o que supõem os pesquisadores. Os homens poderosos, em geral, atraem as mulheres, da mesma forma que as mulheres poderosas ganham a admiração masculina.

O fato de as mulheres conquistarem menos posições dominantes decorre de uma contingência cultural, mas isso está mudando rapidamente, com muitas mulheres já assumindo posições de dominação. É claro que entre si, elas formam exatamente a mesma hierarquia que poderia ser estabelecida por qualquer outro grupo  de pessoas. Mas na companhia de homens, as mulheres figuram menos como "alfas", embora possam dominá-los individualmente. Apesar de chegarem muitas vezes ao alto da escala, não o fazem com tanta frequência quanto os homens. Isso se deve ao fato de que as mulheres tradicionalmente e no mundo ocidental moderno, são condicionadas a acomodar-se desde a infância à aceitação de  um papel secundário na escala social, apesar de já haver sensível mudança neste aspecto cultural e de aprendizagem social. Na verdade, elas sofrem um condicionamento constante no sentido de assimilar comportamentos, atitudes e valores impostos por uma cultura de dominação tradicionalmente masculina.

De maneira geral, como reconhecem os autores desse tipo de pesquisas, a dominação é relativa. Num certo grupo, um indivíduo razoavelmente medíocre pode ser líder, enquanto que um "alfa" de alta qualidade pode ser hierarquicamente inferior num outro tipo de ambiente. O que realmente contaria é a qualidade dos que estão acima e abaixo dele. Se as pessoas situadas acima do "alfa" na escala forem ainda mais dominadoras haverá equilíbrio; mas, se estiverem naquela situação em decorrência de privilégios e não por mérito próprio, o "alfa" poderá sentir-se frustrado e deprimido, o que deve constituir um espetáculo assaz embaraçoso para os noutros pobres mortais.