Esses poderosos seres humanos não chegaram ao nosso planeta no
fim de uma aventura. Provavelmente, sabiam que, mais além da Via Láctea,
infinitamente mais longe, e em todas as direções, existiam, e ainda existem,
incontáveis galáxias com milhões de planetas, entre estes, talvez, muitíssimos
semelhantes à Terra. Mas vieram à Terra e geraram uma humanidade, o que nos faz
pensar que sua vinda se destinasse a uma missão cujo centro de interesse
era nosso planeta. Os homens gerados na Terra integraram uma humanidade em que
cada um se distinguia pela capacidade e pela qualidade e quantidade de
conhecimentos. Não se pense, entretanto, que os homens que vieram do cosmo
tinham estabelecido as diversas categorias cognoscitivas com o fim de limitar
egoisticamente as faculdades intelectuais dos homens e, desse modo,
aproveitarem-se deles. As categorias se impunham pela diversidade de atividades
que deveriam ser desenvolvidas para a existência do homem, de modo que as
diferentes funções humanas serviam à humanidade em seu conjunto. A ascensão de
uma categoria a outra requeria longos períodos de reflexão sobre os
conhecimentos adquiridos. desse modo, assegurava-se que o homem, antes de
atingir uma categoria cognoscitiva mais elevada, estivesse responsavelmente
compenetrado, por experiência própria, dos conhecimentos que possuía e da
importância da função que vinha desempenhando. Os homens sabiam que todos
poderiam chegar a atingir o nível reflexivo e cognoscitivo dos homens que os
geraram. Não se tratava, pois, nem de um prêmio nem de um castigo, mas de um
direito natural que se exercia.
Indiscutivelmente, os que vieram do cosmo foram homens muito mais
evoluídos intelectualmente que os homens que alcançaram, em nosso planeta, um
elevadíssimo nível de reflexão. A prova disso está em que os homens gerados em
nosso planeta, apesar do alto nível reflexivo e cognoscitivo que atingiram,
puseram em perigo não só o planeta como também o gênero humano. A situação
pré-cataclísmica e o próprio cataclismo resultaram da inferioridade em que os
homens da Terra se encontravam em face dos que vieram do cosmo. Penso que os
homens gerados pelos antigos homens gliptolíticos mudaram a finalidade de suas
vidas por terem começado a utilizar o elevado nível cognoscitivo e reflexivo
atingido em detrimento dos que ocupavam categorias inferiores.
O motivo deste desnaturado uso do poder de reflexão e de
conhecimento foi o fato de tomarem como centro de interesse da existência o
gozo da vida material. Se levarmos em conta que os homens vindos do cosmo
imprimiram na humanidade que geraram o desenvolvimento da capacidade de reflexão
para aumentar e conservar o conhecimento, o gozo da vida material significou uma
regressão ao estado de animalidade e, por conseguinte, a mudança da finalidade
de vida humana. Com isto, a idéia do gozo material e o propósito de comprazer-se
permanentemente nesta vida passaram a ser os ideais dos demais homens e,
portanto, a aspiração de toda a humanidade. Os homens gliptolíticos que
haviam gerado homens no planeta Terra tinham o poder cognoscitivo suficiente
para obrigá-los a seguir a verdadeira finalidade. Mas não o fizeram.
Agindo como verdadeiros homens cognoscitivos, respeitaram essa decisão, porque
sabiam que obrigá-los a seguir o verdadeiro caminho seria uma imposição e até
uma forma de escravidão. Os homens gliptolíticos sabiam que o caminho
escolhido levaria os homens à própria destruição e, com isso, à destruição
da exuberante humanidade que haviam forjado, mas sabiam também que essa
destruição não seria total, pois alguns homens haveriam de salvar-se. Pensando
nos sobreviventes e na humanidade que ressurgiria a partir destes para o futuro,
mandaram gravar as mensagens que agora nossa atual humanidade começa a conhecer.
A ordem de gravá-las foi a única imposição a que recorreram. Sabiam, baseados em
que o gênero humano não se extinguiria que, em algum dia, homens dessa futura
humanidade encontrariam os testemunhos e alguns deles decifrariam as mensagens.
Sabiam também que tomariam consciência então, dos erros cometidos pelo homem
e da verdadeira finalidade da existência humana. Gravadas as mensagens, os
homens gliptolíticos regressaram ao seu planeta.
A muitos milhões de anos da existência daquela humanidade, a
mudança da finalidade da vida do homem persiste. A atual humanidade parece ter
chegado à conclusão de que a natureza do homem é fonte de atos negativos cada
vez mais imprevisíveis e que, por isso, o homem deve desconfiar de seus
semelhantes, porque o homem é inimigo do homem. Daí resulta que a atual
humanidade tenha forjado um mundo em que cada um, com o desejo de alcançar a
felicidade, pensa e crê que deve atingi-la impondo-se aos demais. Por isso,
não é de se estranhar, num mundo assim forjado, que tenha cabimento e validade
aquele conceito: o "homem é lobo para o homem" e que a expressão "a luta pela
vida" tenha adquirido um significado que jamais teve. Já não se trata da luta do
homem para dominar o seu habitat; trata-se, agora, lamentavelmente, da luta
do homem para dominar o homem. Com esta concepção, a humanidade atual
estabeleceu suas normas de vida para conseguir alcançar, paradoxalmente, a
felicidade. Mas está muito longe de alcançá-la. Empenhada nessa luta de que
está convencida, só chega a atingir meios incipientes para sobreviver
biologicamente. O outro aspecto, as elevadas formas de vida, aquelas que
requerem o cultivo da reflexão e do desenvolvimento da energia cognoscitiva -
fonte da compreensão, solidariedade, amor - está muito longe de alcançá-lo.
Desconfiada de si mesma, a humanidade atual é uma humanidade desesperada,
egoísta, sombria, violenta que, apesar de temer a morte, gera a morte.
O cultivo da ciência atual pareceria ser o sinal de que nossa
humanidade se encaminha para a reflexão e o conhecimento. Mas, bem se sabe que
tanto esta ciência como a tecnologia que dela provém não podem produzir o
bem-estar que ela procura. Homens de poder material utilizam as realizações
científicas e tecnológicas para dividir, atemorizar e destruir os homens.
Submissa a uma vida exclusivamente material, nossa humanidade
começa a delegar suas forças reflexivas e cognoscitivas à máquina. A máquina
pensa pelo homem e o homem confia nela. Com isto, ele se afasta cada vez mais do
exercício e do desenvolvimento de seu poder cognoscitivo, perdendo a confiança
no trabalho intelectual. Confia-se à máquina para se valer dos meios mais
poderosos de aumentar e manter o domínio sobre a humanidade. Mas a elevadíssima
função de pensar, tão inerente à natureza humana, quando em poder da máquina,
submete o homem à aceitação de resultados que exercem domínio sobre le. E como o
homem, apesar de ser a criatura mais perfeita que existe sobre a Terra, costuma
errar em seus pensamentos, a máquina está sujeita a uma quantidade de erros
muito maior. E o menor erro da máquina pode levar o homem a tomar uma decisão
que implique na destruição da humanidade e do planeta.
A imagem negativa que se tem do homem em nossa atual humanidade
não está de acordo com suas imensas possibilidades de tornar-se um ser
diferenciado, um ser cognoscitivo. Os homens vindos do cosmo e um grande e
incalculável período da humanidade que geraram são exemplos eloqüentes do que o
homem é capaz. A natureza do homem não é, pois, o mal. A humanidade atual
está vivendo um longo período de equívocos que atentam contra a sua natureza por
ignorar-se a verdadeira finalidade da existência humana. O desenvolvimento da
capacidade de reflexão para incrementar e conservar o conhecimento constitui a
única via que pode levar o homem a elevar-se a formas superiores de vida em que
a maldade e o egoísmo não têm cabimento. O homem da humanidade atual sempre
se sentiu dominado pelo temor diante desse horizonte obscuro que constitui sua
origem e seu passado, por considerá-lo enigmático. Ao mesmo tempo, anseia por
conhecer o que há mais além de seu habitat planetário e, como por seus próprios
meios não pode conhecer nem um nem outro, chega à conclusão de que isto só é
possível para seres sobrenaturais. Mas pelas pedras gravadas de Ica nossa
humanidade começa a tomar conhecimento do que considerou sempre um enigma
indecifrável: sua origem e seu passado. E também pelas pedras gravadas de
Ica pode agora compreender que, se assumir a finalidade da existência humana
característica da humanidade que viveu na Terra no passado mais remoto, poderá
chegar a tomar conhecimento do que está mais além de seu habitat terrestre. As
pedras gravadas de Ica esclarecem que para isso não é preciso ser um ente
sobrenatural, pois, para libertar-se das forças que retêm o homem neste habitat
planetário, é imprescindível, como elemento essencial, ter a natureza humana. E,
depois, o cultivo permanente do desenvolvimento da capacidade de reflexão e do
aumento do conhecimento pode fazer do homem um ente cuja energia cognoscitiva se
dirija ao cosmo e lhe permita conhecer e produzir fenômenos. O mais assombroso
desta projeção de energia cognoscitiva, segundo informam as pedras gravadas de
Ica, é a extraordinária possibilidade que tem o homem de conseguí-lo sem que seu
corpo orgânico pereça. Não se pense, como se poderia imaginar, que em situações
como estas o homem tenha de converter-se em duas entidades. O homem é sempre uma
só entidade. Sua energia cognoscitiva, por mais distante que esteja o lugar do
cosmo para onde se projetar, não deixará de ser um fluido ligado
interminavelmente à matéria orgânica mas, ao mesmo tempo, esta não será uma
simples matéria: estará, pelo contrário, impregnada dessa energia cognoscitiva,
tal como uma fonte energética que projeta seu fluido se toda ela estiver dotada
de energia.
Os homens vindos do cosmo, embora muito mais evoluídos, sob o
ponto de vista reflexivo e cognoscitivo, do que os homens que alcançaram a mais
elevada categoria na escala que geraram, não foram deuses, mas homens. Suas
realizações extraordinárias fazem deles o modelo que do que o homem é capaz.
Agora que se tem notícia deles e de suas realizações, é possível que
nossa humanidade indague a seu respeito. Teriam sido, por acaso, os primeiros
homens surgidos no Universo? Ou, quem sabe, em um passado que antecedeu
sua chegada ao nosso planeta, teriam sido gerados por homens muito mais
evoluídos que eles? Só devo responder, por enquanto, que estes homens ainda
existem e que, assim como o Universo é eterno, estes homens são parte
inseparável do Universo.
Mas as pedras gravadas de Ica não nos informaram apenas que o
cultivo permanente do desenvolvimento da capacidade de reflexão e do aumento do
conhecimento dava como resultado o conhecimento do cosmo por meio da projeção da
energia cognoscitiva. Informaram também que esse cultivo constante tornou
possível a ida do homem ao cosmo com toda a sua matéria orgânica.(Obs. No livro
As profecias celestinas, é ensinado como fazer isto) A matéria
orgânica do homem, impregnada de energia cognoscitiva, era capaz de resistir à
velocidade extraordinária que se fazia necessária para vencer as incomensuráveis
distâncias cósmicas. Sabemos que, em nossa atual humanidade, homens de ciência
desenvolvem esforços para conseguir que o homem possa vencer essas distâncias.
Até o momento, o homem só conseguiu vencer uma distância tão insignificante que
se pode dizer que se deslocou apenas pelas imediações de seu habitat terrestre.
Mas os esforços prosseguem. Investem-se enormes quantias de dinheiro que
representam também o sacrifício e o esforço de milhões de homens. E a humanidade
inteira vive em estado de euforia, acreditando que se tenha iniciado a etapa
para vencer a resistência do cosmo. Mas a única forma de viajar e habitar o
cosmo consiste num deslocamento em extraordinária velocidade. Nossa humanidade
atual sabe disso, assim como sabe que a matéria orgânica do homem atual não está
em condições de resistir a essa velocidade. Mas os cientistas e a humanidade
inteira ignoram que o único modo de conseguir que a matéria orgânica suporte a
velocidade necessária é a aquisição de uma potentíssima energia cognoscitiva,
resultante de um longo e permanente cultivo da capacidade de reflexão e do
incremento do conhecimento. Por isso, o propósito de partir para o cosmo e
escolher um habitat está fadado ao insucesso. Por outro lado, ninguém ignora que
este desejo nasce do medo de que nosso planeta e a humanidade possam ser
destruídos por efeito da contaminação atmosférica, situação a que foi conduzido
nosso planeta pela industrialização irracional do mundo, pela competição entre
as nações para ganhar mercados, pois tudo isso acontece sem que se leve em
consideração o metabolismo da Terra. As elites intelectuais - a
serviço do poder econômico que, lamentavelmente, dirige os destinos do homem -
sabem que o nosso planeta está sendo levado a uma situação cataclísmica
semelhante à que se deu no final daquele passado afastado da humanidade
gliptolítica. Não é de estranhar-se, portanto, que a quantidade imensa de
dinheiro destinada ao aperfeiçoamento dos meios da tecnologia espacial se
destine
ao objetivo disfarçado
de abandonar o planeta para fixar-se em outro habitat cósmico que só comporte as
elites intelectuais e os detentores do poder econômico, no caso de se produzir a
saturação limite da contaminação do ambiente pela irracional guerra atômica.
Se isto sucedesse, não iriam muito longe. E, como levariam o germe do egoísmo
que teria causado o desastre em nosso planeta, com o passar dos anos, seus
descendentes voltariam a criar no novo habitat as mesmas condições que tornariam
a via impossível. Assim, os descendentes destes homens iriam errando, de planeta
em planeta, através de milhões de anos, fazendo do Universo um crescente e
gigantesco depósito de lixo.
As pedras de Ica, que constituem os testemunhos da forma de
existência mais elevada a que chegou o homem, continuam sendo, entretanto,
rejeitadas pelos arqueólogos. Embora tenham decorridos muitas décadas desde o
aparecimento dos primeiros exemplares destes testemunhos pétreos, oficialmente
estes continuam sendo ignorados. Compreende-se, pois que me custou não poucos
sacrifícios manter minha fé inabalável na afirmação do valor científico que eles
têm. A incredulidade demonstrada por aqueles que, por princípio, tinham a
obrigação de determinar a validade ou invalidade científica das pedras gravadas
de Ica, por motivos profissionais ou de especialização, e a persistência em tal
incredulidade obrigam-me a pensar que se tema que tudo o que vem sendo
construído pela Arqueologia clássica a respeito do passado do homem se anule
diante da contundência da verdade destes testemunhos pétreos. Será essa
incredulidade outra manifestação do egoísmo, tão terrível, ou mais, quanto
aquele que está levando ao desastre o nosso habitat planetário? No início, houve
a dúvida sobre esse estágio tão necessário para se chegar à verdade.
Depois, embora um arquiteto de prestígio tenha encontrado uns exemplares que
provavam não serem as pedras gravadas de Ica de feitura recente, passou-se
inexplicavelmente à incredulidade. E a incredulidade persistiu, apesar de a
análise de laboratório de instituições de reconhecido prestígio, ter demonstrado
também que as gravações são antigas, pois uma pátina de oxidação reveste as
incisões das pedras. Que pensar, então, do empenho em demonstrar que as
pedras gravadas de Ica são o produto de um artesanato local? E, depois de
sustentarem isto, que pensar do fato de permitirem que as pedras que continuam
saindo de Ocucaje sejam objeto de comércio? Isto leva a crer que queiram fazer
desaparecer as pedras gravadas de Ica para que não se possa encontrar um só
exemplar quando chegar o dia em que se explorarem os depósitos em que foram
deixadas por aquela humanidade que existiu no passado mais remoto. E, se assim
fosse,, as únicas pedras gravadas que poderiam ser vistas seriam as do Museu de
Javier Cabrera Darquea; ter-se-ia, então, realizado o espantoso desejo de fazer
crer que ele as tenha mandado gravar. Mas, ainda assim, o inconcebível
esforço para ocultar as referências a essa humanidade, que vêm do passado mais
longínquo, terá sido inútil, pois essa humanidade, que também deixou suas
mensagens em objetos de metal, em cerâmicas, em "queros", em madeira entalhada,
em mantos e também em conjuntos arquitetônicos pétreos e no solo ferruginoso do
Pampa de Nasca, como se essa humanidade tivesse previsto que haveriam de pôr em
dúvida os testemunhos deixados nessa material escolhido por sua durabilidade: a
pedra.
Inúmeros foram os obstáculos, as pressões exercidas sobre mim
para que eu abandonasse estas investigações. Mas minha condição de cientista,
sensível à evidência arcaica do rasto humano mais inteligente que habitou nosso
planeta, permitiu-me vencer e continuar vencendo os obstáculos que tenho
encontrado ao longo de quase 10 anos. Este empenho me vem pela convicção de que
as pedras gravadas de Ica são o legado, não de um grupo de homens a outro grupo,
mas de uma humanidade a outra humanidade - a nossa. Não afasto a possibilidade
de que novos e maiores obstáculos possam surgir, mas meu compromisso de que a
humanidade atual conheça plenamente as mensagens encerradas nas pedras gravadas
de Ica impedirá que eu encerre minha tarefa. Mensagens já decifradas em milhares
de horas de observação e análise, nos últimos 10 anos de minha vida, desde que
ingressei no mundo das pedras, esperam a oportunidade de serem divulgadas. As
mensagens deste livro "As pedras de Ica" se propõem a introduzir nossa atual
humanidade nesse mundo que existiu em nosso planeta naquele passado afastado. E
acho que, por ser tão radicalmente oposto o caminho seguido pela nossa atual
humanidade, as mensagens do mundo gliptolítico devem ser entregues pouco a
pouco. Indiscutivelmente, ainda existem muitas mais à espera de serem
decifradas. Isto requer tempo e muita reflexão. E não haverá obstáculo algum,
por maior que seja, que me impeça de continuar desentranhando os legados da
humanidade que habitou o planeta naquele passado remoto, ainda que eu tenha para
isso, de dedicar toda a minha vida.
Veja também, neste site, a página com as informações e fotos sobre O
Mistério das Pedras de Ica. Clcik no link: www.editora-opcao.com.br/ada341.htm