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TEMA: O DERROTISMO E O DIA DO TRABALHO

Dia 1° de Maio, todo ano, é comemorado o Dia Internacional do Trabalho, já que o trabalho ocupa a maior parte da vida das pessoas. Em qualquer tipo de organização, as chefias preocupam-se com o moral da equipe que comandam e com o clima humano interno, já que são fatores que podem influenciar negativa ou positivamente, nos resultados do trabalho de cada um e do grupo. Com a ampla visão que geralmente é uma das características das pessoas que comandam outras, elas também preocupam-se com a sociedade onde vivem.

Se cada pessoa pudesse realizar bem, com amor e entusiasmo,  suas atividades de trabalho e se unisse a outras para lutar pelo bem coletivo, seria possível realizar mudanças para melhor, na sociedade humana. 

Neste artigo estão algumas ideias para incentivar as pessoas a lutarem, junto com outras, para melhoria da sociedade onde todos vivemos. Que o artigo possa contribuir para sua reflexão sobre o seu importante papel de "agente de mudanças", levando-o a agir para que sejam criadas as condições para haver uma melhor sociedade humana, e assim, termos motivos para comemorar todo dia...

Um grande abraço fraterno, no ideal de um mundo humano melhor,

Antonio de Andrade

Contato pelo e-mail opcao@editora-opcao.com.br

 

O DERROTISMO E O DIA DO TRABALHO

Antonio de Andrade  *

    Certa história conta que em uma fazenda, uma galinha, ciscando no terreiro, encontrou alguns grãos de trigo. Empolgada, chamou os outros animais e convidou-os: - Se plantarmos estes grãos de trigo, em breve poderemos fazer pão. Quem me ajuda a plantá-los?  A maioria dos animais se esquivou, dizendo que em época de eleição não queriam tomar nenhum partido. – Então eu mesma plantarei estes grãos de milho! - disse a galinha. 

    E lá foi ela, sozinha, ao terreno ao lado do curral. Limpou o terreno, arou a terra e plantou os grãos de trigo. E todo dia molhou o terreno. E o trigo cresceu e amadureceu. E certo dia a galinha perguntou: - Quem vai me ajudar a colher o trigo?  - Eu não posso! – desculpou-se o porco.. O ganso disse que não era serviço para ele que tinha vários cursos universitários e experiências profissionais mais elevadas. A vaca resmungou que já estava aposentada de dar leite e não queria fazer mais nada. E o pato falou que estava desempregado e que estava esperando alguém arranjar um emprego para ele.  Assim, a galinha foi sozinha colher o trigo. E todos do curral ficaram vendo a galinha trabalhando, colhendo o trigo. 

    E chegou a hora de moer o trigo, fazer a massa e assar o pão. A galinha perguntou a todos do curral: - Quem vai ajudar-me a moer o trigo e assar o pão?  A vaca aposentada afirmou que isso a faria perder a sua novela, o pato que procurava emprego disse que não tinha experiência nisso e que não tinha interesse em aprender, o porco disse que era preguiçoso e que não sabia assar pão. E o ganso, orgulhoso de tantos cursos e experiências elevadas que tinha reclamou: - Ser ajudante único é uma discriminação para o meu nível! 

    A galinha resolveu ela mesma moer o trigo, fazer a massa e assar o pão. Quando os cinco pães ficaram prontos, a galinha mostrou-os aos outros animais, seus companheiros de curral. Todos ficaram alegres com os pães cheirosos e apetitosos. E todos reclamaram a uma só voz: - Eu quero a minha parte! Mas, a galinha ponderou com certo espanto – Não me parece justo, pois fiz tudo sozinha e vocês não levantaram uma palha para ajudar. - Egoísta - mugiu a vaca. Gananciosa! - grasnou o pato. - Eu exijo direitos iguais! - vociferou o ganso, orgulhoso de tantos cursos e experiências elevadas. Insuflados por agitadores que nessas horas costumam aparecer e que só “querem ver o circo pegar fogo”, os animais pintaram faixas de protestos, fizeram piquetes na porta do curral e marcharam em volta da galinha, bradando coisas ofensivas a ela. E à força tomaram os cinco pães e “fizeram a festa” com eles. Depois disso a calma voltou ao terreiro do curral. A galinha se isolou dos demais e vivia piando pelos cantos, reclamando da vida, com um sentimento derrotista, sentindo-se inútil e achando que não valia mais a pena lutar por qualquer coisa... 

    Essa história, adaptada, de autoria desconhecida,  leva a refletir sobre o trabalho que é comemorado internacionalmente, pela maioria dos países, no dia 1° de Maio, numa homenagem ao esforço humano que coopera para o desenvolvimento da Humanidade. Nesse dia a importância do trabalho é lembrada, o valor de qualquer atividade humana que vise um fim útil, independente se o trabalho é feito por cientista ou um educador, um chefe de empresa ou um escritor/pensador, uma mãe que cuida do lar e dos filhos ou uma artista que cria, uma pessoa voluntária ajudando os mais necessitados ou um chefe executivo de um município, estado ou nação ou ainda ocupantes de cargos no legislativo. Qualquer pessoa que realiza algum esforço individual ou coletivo, está cooperando para o bem comum, para o bem do país onde cada um vive e, no conjunto, para o bem dos seres humanos no planeta Terra. E independente se o trabalho é remunerado, para se ter os meios de subsistência, ou voluntário, não remunerado, com fins altruísticos, cada um é um “agente de mudanças”. Qualquer forma de trabalho humano é importante e digno e seu valor se mede pela sua dedicação e pelo amor com que é feito. 

    Na história da galinha foi isso que se viu, ela realizava o que tinha que fazer, com vontade, com dedicação, com amor. E queria que os outros também se envolvessem nos trabalhos, realizassem com dedicação e com amor o que tinha que ser feito. Mas, a galinha não teve o apoio dos outros animais e realizou tudo sozinha, já que a maioria deles tinha um sentimento derrotista. Achavam inútil qualquer esforço, julgavam-se vencidos antes mesmo de começarem a lutar, preferiam ficar inertes, encontrando desculpas para não agir ou ficando na espera de “uma solução mágica”. E na realidade de hoje, há muita gente com esse sentimento derrotista, sem o espírito de luta, ficando as pessoas desanimadas e sem ação, como a galinha ao final da história. 

    Outras pessoas ficam desesperadas, por sentirem-se incapazes frente ao desenvolvimento tecnológico acelerado que provoca ondas crescentes de desemprego, mesmo tentando uma busca desesperada de adaptação e reciclagem, em um processo contínuo de aprendizagem. Outras ficam desiludidas com a crise moral da sociedade, com tanta desonestidade, corrupção e outros problemas. E ainda há aquelas pessoas que só ficam reclamando da situação. Todos esses sentimentos negativistas prejudicam pois têm um efeito contagiante e as pessoas começam a ficar pessimistas e desanimadas, sentindo que não vale a pena lutar pelos ideais, não vale a pena esforços para conquistar seus objetivos ou fazer alguma coisa para melhorar a realidade, e algumas até ficam profetizando maiores dificuldades para se viver em sociedade. 

    Apesar das dificuldades para se obter trabalho, apesar das dificuldades da vida, sempre há uma esperança de que haverá uma luz ao final das trevas. Por isso, é importante que cada um não fique parado, sentindo-se um derrotado na vida. Então vamos lá, levante a cabeça e olhe um horizonte à sua frente! Deixe o espírito derrotista de lado, seja em relação à sua situação de falta de trabalho ou em relação à sociedade em que vive, achando que não tem mais jeito. Acredite que você é capaz, que cada um pode realizar algo para subsistir e para contribuir para o bem coletivo e que a sociedade pode mudar para melhor. Olhe com otimismo para frente e comece a dar o primeiro passo em direção aos seus objetivos, começando as mudanças pela sua própria individualidade. A transformação da realidade começa a nível individual e irradia-se para o mundo... 

    Não aja como os animais da história da galinha que não quiseram se unir. Una-se com outras pessoas e lute para que ocorram mudanças para melhor em sua cidade, em seu Estado e no país. Diz o ditado que a união faz a força! Então, que tal você, eu, cada um de nós não ficarmos só na esperança de que ocorrerão mudanças para melhor, mas começarmos a agir como “agentes de mudanças”, fazendo alguma coisa, o que estiver ao nosso alcance, para que efetivamente as mudanças para melhor ocorram? Cada um fazendo bem a sua parte, contribuindo para que, no conjunto, todos possam usufruir o bem estar de uma melhor sociedade. E assim, juntos no mesmo ideal de haver uma melhor sociedade humana, realizando esforços para o bem coletivo, possam todos encontrar motivos para comemorar cada dia do ano. E no dia 1° de Maio, ter motivos para comemorar o Dia Internacional do Trabalho.

 

Escritor de 9 livros. Site: www.editora-opcao.com.br.