TODOS SOMOS PUXADORES DE SACO (do chefe)

                                                  Autor: Seu Pedro *

A origem do termo puxa-saco não tem a ver com por mão no escroto do chefe. O saco que a estranha espécie de submissos puxava, era uma espécie de grande mochila, feita de lona, onde eram transportados os pertences dos oficiais comandantes em exércitos do passado. Um soldado “volun-otário” se dispunha a puxar. Principalmente os que desejavam andar ao lado do comandante, e rir de piadas sem graça. A carga era pesada, pois na bagagem levavam até estojo de barbear!  

Modernamente o ato de bajular mudou de nome é agora puxa-saco. Bajular e uma palavra que vem do latim bajulare, que significa adular servilmente, o que o puxa-saco faz. Não é difícil encontrar quem é, foi ou conhece alguém que pratica a bajulação, essas pessoas são denominadas de puxa-sacos. O melhor exemplo de bajulador é o funcionário de alguma empresa ou repartição pública que, na tentativa de ganhar a confiança, crescer na empresa e obter um aumento no salário, concorda com tudo que o chefe diz e é o primeiro a rir da piada contata pelo chefe.

Há bajuladores conscientes, pois sabem que realmente são puxa-sacos, e cegam até citações do glossário inútil popular: Quem não puxa saco, puxa carroça. Praticamente 06 entre 10 empresas, e literalmente todas as prefeituras e câmaras municipais, contam com o famoso puxa-saco, há quem diga que os chefes gostam deles, caso contrário não existiriam. Para uns o ato de puxar o saco é uma arte, algo que requer bastante empenho para ser realizado com sucesso, e por existir muitos puxa-sacos foi criada até uma data comemorativa para eles, no dia 13 de Setembro se comemora o dia do bajulador ou seja, do puxa-saco.

Assim como existe os 10 mandamentos na religião, há os dez mandamentos do puxa-saco:

1. Quando o chefe chegar seja o primeiro a dar bom-dia, com um grande sorriso nos lábios.

2. Toda vez que seu chefe espirrar diga “saúde”, não importa a quantidade de espirro.

3. Morra de rir das piadas que seu chefe conta, mesmo que seja a mais sem graça do mundo.

4. Cole um adesivo no carro com a seguinte frase: “Eu Amo Meu Chefe”.

5. Tente se parecer ao máximo com seu chefe.

6. Nunca saia do escritório antes dele.

7. Demonstre sempre muita eficiência.

8. Quando te passar uma tarefa, faça-a o mais rápido possível.

9. Se o chefe por acaso soltar um pum finja que não ouviu e nem sentiu nada.

10. Seja sempre muito atencioso com seu chefe.

E como muitas pessoas gostam de elogios sem finalidade, agrados ou serem aceitas mesmo nas mais esquisitas manias e situações, o “agrado desconexo” se tornou a forma mais comum de bajulação ou de puxa-saquismo, e não demorou muito para o termo se transformar em uma nomenclatura usada para definir profissionais dedicados esta prática, e forma pejorativa de tratamento de quem usa de artificiosos para se promover de maneira fácil.  

Apesar de ninguém gostar da forma asquerosa dos bajuladores tratarem os seus superiores, muitos os aceitam normalmente. Uma receita de um psicólogo para um normal (puxa-sacos já é caso de psiquiatra) é seguir a carreira, e para se destacar mais que um puxa-saco, é fazer o que ele não tem tempo pra fazer. Trabalhar melhor e o mais correto possível. No dia da morte de ACM, alguém falou: Se eu tiver que chorar por algum baiano falecido, meu choro será por Anísio Teixeira, que morreu faz anos, mas que não gostava de puxa-sacos, ainda mais na terra dele!.

Eu prefiro continuar puxando sacolas de supermercados!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, redator do jornal Vanguarda Bahia, impresso e virtual, editado em Guanambi – Bahia, cidade vizinha de Caetité, onde nasceu o ilustre baiano Anísio Teixeira.