PESQUISA: COMPORTAMENTO ÍNTIMO ENTRE HUMANOS


Em Terapia de Casal, em Clínica Psicológica, e em Palestras sobre sexualidade humana em cursos para noivos, foi constatado que apesar dos tempos modernos com muita informação disponível na internet, ainda existem casais que chegam ao casamento com pouco conhecimento sobre a fisiologia do corpo do homem e da mulher, sobre a reprodução humana e o relacionamento íntimo de casais. Para ajudar aqueles casais que possuem interesse em tirar suas dúvidas sobre esses temas, estão disponíveis para leitura em seu computador, duas Pesquisas sobre esses temas. A seguir é apresentada a primeira pesquisa.

TEMA DESTA PESQUISA:  O COMPORTAMENTO ÍNTIMO ENTRE OS HUMANOS

  

Questão considerada na pesquisa: Quais partes do corpo humano, do macho e da fêmea humanas influenciam o comportamento íntimo entre os humanos? Que partes no corpo da fêmea humana despertam sexualmente o macho humano? Por que as partes redondas do corpo da mulher (nádegas, seios, ombros, joelhos) atraem o macho humano?

 

Os sinais sexuais que o macho e fêmeas humanas enviam aos outros? Importância da comunicação íntima entre os humanos. Os ciclos de respostas sexuais nos humanos. O Foco Sensorial nas relações íntimas.

 

Quais são as etapas para ocorrer uma intimidade entre os humanos? E como reagem o macho e a fêmea humanas à estimulação sexual e como se desenvolve o coito humano? A disfunção orgásmica na mulher e no homem. As fases do desenvolvimento nos humanos, segundo a Teoria de Freud.

 

O que acontece na mente humana com relação as partes do corpo humano que podem influenciar o comportamento íntimo humano? Geralmente muitas pessoas não têm consciência de que emitem sinais aos outros e de que estão lendo os sinais emitidos por outros seres humanos que convidam à intimidade sexual ou repelem essa intimidade.

 

E ao final um questionário para fazer avaliação pelo casal.

 

 Quando um macho e fêmea humanos se encontram cada um emite sinais ao outro. Alguns desses sinais convidam ao contato íntimo e outros o repelem. A não ser que, acidentalmente, uma pessoa seja jogada de encontro ao corpo de outra pessoa, os humanos nunca tocam uns nos outros antes de terem lido atentamente esses sinais.

 

Os adultos humanos, sem o perceberem, sabem instintivamente, interpretar os sinais enviados pelo outro ser humano. As centenas de sinais separados que chegam dos detalhes dos indivíduos, de sua forma, tamanho, cor, som, cheiro, postura, movimento e expressão penetram como um relâmpago nos especializados órgãos sensoriais dos humanos, o computador social entre em ação, e lá vem a resposta: tocar ou não tocar o outro.

 

Quando bebês, o pequeno tamanho dos humanos e ainda sua impotência agem como estímulos poderosos para encorajar os adultos a fazerem um contato amigável com o bebê. A cara redonda, os olhos grandes, os movimentos desajeitados, os membros curtos e os contornos ligeiramente arredondados, tudo contribui para o convite ao contato. Acrescente-se a isso o sorriso largo e o sinal de alarme do choro e do grito, e constata-se que o bebê humano é claramente um convite à intimidade.

 

Se, como adultos os humanos transmitem os mesmos sinais de desamparo ou de dor, como, por exemplo, quando se está doente ou são vítimas de um acidente, provocam uma resposta pseudo-paternal do mesmo tipo. Também, quando os humanos realizam a primeira tentativa de contato corporal, na forma de aperto de mão, quase sempre os humanos o fazem acompanhados de uma expressão facial sorridente.

 

Esses são os convites básicos à intimidade; mas, com a maturidade sexual o animal humano entra numa esfera completamente nova de sinais de contato - os sinais de sex appeal - que servem para encorajar o macho e a fêmea a começarem a se tocar com intenções mais que amistosas. Alguns dos sinais sexuais são universais e aplicam-se a todos os seres humanos adultos; outros são variações culturais desses temas biológicos. Alguns se referem à aparência adulta, como machos e fêmeas, e outros ao comportamento adulto - a postura, os gestos e ações. A maneira mais simples de examiná-los é percorrer o corpo humano, parando ligeiramente em cada um dos pontos de interesse.

 

AS ENTRE PERNAS: O que acontece na mente humana com relação às entre pernas e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

As entre pernas constituem a principal zona tabu, e isso não apenas por estar situada no próprio local dos órgãos reprodutivos externos. Reunidos nessa pequena área do corpo estão todos os grandes temas tabus: micção, defecação cópula, felação, ejaculação, masturbação e menstruação. Sempre essa área tem sido a mais escondida  área do corpo humano. Expô-la diretamente à vista, como convite visual à intimidade, é um sinal sexual demasiado forte a ser empregado como recursos preliminar, antes que o relacionamento tenha passado pelos primeiros estágios de contato corporal. Ironicamente, quando o relacionamento já chegou à fase mais adiantada da intimidade genital, é geralmente tarde demais para a exibição visual, de modo que a primeira experiência dos genitais do parceiro é usualmente tátil. O ato de olhar diretamente para os genitais do sexo oposto desempenha, por isso, um papel relativamente pequeno no moderno namoro humano.

 

Há, nos adultos humanos, um considerável interesse por essa região do corpo humano, e se a exposição direta dos genitais não é possível, outras alternativas podem ser encontradas. A primeira é usar uma peça de vestuário que ponham em destaque a natureza dos órgãos escondidos debaixo delas. Para a mulher, isso quer dizer usar calças, shorts ou maiôs que sejam um tamanho menor do que seria confortável, mas que por serem tão apertados se amoldam aos genitais e revelam a sua forma ao olho atento do homem. Esse é um desenvolvimento muito moderno, mas o equivalente masculino tem uma história mais antiga. Por um período de quase duzentos anos (aproximadamente de 1408 até 1575) muitos genitais masculinos europeus foram indiretamente exibidos em toda a sua glória pelo uso do alçapão (codpiece em inglês). Este começou modestamente com uma aba frontal que formava uma pequena bolsa nas entre pernas das calças extremamente apertadas, ou calções usados pelos homens da época. Os calções eram realmente tão apertados que não havia outras alternativa. Cod é um termo antigo para designar escroto. Daí o nome codpiece (porta escroto). Com o passar dos anos, essa peça aumentou muito de tamanho até se transformar num espalhafatoso porta-falo, deixando assim de ser um simples porta escroto, e dando a impressão que o seu possuidor estava permanentemente com o pênis ereto. Para destacar mais ainda esse ponto, era com freqüência de cor diferente da do tecido em volta e até ornamentado de ouro e jóias. Mais tarde o alçapão cresceu tanto que se tornou uma piada, de modo que ao descrever o usado pelo seu herói, Rabelais comentou que "eram precisos dezesseis jardas de material para confeccioná-lo. A forma era a de um arco triunfal, elegantíssima presa por dois anéis de ouro a botões de esmalte, cada um do tamanho de uma laranja e ornamentado com esmeraldas. O alçapão se projetava três pés para a frente". 

 

Hoje em dia exibições tão extravagantes do pênis não fazem parte do mundo da moda, mas um eco disso ainda é encontrado, pois o jovem de 1960 e 1970 começou mais uma vez a usar "calções" muito apertados. Como a mulher moderna, ele se espreme dentro de jeans muito apertados e minúsculas tangas em que é forçado a mudar a posição do pênis em repouso, colocando-o virado para cima. Ao contrário dos homens mais velhos, que ainda assinalam a diferença entre as gerações com um pênis solto por baixo das calças mais folgadas, o jovem de hoje caminha com o pênis virado para cima como se estivesse em posição ereta. Seguro firmemente na postura vertical pela fazenda apertada, apresenta um leve mas distintamente visível volume genital ao interessado olhar da mulher. Dessa maneira, a roupa do jovem de hoje mais uma vez lhe permite exibir uma pseudo-ereção e, da mesma forma que o antigo alçapão, não provocou nenhuma crítica nos círculos puritanos.

 

Um modo menos indireto de transmitir sinais visuais de conotação sexual, é usar uma outra parte do corpo como "eco genital" ou cópia. Isso permite que uma mensagem sexual primária seja transmitida, mantendo no entanto os genitais completamente escondidos. Há muitas maneiras de fazer isso e para compreendê-las temos que olhar a anatomia dos órgãos sexuais femininos. Para fins de simbolismo, consistem num orifício - a vagina - e em pares de pregas de pele - os pequenos lábios  e os grandes lábios. Se estes estão cobertos, então quaisquer outros órgãos ou detalhes do corpo que se assemelhem a eles de algum modo são capazes de ser empregados como "ecos genitais", para propósitos de emissão de sinais.

 

Como substitutos do orifício, os candidatos disponíveis são o umbigo, a boca, as narinas e os ouvidos. A todos eles estão associados tabus moderados. Não é de boa educação por o dedo no nariz ou limpar com o dedo o ouvido em lugar público. Isso contrasta com outros atos de limpeza, como enxugar a testa ou esfregar os olhos, que são permitidos sem comentários. A boca é freqüentemente coberta por alguma razão, se não por um véu, pelo menos quando bocejamos, arquejamos ou damos gargalhadas. O umbigo é um tabu maior ainda, tendo sido com freqüência apagado das fotografias, em décadas passadas, para proteger nossos olhos da sua forma sugestiva. Nesses quatro tipos de "abertura", apenas a boca e o umbigo parecem ter sido especificamente empregados como substitutos genitais.

 

A BOCA: O que acontece na mente humana com relação à boca e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

 A boca é de longe a mais importante de todas e transmite um número muito grande de sinais pseudogenitais durante encontros amorosos. O singular desenvolvimento dos lábios virados para fora em nossa espécie pode bem pertencer a esse tema. Sua superfície rosada e carnuda tendo se desenvolvido como imitação dos lábios vulvares num nível biológico, mais do que no nível puramente cultural. Como os lábios da vulva, eles se tornam mais vermelhos e mais inchados com a excitação sexual e, como aqueles, circundam um orifício central. Desde os mais remotos tempos históricos os sinais labiais da fêmea têm sido aumentados pela aplicação de colorido artificial. O batom é hoje em dia uma importante indústria de cosméticos, e se bem que as cores variem de moda a moda, sempre voltam à faixa do rosa avermelhado, desta forma copiando o enrubescer dos lábios vulvares durante os estágios avançados da excitação sexual. Isso não é, naturalmente, uma imitação consciente dos sinais genitais; é simplesmente "erótico" ou "atraente", sem muitas outras indagações.

 

Muitos escritores e poetas encaram os lábios e a boca como uma região erótica poderosa do corpo, com a língua do macho se inserindo, à maneira do pênis, dentro da boca da fêmea durante o beijo profundo. Também foi sugerido que a estrutura dos lábios de uma mulher reflete a estrutura dos órgãos genitais. Uma mulher de lábios carnudos presumivelmente deve possuir lábios vulvares carnudos; uma de lábios apertados e finos provavelmente possui genitais finos e apertados. Se tal é realmente o caso, não reflete a precisão da imitação do corpo, mas apenas o tipo somático geral da fêmea em questão.

 

O UMBIGO: O que acontece na mente humana com relação ao umbigo e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

Tem suscitado muito menos comentários do que a boca, porém algumas coisas muito curiosas têm se passado com ele nos últimos anos, coisas reveladoras de que ele tem um papel especial a desempenhar como "eco genital". O umbigo não apenas foi apagado nas fotografias antigas como também sua exposição era expressamente proibida "no código de Hollywood", e assim as bailarinas de harém dos filmes de antes da II Guerra eram sempre obrigadas a aparecer com enfeites que cobrissem o umbigo.  Nenhuma explicação real foi dada para esse tabu, apenas a frágil desculpa de que a exposição do umbigo poderia provocar nas crianças a pergunta: para que serve isso? e assim precipitar "os fatos da vida", para desconforto dos pais. Num contexto adulto isso é completamente ridículo e a razão verdadeira era obviamente a de que o umbigo faz lembrar um "orifício secreto". Já que as bailarinas de harém ao se descartarem do véu começam a rebolar o abdome numa dança do ventre oriental. E esse pseudo-orifício começa  a rebolar e a se agitar de maneira sexualmente convidativa, Hollywood decidiu que essa não tão delicada parte anatômica teria que ser coberta. Ironicamente, nos meados da segunda parte do Século XX, os tabus do código de Hollywood foram relaxando no ocidente e o mundo árabe inverte os papéis: bailarinas egípcias da dança do ventre são oficialmente informadas de que é impróprio e pouco decente expor o umbigo durante as suas apresentações "folclóricas". E assim, enquanto os umbigos americanos e europeus voltaram à cena, nos cinemas e nas praias, os umbigos norte - africanos  e árabes penetraram na obscuridade.

 

AS NÁDEGAS/BUNDA: O que acontece na mente humana com relação às nádegas/bunda e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

 Deixando as entre pernas e os seus "ecos" substitutos e passando para a parte traseira da região pélvica, chegamos ao par de hemisférios carnudos das nádegas, popularmente chamadas de bunda. Essas são mais pronunciadas na fêmea que no macho e são uma característica humana única, que está ausente em outras espécies de primatas.

 

Se a fêmea humana se curvasse e apresentasse suas nádegas à visão do macho, como se estivesse adotando a típica postura de convite à cópula entre os primatas, seus genitais seriam vistos pelos dois hemisférios de carne macia. Esta associação torna-as um importante sinal sexual na espécie humana, e um sinal que provavelmente tem origem biológica muito antiga. É o nosso equivalente das "turgescências sexuais" das outras espécies. A diferença consiste, no caso dos humanos, na condição ser permanente. Em outras espécies a turgescência aparece e some com o ciclo menstrual, chegando a seu ponto máximo quando a fêmea está sexualmente receptiva, perto do período de ovulação. Naturalmente, como a fêmea humana é sexualmente receptiva o tempo todo, suas turgescências sexuais continuam permanentemente "infladas". À medida que os ancestrais humanos foram ficando eretos na sua postura vertical, os genitais apareceram mais em evidência na parte da frente do que na parte de trás do corpo, porém as nádegas ainda e retiveram sua significação sexual.

 

Embora a cópula na maioria das vezes seja realizada pela frente, a fêmea mesmo assim, pode enviar sinais sexuais destacando de alguma forma o seu traseiro. Hoje em dia, se uma moça aumenta ligeiramente as ondulações de suas nádegas quando caminha, isso age como um poderoso sinal erótico para o macho. Se adota a postura em que as nádegas são "acidentalmente" projetadas um pouco mais do que o normal, isso produz o mesmo efeito. Às vezes, como na famosa postura dos "traseiros empinados" do cancã, a versão completa da antiga exibição primata do traseiros pode ser percebida, e piadas a respeito do homem que quer dar um tapa ou acariciar o traseiro da moça que com toda a inocência se abaixa para apanhar um objeto são comuns.

 

É comum notar que muitas estatuetas femininas pré-históricas da Europa e outros lugares freqüentemente mostram a mulher com enormes nádegas protuberantes que estão completamente fora de proporção com a obesidade geral dos corpos. Há apenas duas explicações. Ou a mulher pré-histórica era dotada de nádegas enormes, emitindo sinais sexuais para o macho, ou os escultores pré-históricos estavam tão obcecados com a natureza erótica das nádegas que, como muitos caricaturistas da atualidade, se permitiam uma considerável licença artística. Qualquer que seja a explicação, as nádegas pré-históricas reinavam absolutas. Então, estranhamente, em região após região, à medida que as formas de arte avançavam, as fêmeas de nádegas grandes começaram a desaparecer. Na arte pré-histórica de cada localidade onde ocorrem, são sempre as mais antigas figuras encontradas. Depois somem, e fêmeas mais esbeltas aparecem em seu lugar. A não ser que fêmeas de nádegas gordas realmente fossem comuns em épocas remotas e depois gradualmente desaparecessem, a razão dessa mudança na arte pré-histórica continua sendo um mistério. O interesse masculino pelas nádegas femininas sobreviveu, mas com algumas exceções elas agora ficaram reduzidas às proporções naturais que são observadas nas telas dos cinemas do século XX.

 

AS PERNAS: O que acontece na mente humana com relação às pernas e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

Abaixo da região pélvica, as pernas femininas têm sido também objeto de considerável interesse pelo macho humano. Anatomicamente, o exterior das coxas femininas tem maior depósito de gordura que o do homem e em certas épocas uma perna gorda foi considerada erótica. Em outras épocas, a simples exposição da carne das pernas foi suficiente para transmitir sinais sexuais.

 

Quanto mais alto sobe a saia, mais estimulante se torna pela simples razão de que há uma proximidade maior com a zona genital primária. Os sapatos de salto alto têm sido muito adorados, a inclinação do pé fazendo sobressair o contorno da perna e também parecendo aumentar o comprimento, o que se relaciona com o fato de que o alongamento dos membros é uma característica do amadurecimento do adolescente.

 

"Perna longa" significa maturidade sexual, e, portanto, sexualidade. Os próprios pés freqüentemente têm sido espremidos dentro de sapatos muito apertados, tendência resultante do fato de que o pé da fêmea adulta é ligeiramente menor do que o do macho adulto. Disso resulta que o aumento dessa diferença fará o pé da fêmea mais feminino, como sinal sexual para o macho.Esse ponto de vista em relação ao pé feminino é refletido na história perene da Cinderela - onde suas feias irmãs têm pés grandes demais para entrar na minúscula sandália de cristal, somente a bela heroína tem pé bastante pequeno para ganhar o coração do príncipe. Além de sua anatomia, a postura das pernas é capaz de transmitir sinais sexuais. Em algumas culturas, as jovens aprendem que não é delicado sentar ou ficar em pé com as pernas bem abertas. Fazer isso é "abrir" os genitais, e mesmo que eles não estejam visíveis, a mensagem continua a mesma.

 

Com o advento das calças femininas e o desaparecimento dos rigorosos códigos de etiqueta, a postura das pernas abertas tem se tornado muito comum nos últimos anos, e é usada com crescente freqüência por modelos em anúncios. O que era outrora um sinal sexual poderoso demais tornou-se agora apenas desafiante. Contudo, uma jovem de saia ainda obedece às antigas regras, pois exibir as entre pernas abertas na maioria dos casos continua sendo um sinal de convite muito forte. A tradicional jovem "bem educada" continua portanto a manter as pernas juntas. Já para o macho, abrir as pernas implica o mesmo sinal sexual que na fêmea, porque aqui também ele diz: "Estou mostrando a você os meus genitais". Sentar-se com as pernas largamente abertas é o gesto do macho confiante, dominador (a não ser, naturalmente, que seja tão gordo que não possa juntar as pernas).

 

 

OS SEIOS: O que acontece na mente humana com relação aos seios e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

A fêmea adulta da espécie humana é a única entre os primatas a possuir um par de glândulas mamárias túmidas e hemisféricas. Essas glândulas permanecem protuberantes e túmidas mesmo quando a mulher não está produzindo leite, e são claramente mais do que um instrumento de alimentação. Pela forma arredondada os seios podem ser considerados como outro símbolo da zona sexual primária, em outras palavras, como cópias biologicamente desenvolvidas das nádegas hemisféricas. Isso dá à fêmea um poderoso sinal sexual quando está em pé, verticalmente,a na postura inconfundivelmente humana e encarando o macho. Há outros dois ecos na forma básica das nádegas, mas esses são menos poderosos que os sinais do busto.

 

Um deles é o macio e arredondado ombro feminino, o qual quando exposto apenas um pouquinho ao tirar-se a blusa, apresenta um hemisfério convenientemente curvo, de carne. Esse é um artifício comum quando estão em moda vestidos muito decotados.

 

O outro eco é encontrado nos arredondados joelhos da fêmea, os quais quando as pernas estão dobradas e apertadas uma contra a outra, apresentam um outro par de hemisférios femininos ao olho do macho. Aliás, os joelhos são muito comentados num contexto erótico. Como no caso dos ombros, criam o maior impacto quando são "apenas" expostos pela saia. Se a perna toda é visível, eles perdem um pouco do seu impacto porque se tornam apenas as extremidades arredondadas das coxas, e não mais um par de hemisférios. Porém esses são os ecos diminutos das nádegas, e é com os seios que se alcança o impacto maior.

 

É importante distinguir a reação infantil frente ao seio da fêmea e a reação adulta e sexual. A maioria dos homens encara o seu interesse pelo busto feminino como puramente sexual. Em compensação, alguns teóricos científicos consideram-no puramente infantil. Ambas as opiniões são unilaterais porque os dois fatores estão em ação.

 

O amante que beija o bico do seio feminino pode muito bem estar retrocedendo aos prazeres da infância, em vez de estar beijando uma pseudo nádega, mas o macho amoroso que acaricia o seio da fêmea pode bem estar respondendo primariamente à forma esférica, semelhante à das nádegas, em vez de estar revivendo a sensação do seio materno com sua mão infantil. Para a mão minúscula do bebê, o seio materno é um objeto grande demais para caber na palma da mão, mas para a mão do adulto apresenta uma superfície redonda extraordinariamente reminiscente do hemisfério das nádegas. Visualmente isto também é um fato; o par de seios oferece uma imagem mais próxima do par de nádegas do que a vaga imagem do seio materno vista muito de perto pelo bebê ao ser amamentado.

 

Portanto, o significado sexual dos seios na mulher é sem dúvida de importância primária na espécie humana, e se bem que isso não seja a toda história, desempenha um papel primordial na preocupação perene da sociedade com o busto feminino. Para os antigos puritanos ingleses isso significava achatar completamente o busto com um corpete justo, na Espanha do século XVII, as medidas tomadas eram ainda mais severas: as mocinhas colocavam pratos apertados contra os seios para impedir o seu desenvolvimento. Esses métodos, naturalmente, não indicam falta de interesse pelo busto feminino, que somente poderia ser demonstrada ignorando-o completamente. Ao contrário, mostram a aceitação do fato de que sinais sexuais vêm dessa região e, por motivos culturais, têm que ser detidos.

 

A tendência mais difundida e freqüente é a de por os seios em destaque. Essa ênfase quase sempre visa torná-los mais proeminentes do que propriamente maiores, em outras palavras, a tendência tem sido a de melhorar a sua aparência hemisférica de pseudo nádegas. São empurrados para cima por vestidos apertados ou são segurados em sutiãs para que se projetem para a frente em vez de cair. A explicação talvez esteja no fato de que no ciclo da vida de um seio, é na puberdade que a turgescência se manifesta, ficando pontudos e protuberantes na jovem adulta. Essa fase é a preferida pela maioria, consciente ou inconscientemente já que ela representa a fase de atividade sexual na fêmea humana. Para a maioria dos seres humanos o ponto culminante da atração exercida pelos seios é o momento em que os hemisférios alcançam sua projeção máxima antes de se tornarem tão grandes que começam a decair.

 

A PELE DO CORPO: O que acontece na mente humana com relação à pele humana e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

Para ambos os sexos, em todas as culturas, uma pele macia, limpa e sadia, tem a maior significância sexual. Rugas, sujeira e doenças de pele são sempre anti eróticas. Além disso a pele do corpo e dos membros femininos é menos cabeluda do que a do macho, e a fêmea aumenta a suavidade da pele com o uso de óleos, loções e massagens, e também a depila de várias maneiras a fim de exagerar a diferença sexual. Durante as fases intensas de atividade antes do coito e e durante o coito a superfície da pele do corpo do macho e da fêmea passa por consideráveis mudanças na qualidade da textura. Brilha com o calor e, no momento do orgasmo, pode haver intensa transpiração. Em fotografias de poses eróticas, as modelos muitas vezes exibem essas condições como sinais visuais. A superfície úmida da pele provoca seu impacto pela associação inconsciente.

 

OS OLHOS: O que acontece na mente humana com relação aos olhos e que pode influenciar o comportamento íntimo humano?

 

Os olhos são os mais importantes dos órgãos sensoriais humanos, que não só vêem os vários sinais que estão sendo examinados, mas que também transmitem alguns por sua conta. Todos os humanos estabelecem ou interrompem contatos com os olhos. Entre amantes o olhar pode tornar-se mais prolongado sem se tornar desconcertantes ou agressivo. Os amantes "se contemplam profundamente" por uma razão particular.

 

Sob a influência de emoções fortes de caráter agradável, nossas pupilas se dilatam num grau fora do comum, o pequeno ponto escuro no centro do olho se transforma num grande disco preto. Inconscientemente isso transmite um poderoso sinal à presa amada, indicando a intensidade do amor sentido pelo dilatador. Este fato foi estudado por cientistas, mas é conhecido há muito tempo; as belezas italianas de antigamente colocavam gotas de beladona nos olhos para criar esse efeito artificialmente. Nos tempos modernos um artifício similar tem sido usado por anunciantes, os quais, utilizando tinta preta em vez de beladona, retocam as fotografias das modelos, aumentando-lhes as pupilas para fazê-las mais atraentes. Movimentos dos olhos de vários tipos são também um convite à intimidade. Sem falar no conhecido piscar de olho, o revirar os olhos é também considerado um convite direto à cópula em certas culturas. Um recatado baixar de olhos também transmite a sua mensagem na fêmea, enquanto que um ligeiro estreitamento deles indica interesse da parte do macho. No primeiro encontro, sustentar um olhar um pouco mais longamente que o usual também pode causar um impacto, atuando como uma insinuação do longo contemplar que poderá se desenvolver mais tarde.

 

OS CAMINHOS DA INTIMIDADE SEXUAL ENTRE OS HUMANOS:

 

Quais são os estágios típicos do processo de formação de um par entre macho e fêmea humanos?

 

O progresso da primeira atração até a confiança total final com a entrega recíproca no ato sexual normal, é quase sempre uma longa e completa seqüência de intimidades que aumentam gradualmente, e é essa seqüência que será examinada a seguir.

 

lº - OLHO NO CORPO:

 

A forma mais comum de "contato" social entre os humanos é olhar as pessoas à distância. Numa fração de segundo é possível resumir as características físicas do outro adulto, classificando-as e graduando-as mentalmente ao mesmo tempo. Os olhos alimentam o cérebro com informações imediatas referentes a sexo, estatura, aparência, idade, cor, condição social e estado de espírito da outra pessoa. Simultaneamente, processar-se uma graduação numa escala que vai da extrema atração e extrema repulsa. Se os sinais indicam que o indivíduo observado é um atraente representante do sexo oposto, então o indivíduo está pronto para entrar na próxima fase de seqüência.

 

2º - OLHO NO OLHO:

 

Enquanto olhamos para os outros, eles também olham para nós. De vez em quando isso significa que nossos olhos se encontram, e quando isso acontece a reação comum é desviar os olhos rapidamente e quebrar o "contato" visual. Isso naturalmente não acontece quando nos identificamos reciprocamente como antigos conhecidos. Nesse caso, o momento de reconhecimento leva instantaneamente aos sinais de cumprimento mútuo, como sorrisos repentinos, levantar de sobrancelhas, mudança de postura corporal, movimentos de braços e, finalmente, vocalizações. Se, por outro lado, nós nos deparamos com estranho, então o desviar rápido dos olhos é a reação típica, como que para evitar a invasão temporária de nossa individualidade. Se um dos dois estranhos persiste no olhar, após o contato visual ter sido feito, o outro pode se sentir embaraçado e mesmo irritado. Se é possível desviar-se para evitar os olhares fixos, isso logo é feito, mesmo não havendo nenhum elemento de agressão na expressão facial ou nos gestos que acompanham o olhar. Isso acontece porque o olhar prolongadamente é em si mesmo um ato de agressão entre dois adultos desconhecidos. O resultado é que duas pessoas estranhas olham uma para a outra por turnos e não simultaneamente. Então, se um acha o outro atraente, ele ou ela pode acrescentar um ligeiro sorriso ao próximo trocar de olhares, se a resposta é correspondida, também o é o sorriso, e depois um contato mais íntimo pode ocorrer. Se a resposta não é retribuída, um olhar vazio em retribuição a um sorriso simpático vai deter qualquer desenvolvimento futuro.

 

3º - VOZ NA VOZ:

 

Presumindo-se que não haja um terceiro para fazer as apresentações, o estágio seguinte envolve contato vocal entre macho e a fêmea que são estranhos. Invariavelmente os comentários iniciais vão se referir a assuntos triviais. É raro nesse estágio fazer-se qualquer tipo de referência direta à verdadeira disposição dos dialogantes. Esse início de conversa permite a recepção de outros sinais, desta vez dirigidos ao ouvido e não ao olho. Linguajar, tom de voz, sotaque, e uso de vocabulário permitem que uma nova gama de unidades de informações alimente o cérebro. Manter essa comunicação ao nível do irrelevante bate-papo faz com que qualquer uma das partes possa se retirar de um maior envolvimento, caso esses novos sinais não sejam atraentes a despeito da promessa anterior dos sinais visuais.

 

 

4º - MÃO NA MÃO:

 

Os três estágios anteriores podem acontecer em segundos ou pode levar meses, com um parceiro em potencial silenciosamente admirando o outro à distância, não se atrevendo a fazer um contato vocal. Este novo estágio, mão na mão, também pode ocorrer rapidamente, através da forma de apresentação no aperto de mão, ou pode ser retardado por um tempo considerável. Se o aperto de mão formalizado, não sexual, não entra em ação, então o primeiro contato corporal real a ocorrer é capaz de vir disfarçado como um ato de "ajuda", "proteção corporal" ou "orientação direcional". Isso geralmente é realizado pelo macho junto à fêmea e consiste de segurar-lhe o braço ou a mão para ajudá-la a atravessar a rua ou pular um obstáculo. Se ela passa por um ponto perigoso, a mão do macho poderá rapidamente aproveitar a oportunidade e segurar-lhe o braço para desviá-la do perigo. Se ela escorrega, o ato de ampará-la com as mãos também pode facilitar o primeiro contato corporal.

 Mais uma vez o uso de atos que são irrelevantes ao verdadeiro clima do encontro é importante. Se o corpo da mulher foi tocado pelo homem no ato de assisti-la de qualquer maneira, qualquer um dos parceiros pode ainda se afastar de um envolvimento maior sem ficar mal. A moça pode agradecer ao homem pela ajuda e deixá-lo, sem ser forçada a uma posição de recusa direta. Ambos os parceiros podem perfeitamente estar conscientes de que uma seqüência de comportamento está começando, e que esta seqüência poderá levar finalmente a maiores intimidades, mas nenhum dos dois por enquanto faz qualquer coisa que mostre isso abertamente; portanto, ainda há tempo para se retirar sem magoar o outro. Somente quando o crescente relacionamento foi declarado abertamente, o ato de segurar a mão ou o braço poderá prolongar sua duração. Deixa então de ser um gesto "de ajuda" ou "orientação" e se torna indiscutivelmente um ato de intimidade.

 

5º - BRAÇO NO OMBRO:

 

Até esse ponto os corpos não chegavam a um contato próximo. Quando isso acontece, um outro limiar importante foi atravessado. Sentado, em pé ou caminhando, o contato físico com os lados do corpo indica um grande avança no relacionamento, diferente dos primeiros toques hesitantes. O primeiro método empregado é o abraço no ombro, geralmente o braço do homem colocado em volta do ombro da moça para aproximá-los mais. Essa é a mais simples introdução ao contato de tronco porque é usada em outros contextos entre simples amigos como um ato não sexual de companheirismo. E é por isso o menor dos passos a dar, e o que menos poderá provocar uma rejeição. Caminhar juntos dessa maneira poderá dar o ar de ligeira ambigüidade, meio caminho entre a amizade e o amor.

 

6º - BRAÇO NA CINTURA:

 

Um pequeno avanço do estágio anterior ocorre ao enlaçar a cintura com o braço. Esse é um ato que o homem não faz com outros homens, não importa a intimidade que tenha entre eles; portanto se transforma numa direta afirmação de intimidade amorosa. E mais ainda, sua mão estará agora numa proximidade da região genital da fêmea.

 

7º - BOCA NA BOCA:

 

Beijar a boca, combinado com o completo abraço frontal, é um grande passo para a frente. Pela primeira vez há uma forte possibilidade de excitação fisiológica, se a ação é prolongada ou repetida. A mulher pode ter secreções genitais e o pênis do homem pode começar a intumescer.

 

8º - MÃO NA CABEÇA:

 

Como extensão do último estágio, as mãos começam a acariciar a cabeça do parceiro. Os dedos alisam a face, o pescoço e o cabelo. As mãos apertam a nuca e as têmporas.

 

9º - MÃO NO CORPO:

 

Na fase pós-beijo, as mãos começam a explorar o corpo do outro, apertando, acariciando e alisando. O maior avança nessa fase é a manipulação feita pelo macho dos seios da fêmea. Maior excitação fisiológica ocorre durante esses atos e chega a tal ponto que, para muitas jovens, esse é o momento em que uma parada temporária é aconselhável. Desenvolvimento após isso significam maior dificuldade em romper o esquema, e se o laço de afeto não alcançou um nível suficiente de confiança mútua, as intimidades sexuais mais avançadas são adiadas.

 

10º - BOCA NO SEIO:

 

Aqui nesta etapa transpõe-se o limiar em que as interações se tornam estritamente privadas. Para a maioria dos casais isso também se aplica ao último estágio, especialmente no que se refere à manipulação do seio, mas o beijo avançado e o acariciar do corpo freqüentemente ocorrem em lugares públicos em certas circunstâncias. Esses atos podem causar a desaprovação das outras pessoas presentes, porém, na maioria dos países é raro tomar-se uma atitude séria contra um casal que se abraça.

 

Com o avanço do beijo no seio, a situação é completamente diferente porque implica na exposição do seio feminino. O contato da boca no seio é a última das intimidades pré-genitais e é o prelúdio de atos que se referem não apenas à excitação, mas à excitação levada ao clímax.

 

11º - MÃO NOS GENITAIS:

 

Se a exploração manual do corpo do parceiro continua, inevitavelmente chega à região genital, Após a carícia vacilante nos genitais do parceiro, a ação logo se transforma numa fricção compassada e suave que estimula o ritmo do impulso pélvico. O macho repetidamente acaricia os lábios vulvares ou o clitóris da fêmea e poderá inserir o dedo ou os dedos na vagina, imitando a ação do pênis. A estimulação manual desse tipo pode cedo levar a ambos os sexos ao orgasmo, e é uma forma comum de culminação em encontros adiantados entre dois amantes, antes do coito acontecer.

 

12º - GENITAIS NOS GENITAIS:

 

Finalmente o estágio da cópula completa é alcançado e, se a fêmea é virgem, o primeiro ato irreversível de toda a seqüência ocorre com a ruptura do hímen. Existe também pela primeira vez a possibilidade de outro ato irreversível, o da fertilização do óvulo, iniciando uma gravidez. Essa irreversibilidade coloca esse ato final da seqüência num plano completamente novo. Cada estágio terá servido para apertar os laços de afeto um pouco mais, porém, no sentido biológico, esse ato final de cópula está claramente relacionado com uma fase em que as primeiras intimidades já cumpriram a tarefa de cimentar o laço, e assim o par vai desejar permanecer junto após o impulso sexual ter se reduzido pela consumação do orgasmo. Se esse estreitamento dos laços não foi bem sucedido, a fêmea é capaz de se ver grávida e sem uma unidade familiar sólida.

 

São esses os doze estágios típicos do processo da formação de par entre um homem e uma mulher.

 

O COITO, A RELAÇÃO SEXUAL NOS HUMANOS:

 

Descrito com simplicidade, o último estágio da intimidade entre os humanos, genitais nos genitais ou o coito, é a introdução do pênis na vagina, seguida de uma ejaculação. Mas, mesmo num sentido puramente físico, essa descrição não basta. Nos seres humanos a união sexual é um ato de amor, não um simples acasalamento. Se pensarmos nele apenas em termos literais, parece desprovido de amor e despido de sua qualidade humana. Tragicamente é o que grande parte da humanidade tende a fazer.

 

O ato de amor não pode ser encarado em estágios. Ele vai num crescendo de desejo até a sua consumação. A excitação mútua do casal torna essa transição muito natural. A excitação, alimentada pelas expressões físicas de amor, leva-os ao amplexo conjugal, não como compulsão nem como exigência, mas como desejo de completar a doação do próprio ser. Tais desejos precisam ser comunicados. De outra forma como poderiam tornar-se conhecidos? Ela precisa "lhe dizer" - verbalmente ou não -  que está fisicamente pronta e deseja recebê-lo. Essa é a única maneira de fazê-lo saber; a única maneira de lhe permitir satisfazer os desejos da mulher.

 

O amor conjugal, mesmo quando atinge seu desenvolvimento pleno, não proporciona ao casal o dom de ler os pensamentos. Ele não pode adivinhar os pensamentos dela. Só ela pode conhecê-los plenamente. E como só ela conhece seu estado de excitação, cabe-lhe indicar a sua preparação.Para que tudo isso aconteça é necessário a comunicação entre o casal. Marido e mulher comunicam seus sentimentos e desejos numa variedade de formas, direta ou indiretamente, verbal ou não verbalmente. Com a convivência, o casal cria um sistema todo seu. É a linguagem do amor. Palavras claras e definidas ainda são a melhor forma de comunicação. Isso é particularmente certo no que diz respeito à expressão dos desejos e sentimentos sexuais.

 

A experiência inicial da união sexual deveria ser um momento de alegria e beleza. Por que então é descrito tantas vezes como verdadeira tortura? Por que é tão freqüentemente discutido apenas em termos de "perda da virgindade"? Em dezenas de livros sobre o casamento centraliza-se a ênfase na ruptura do hímen. E a descrição desse acontecimento é assustadora e repugnante para muitas mulheres que ficam apreensivas quando se aproxima a consumação da primeira relação sexual. Virgindade não é uma coisa que "se perde". A virgindade é o estado de ser virgem, de não ter tido relações sexuais. Trata-se de uma condição negativa. Negativa na medida em que é a não ocorrência de um acontecimento fundamental na vida da mulher.

 

A experiência positiva é a consumação da união sexual. Os que retratam a consumação o casamento como um ato de sacrifício, privam muitas jovens da alegria que deveria acompanhar sua introdução ao amor sexual. Embora a maioria das mulheres recordem sua noite de núpcias com uma experiência bela e terna, existem outras que se lembram dela com um pesadelo de dor, repugnância e amargura. No entanto, essa reação raramente se relaciona com qualquer dificuldade física, pelo menos anatômica. Os problemas são mais psicológicos do que físicos. Atitudes mórbidas e temores infundados combinam-se freqüentemente para criar o cenário dessas reações.

 

Com instruções adequadas, atitudes sadias e paciência e ternura motivadas pela ternura mútua, a primeira união sexual será uma experiência agradável e uma bela recordação para o casal. A união sexual pode ser satisfatoriamente completada em diversas posições. Alguns manuais de casamento indicam páginas e páginas a uma descrição detalhada dessas diferentes posições. Essencialmente, porém, a natureza do ato e a mecânica do organismo permite apenas algumas variações básicas. Certamente o desejo de amar deve levar o casal a explorar os melhores meios de comunicar seu amor, desnecessários se tornam, assim, os esquemas descritivos.

 

As diferenças de postura no ato sexual, porém, podem representar um papel importante na prática do amor. Como tudo o mais, afetam as dimensões psicológicas e físicas da relação. A preferência por esta ou aquela posição, como toda e qualquer preferência em questão de carícias amorosas, tem um "significado" e comunica uma necessidade emocional, embora os cônjuges possam ignorá-las.

 

Não há uma única posição "normal" para o ato sexual. Qualquer posição em que a união sexual possa ser completada, é normal. Só se pode falar da posição "normal" quando se pensa de uma "norma", isto é, uma posição mais usada pelos humanos. Mas isso é, pelo menos em parte, determinada pela cultura local. O que geralmente se chama de posição "normal" do coito na cultura ocidental é raramente usada em outras culturas não ocidentais. Na cultura ocidental a fêmea fica deitada de costas; o macho deita-se sobre ela, face a face. Em geral, parece natural para ambos. Permitindo um contato físico em toda a extensão do corpo, aproximando seus rostos, ela aumenta a intimidade física refletora da unidade emocional e espiritual por que ambos anseiam. Não obstante, é apenas uma entre várias posições possíveis. Importa tão somente a preferência do casal e a ausência de qualquer impedimento emocional e moral doentio, permitindo-lhes escolher livremente. É provável que a preferência varie de tempos em tempos. As necessidades emocionais e os desejos do macho e da fêmea humanas nunca são estáticos.

 

A "naturalidade" da posição face a face tem levado alguns a concluir erroneamente que outras posições do coito não são naturais e, por conseguinte, imorais. Absurdo, além de destrutivo. Pode inibir, em vez de intensificar a expressão do amor conjugal. Afirmar a moralidade de uma única posição para as relações conjugais é tão falso como afirmar que só há uma forma adequada de dizer "eu te amo".

 

As várias posições para a cópula podem ser classificadas de diversas maneiras: posições face a face, posições em que ambos estão voltados para a mesma direção, posições em que o macho é o elemento ativo, posições em que a fêmea é o elemento ativo, etc. Além da chamada posição "normal", o casal pode realizar a cópula face a face deitados de lado, ou com o macho deitado de costas e a fêmea deitada sobre ele, ou com o macho deitado de costas e a fêmea sentada sobre ele. Pode ainda completar o ato voltados para a mesma direção, com o macho aproximando-se por cima e pelas costas da fêmea. Podem ainda variar o ato, escolhendo a posição sentada ou de pé. Só a imaginação do casal e/ou suas inibições limitarão as "experiências" para descobrir maneiras de amar.

 

Os solteiros ou recém-casados poderão indagar: por que experimentar diversas posições? O casal feliz jamais responderá que a cópula numa única posição tornou-se monótona ou sem graça. A razão está, primeiro, em que as diferentes posições transmitem diferentes emoções e satisfazem necessidades psicológicas diversas, embora estas possam ser sutis e o casal nem perceba que influenciam sua escolha. Mas existe uma razão mais evidente. Mudando de posição, mudam o ângulo de inserção do pênis e a profundidade de penetração. Isso naturalmente variará as regiões de maior estímulo e, como suas necessidades físicas e psicológicas flutuam, as sensações poderão ser mais intensas e dar mais prazer numa posição em determinado momento e em outra posição noutro momento.

 

O ato de amor, especialmente o coito, possui um ritmo, um ritmo em mudança constante. Ele flutuará, crescendo ou diminuindo, durante o ato sexual. De certa forma isso refletirá o crescente prazer e a excitação e macho e da fêmea. Assim, o ritmo das carícias amorosas contribui para a excitação e esta afeta o ritmo do amor. Embora a excitação sexual aumente constante até o clímax, o ritmo poderá ser propositadamente retardado por qualquer dos dois parceiros. Aprendendo a fazê-lo prolongam seu prazer mútuo e aumentam a satisfação final. Há, porém, outra razão mais importante.

 

Depois do orgasmo, é difícil ao macho continuar os movimentos do coito. Ele se sente fisicamente exausto, porém, o que é mais importante, na maioria dos machos humanos a glande torna-se quase que dolorosamente sensível a novos estímulos. Ficam virtualmente impossibilitados de continuar os movimentos do coito depois da ejaculação. Se a fêmea ainda não tiver alcançado o orgasmo, estará sexualmente insatisfeita. Se isso acontecer com freqüência e com pouca ou nenhuma demonstração de preocupação do macho, a mulher se ressentirá com o que lhe parece uma atitude abusiva do macho em relação à união conjugal. De qualquer forma, as relações conjugais em que apenas um dos cônjuges alcança regularmente a satisfação plena só poderá desunir. O macho, orientado pela fêmea, gradua o ritmo. Ele procura dar a máxima expressão do amor, proporcionando à fêmea o maior prazer sexual. Como, porém, o orgasmo do macho é mais rapidamente alcançado com o estímulo tátil, ele verificará a necessidade de retardar o ritmo para assegurar também o prazer da fêmea.

 

Em outra situação, a fêmea poderá chegar ao orgasmo antes do macho. Ao contrário do macho, a fêmea humana em geral não tem dificuldade em continuar o coito até que ele alcance o orgasmo, especialmente se tiver um pequeno descanso após o clímax. Não é raro que a fêmea humana sexualmente adulta (e feliz no casamento) tenha dois ou três ou mais orgasmos durante o ato sexual. Os orgasmos também podem ocorrer antes da união sexual.

A experiência de vários orgasmos durante o ato sexual não é absolutamente uma aberração. Não indica que a fêmea é "hiper sexuada", "animalesca" ou "pouco feminina" como confessam em consultório psicológico algumas esposas. O fato de atingir o orgasmo uma ou mais vezes é uma questão de temperamento, de maturidade sexual, de preferência e da arte de amar do casal. Em muitos casais, o número varia periodicamente, como todas as outras dimensões do amor sexual. A resposta, como sempre, deve ser encontrada no amor. É no amor e através do amor que se encontra o significado do orgasmo. Posição, ritmo, orgasmo múltiplo e todas as várias e complexas ações e reações sexuais são em si mesmas de pouca importância -- desde que o casal sinta um forte desejo de amar. Seu amor transcenderá a preocupação com parâmetros estritamente físicos que afligem tantos casais. Sem o amor, o ato é uma coisa a parte, um encontro desumanizado que nenhum grau de perícia e técnica sexual pode tornar integral.

 

Após o clímax sexual vem um grande alívio de tensão, trazendo um sentimento de relaxamento e tranqüilidade. As ansiedades e as frustrações - que são parte da existência humana - parecem, pelo menos durante algum tempo, dissolver-se. Há menos obsessão com coisas, menos compulsão de fazer, mais aceitação e satisfação em ser. Há uma unidade inerente que parece estar fora do tempo. Esse deverá ser o momento em que o mundo fica de fora, quando o amor do casal é mais profundo, alimentado pela proximidade e alegria de dar e receber amor.

 

Freqüentemente em Clínica Psicológica um assunto que se conversa com casais em que um ou ambos negligenciam o período de amor após o ato sexual. Na maioria dos casos, a culpa é do macho. Várias fêmeas queixam-se de que os maridos cessam abruptamente de fazer amor e virtualmente as ignoram tão logo o ato é completado. As ações do marido podem naturalmente ser inteiramente egocêntricas. Por outro lado, há muitos marido que agem assim, não por falta de consideração para com a esposa, mas simplesmente por ignorância da sexualidade feminina.

 

Após o orgasmo o macho experimenta uma sensação de saciedade e esgotamento. Após o ápice emocional no momento da ejaculação, a excitação masculina cai rapidamente. Muitos maridos sentem imediatamente o desejo de dormir. As mulheres, entretanto, aproximam-se do clímax sexual de forma mais gradativa. Após o orgasmo, a excitação feminina decresce de forma também gradativa. Não se dá a queda brusca característica do que ocorre com o  macho. O desejo de amor sexual da fêmea não se extingue com o orgasmo. Não é um pico agudo seguido de uma queda brusca, mas antes um cume sobre o qual se encontra um platô. Procura demorar aí o máximo possível, saboreando sua beleza indescritível. Sua necessidade de amor físico permanece forte durante esse tempo, mudando apenas de caráter. É uma necessidade de ser abraçada, de sentir apoio e segurança, de apegar-se à intimidade do momento, de ser tranqüilizada por palavras e carinhos sobre o amor que o macho sente por ela.

 

 CICLO DE RESPOSTAS DURANTE O COITO

 

Os pesquisadores Master e Johnson, um médico e uma psicóloga que realizaram os mais importantes estudos sobre o comportamento sexual dos humanos, mostraram que o comportamento sexual masculino e feminino obedecem a um ciclo igual de respostas. Esse ciclo possui 4 fases distintas:

 

1ª FASE DE EXCITAMENTO: Essa fase é iniciada por qualquer estimulação sexual (coito, mecânica, manual, oral, fantasia). Se a estimulação é forte, o estado de excitamento se desenvolve depressa, atingindo níveis elevados de tensão sexual que culminam no orgasmo.

 

2ª FASE DO PLATEAU: A ocorrência de um nível elevado de tensão sexual é prolongada por um tempo, chamado de Fase de Plateau. Se o impulso de descarga sexual não é suficientemente forte ou se a estimulação cessa ou deixa de ser efetiva, tanto o macho quanto a fêmea não chegam ao orgasmo e entram num período prolongado de redução das tensões sexuais.

 

3ª FASE ORGÁSMICA: Nesta fase ocorre o clímax. O clímax sexual é uma resposta completamente involuntária: consiste daqueles poucos segundos em que a sensação de prazer atinge maior intensidade, ocorrendo no macho o orgasmo com a ejaculação, a expulsão do esperma e na fêmea ocorre o orgasmo, ocorrendo uma expulsão de um líquido das glândulas que lubrificam a vagina.

 

4ª FASE DA RESOLUÇÃO: Nesta fase, depois do orgasmo, as tensões sexuais gradualmente são reduzidas até que a pessoa retorne ao estado normal. As fêmeas são capazes de ter novos orgasmos nesta fase, se continuarem a existir um estimulação efetiva. No macho, o período de resolução impede nova estimulação sexual; este período de tempo é variável de indivíduo para indivíduo. Esse período, no macho, é chamado de Período refratário.

 

Em ambos os sexos, as respostas básicas do corpo à estimulação sexual são: Miotonia (aumento da tensão sexual) e Vaso Congestão (maior afluxo de sangue nos canais sanguíneos, especialmente nos órgãos genitais, provocando no macho a ereção do pênis, que fica maior, mais largo e duro e na fêmea há um ligeiro intumescimento dos lábios vaginais e pequena ereção do clitóris). A fisiologia da resposta sexual se mantém a mesma, independentemente do tipo de estimulação (manual, mecânica, oral, coito, fantasia). Contudo, a intensidade e a duração da resposta varia segundo o tipo de estimulação sexual usado.

 

RESPOSTA SEXUAL NA FÊMEA: 10 a 30 segundos após uma estimulação sexual efetiva, a fêmea humana responde com a produção de lubrificação vaginal. Além da lubrificação, os 2/3 mais internos da vagina aumentam de comprimento e diâmetro, preparando-se para receber o pênis do macho. Na medida em que progridem as tensões sexuais para a fase de Plateau (período entre a fase de excitamento e o orgasmo), o útero se retrai tornando a vagina mais profunda. Externamente os pequenos lábios mudam de aspecto, aumentando de tamanho e assumindo uma coloração mais viva. Ocorre também um achatamento dos grandes lábios permitindo acesso mais fácil à abertura vaginal. O clitóris se retrai da posição normal para um local relativamente inacessível.

 

Durante a fase de excitamento muitos músculos se tornam tensos, alguns deles voluntariamente. Por exemplo, muitas mulheres contraem o esfíncter retal para obter um aumento de estimulação. O bico dos seios se tornam eretos por causa da concentração sanguínea e todo o seio aumenta de tamanho podendo aparecer manchas avermelhadas em toda a superfície, além de gotas de suor. Posteriormente essas manchas podem se espalhar por outras áreas como abdômen, peito, etc. Depois do orgasmo elas desaparecem rapidamente.

 

Na Fase Plateau o restante de 1/3 da vagina, que aumentou discretamente de tamanho na fase de excitamento, se torna tão ergogitado que a abertura vaginal decresce de pelo menos 1/3. Master e Johnson chamaram essa fase de Plataforma Orgásmica. Na Fase Orgásmica, no momento do orgasmo, a respiração está pelo menos 3 vezes mais acelerada que o normal; o coração bate 2 vezes mais depressa que o normal e a pressão sanguínea aumenta de aproximadamente 1/3. A maior parte dos músculos do corpo está tensa. O orgasmo começa com contrações rítmicas da plataforma orgásmica. Contrações do útero podem ter início quase ao mesmo tempo que as contrações da plataforma orgásmica, mas usualmente não existe um padrão definido de contração. Existe uma variação quanto à intensidade da experiência orgásmica de mulher para mulher e mesmo na mesma mulher em diferentes experiências. Ocasionalmente o orgasmo começa com uma contração (espasmo) da vagina que dura de dois a quatro segundos antes do início das contrações já descritas.

 

Fisiologicamente o orgasmo é o relaxamento do espasmo muscular e do ingurgitamento dos vasos sanguíneos resultante da estimulação sexual.  Subjetivamente o orgasmo é a experiência de um pico de prazer físico. O atingimento deste pico depende de uma série de fatores fisiológicos e sociais da maior importância. Na cultura ocidental o macho responde mais freqüentemente ao corpo de uma mulher ao passo que a fêmea reage mais à pessoa como um todo, como também à situação total. Na Fase de Resolução tudo volta ao normal. A vaso congestão da parte mais externa da vagina desaparece rapidamente, tornando a abertura vaginal maior. Alguns minutos após o orgasmo a vagina volta à dimensão normal. As tensões musculares também desaparecem.

 

 

RESPOSTA SEXUAL NO MACHO:  A primeira resposta fisiológica masculina à estimulação sexual efetiva é a ereção do pênis. A ereção é causada por ingurgitamento resultante do afluxo sanguíneo ao pênis, e tem paralelo na resposta de lubrificação da vagina. Uma ereção completa pode ser mantida por muito tempo controlando-se cuidadosamente a estimulação. Durante uma fase de excitamento prolongado o pênis pode passar alternadamente para estado de excitamento e não excitamento, variando-se a excitação. Qualquer distração (como um ruído alto ou uma mudança no ambiente) pode causar uma parcial ou completa perda de ereção, apesar da estimulação presente.

 

Com o aumento da excitação a pele do escroto se torna tensa, congestionada e grossa, diminuindo o espaço dentro do saco escrotal. Os testículos se elevam no escroto. Se existe um longo período de jogos sexuais, o escroto pode relaxar e os testículos descerem apesar do pênis continuar ereto. Contudo, quando as tensões sexuais progridem para a fase de plateau, as paredes do escroto engrossam e os testículos novamente se elevam. Freqüentemente a excitação sexual provoca a ereção do mamilo e suor. Manipulação direta do peito do macho não é raro nos jogos heterossexuais. Tanto no macho quanto na fêmea o corpo reage como um todo ao aumento de excitação sexual. No macho também ocorre um aumento de contração muscular nos braços, pernas, abdômen, além de aumento na freqüência da respiração.

 

No segundo estágio da resposta sexual, a Fase do Plateau, também pode aparecer manchas avermelhadas em diversos lugares do corpo do macho. Contudo,  este fenômeno é mais freqüente na fêmea. Master e Johnson observaram que essa coloração é uma evidência de intensa tensão sexual e que mesmo em homens suscetíveis as manchas não ocorrem em todas as oportunidades. Uma reação adicional ocorre ainda na Fase de Plateau, é a emissão de algumas gotas de fluído seminal antes da verdadeira ejaculação. Isto é mais provável de ocorrer após um período relativamente longo de excitação, em que se procurou conter o orgasmo. Quando a ejaculação se torna eminente, ocorre no macho, tal como na fêmea, um aumento nas batidas cardíacas, na pressão sanguínea e na freqüência da respiração. A tensão muscular se desenvolve em todo o corpo.

 

O orgasmo no macho ocorre em dois estágios. O primeiro começa imediatamente antes da ejaculação quando o macho experiência a sensação de inevitabilidade. Essa sensação é causada pelas contrações dos testículos, próstata e vesículas seminais na medida em que o esperma e líquido seminal passam por essas zonas e é expelido pela uretra até a cabeça do pênis. Durante o segundo estágio ocorre a ejaculação propriamente dita, causada por contrações da uretra e dos músculos do pênis. A sensação de contração é acompanhada pela presença da ejaculação. O esfincter retal também pode contrair-se involuntariamente, simultaneamente às primeiras contrações da uretra. Uma ampla ejaculação é subjetivamente mais prazerosa que uma pequena quantidade de emissão. O primeiro orgasmo de uma série é geralmente tido como o mais prazeroso. Nas fêmeas acontece o oposto, ou seja, aquelas que relatam obter mais de um orgasmo numa relação sexual afirmam que o segundo ou terceiro orgasmo é uma experiência mais prolongada e intensa.

 

A volta ao estado normal do pênis acontece em dois estágios bem definidos. Depois da ejaculação usualmente metade da ereção é rapidamente perdida. Contudo, por razões desconhecidas isto pode não acontecer se a ereção foi mantida por muito tempo. O segundo estágio da perda de ereção é um processo mais lento que pode ser retardado mais ainda se o pênis for mantido na vagina ou se o macho mantiver a companheira junto do seu corpo.O processo pode ser apressado se o macho ficar de pé ou ocorrerem outros eventos que o distraiam.

 

FOCO SENSORIAL: A estimulação mútua (carícias, beijos, etc.) que inicia o relacionamento sexual é de grande importância para a posterior satisfação do casal. Ela implica no envolvimento físico e psíquico de ambos, envolvimento este que é conseguido através da estimulação gradual e progressiva. Isto vale dizer que as Zonas Erógenas que devem ser estimuladas, com as conseqüentes sensações psíquicas, devem ser primeiro as de menor grau de estimulação, e depois passar-se para o estimular das zonas mais erógenas tão logo ambos sintam necessidade crescente que a tensão sexual provoca. O tempo necessário para esta estimulação é variável para cada casal e variável para o mesmo casal em cada circunstância.

 

Outro fator importante para a preparação física e psíquica de ambos é o local, o qual deve ser escolhido de comum acordo em cada ocasião de relacionamento sexual. O processo de estimulação requer o dar prazer de forma a satisfazer o outro e o sentir prazer, em ser estimulado. Portanto, tanto ao macho como à fêmea cabe um papel hora ativo, hora passivo. Torna-se evidente que a base para uma real preparação sexual que satisfaça a ambos é a comunicação verbal e não verbal. O papel da comunicação é altamente importante tanto para prevenir inadequações como para melhorar o grau de satisfação sexual do par. Somente através da comunicação verbal e/ou física é possível saber-se o momento adequado para o início, duração e término da estimulação sexual, qual local físico ideal para ambos e principalmente quais as zonas erógenas e fantasias erógenas de cada um e como estimulá-las.

 

Embora fisicamente os seres humanos sejam semelhantes, psiquicamente cada indivíduo é único. Portanto, não se deve imaginar que as zonas erógenas, as preferências de tipo e posição de estimulação do parceiro sejam iguais às nossas ou iguais às de outros parceiros. É sempre necessário que cada qual relate as suas pois o parceiro não tem obrigação de adivinhar, bem como é essencial pedir ao outro que diga quais são as suas preferências ao invés de presumi-las. Esta troca de informações pode ser feita previamente ou enquanto desenrola-se o jogo sexual. Quanto mais completa esta troca de informações, maior a probabilidade de alta satisfação sexual do par. Tendo em vista este aspecto, a comunicação deve abranger particularidades sobre formas de estimular cada zona do corpo, com que pressão, por quanto tempo, em que seqüência. É necessário que cada qual tenha acesso ao que o outro pensa e como sente os diferentes tipos de estimulação física e psíquica. É o conjunto de todas essas informações que faz o sistema de valores sexuais de um indivíduo, e a tensão sexual que é um processo involuntário, surgirá de uma estimulação que satisfaça ao sistema de valores sexuais de ambos.

 

COMUNICAÇÃO: VOCABULÁRIO COMUM DO CASAL: Um casal de 22 e 20 anos respectivamente, universitários e de classe média. Quando vão se referir ao ato sexual eles sempre usam o termo "trepar". Já outro casal, de 40 e 45 anos, ambos funcionários públicos dizem "vamos ter relações?" Um outro casal de 33 e 30 anos, ela dona de casa e ele bancário, costumam dizer "fazer nenê" quando falam do ato sexual. Esses três exemplos mostram uma habilidade que cada casal deve desenvolver para melhor se entenderem. Cada um dos casais acima usa uma expressão, particular deles, para se referir ao sexo. Este vocabulário foi desenvolvido gradualmente, à medida que o relacionamento foi se aprofundando. Vocabulário comum não se restringe ao sexo, embora seja nesta área, por problemas de cultura, que ele é mais necessário. Um vocabulário comum impede que um membro do casal choque o outro por usar certos termos ou expressões que o companheiro não aceita, o que pode levar a sérios desentendimentos. Imagine o marido que diz à esposa: Vamos deitar (para ele significa ter relações) e ela pensa que ele quer apenas descansar, pois para ela ter relações se chama "trepar". É uma situação chata, não?Portanto, cada casal deve desenvolver seu vocabulário próprio íntimo e específico que não precisa ser o do marido ou da esposa, mas um elaborado pelos dois e que aos dois seja compreensível e agradável.

 

 

DISFUNÇÃO ORGÁSMICA NA FÊMEA: A disfunção Orgásmica feminina pode, segundo suas características, ser dividida em dois tipos: disfunção orgásmica primária e disfunção orgásmica circunstancial.

1º - DISFUNÇÃO ORGÁSMICA PRIMÁRIA: A causa desse tipo de disfunção pode ser devida a uma educação religiosa excessivamente rígida, que relaciona sexo com pecado e castigo; pode também ocorrer pela ausência de um sistema de valores sexuais, quando é negado à mulher qualquer oportunidade de pensar, sentir ou conhecer algo sobre sexo. A não aceitação do parceiro sexual ou o fato de este ser impotente também pode ocasionar a disfunção orgásmica primária.

2º - DISFUNÇÃO ORGÁSMICA CIRCUNSTANCIAL: Este tipo de disfunção pode ocorrer quando o parceiro sexual perde, por alguma razão, o valor que tinha para a mulher, ou quando esta tem alguma atividade homossexual ou masturbatória que já a satisfaça plenamente. É importante salientar que a masturbação em si não apresenta qualquer efeito nocivo, apenas como ela é fonte de descarga orgásmica, a mulher que já liberou todas as tensões sexuais no orgasmo masturbatório, se tiver em seguida um relacionamento heterossexual ela não conseguirá ter um novo orgasmo, pela simples razão que estas tensões já foram liberadas.

 

Apesar desta variedade de causas da disfunção orgásmica, pode-se dizer que basicamente, o que ocorre na maioria dos casos, é que a sociedade, por razões culturais ou religiosas, não permite à mulher desenvolver seu sistema de valores sexuais. O Sistema de Valores Sexuais é formado por uma variável biofísica e por outra psicossocial. A sexualidade psicossocial faz parte da identidade sexual, o "ser mulher", o que a mulher não pode negar. Entretanto a sexualidade biofísica pode ser negada ou controlada quando se ensina à mulher que o homem não deve ser sexualmente desejado, que sexo é pecado, etc. ou simplesmente nega-se à mulher qualquer conhecimento sobre sexo, evitando-se assim que ela pense ou sinta qualquer coisa sobre sexo. Além de ter um sistema de valores sexuais, a mulher precisa estar fisicamente apta para o relacionamento sexual, isto é, nutrida, repousada, com equilíbrio metabólico, familiarizada com a regularidade das descargas sexuais.

 

DISFUNÇÃO ORGÁSMICA NO MACHO:

1º - IMPOTÊNCIA: A principal informação é "o que não é impotência". A impotência é diferente do fracasso eretivo.Esta pode ocorrer ocasionalmente, quer por razões de ordem física (ingestão de álcool, fadiga, etc.), quer por razões de ordem psicológica (tensão, preocupação, etc.). Um macho só pode ser considerado impotente quando não conseguiu ereção em 25% das oportunidades de coito, na ausência dos citados fatores físicos e psíquicos. Saber a diferença entre fracasso eretivo e impotência é muito importante porque a impotência propriamente dita é causada numa porcentagem mínima de casos por problemas orgânicos e numa alta porcentagem por problemas emocionais como por exemplo: considerar o fracasso eretivo como impotência, não envolver-se emocionalmente durante o coito, preocupar-se com o desempenho sexual ou com a da companheira durante a realização do ato sexual. A ereção é um processo involuntário e natural, resultado da estimulação do sistema de valores sexuais do homem. Portanto, o homem que durante a realização sexual preocupa-se com a ereção, avalia-se a parceira e não se envolver emocionalmente, está tirando o sexo de seu contexto natural, dificultando a ereção e não aproveitando as duas fontes básicas de estimulação: ele excitar a mulher e esta excitá-lo.

 

 - EJACULAÇÃO PREMATURA: Diz-se que um homem tem ejaculação prematura quando pelo menos em 50% das vezes que tem relação ele não consegue satisfazer a mulher por problema de rápida ejaculação. Quanto maior a educação formal do homem, mais ele se preocupa com a frustração sexual da mulher decorrente da ejaculação prematura. O homem, ejaculando muito depressa, não permite que a mulher alcance uma excitação tal que a leve ao orgasmo. Quando ela está começando a se excitar ele já acabou. Como resultado a mulher do ejaculador precoce se sente muito frustrada. No começo tenta ser compreensiva mas depois se sente "usada". As primeiras experiências ejaculatórias de um homem são chave no desenvolvimento da ejaculação prematura. Na etiologia do ejaculador prematuro geralmente são encontrados: 1 - primeiras experiências com prostitutas; 2 - Relação sexual em situações de surpresa (ser pego no flagrante); 3 - Sexo sem penetração; 4 - Ejaculação fora da vagina. Isso não quer dizer que todo homem que teve alguma desse tipo de experiência é ou será um ejaculador prematuro. Muitos outros fatores estão envolvidos. Entretanto, em todas as circunstâncias acima, a ênfase é para o homem ter prazer sem nenhuma preocupação pelo que a mulher possa estar sentindo. Isto leva  à condicionamento de se satisfazer rapidamente.

 

DESENVOLVIMENTO SEXUAL HUMANO:

 

Adão saudou Eva como "osso do meu osso, carne da minha carne". Platão narrou a história do andrógino, o mito do homem que era originalmente macho e fêmea ao mesmo tempo, mas ofendeu aos deuses e foi dividido em dois e feito macho e fêmea separadamente. O amor humano, portanto, é o esforço para restaurar a unidade perdida. Ambas as histórias reconhecem uma significativa verdade psicológica: homem e mulher são duas metades de um todo; só se completam um através do outro. A união sexual é a expressão psicofísica dessa busca de integridade. Em cada ato de amor sexual os parceir5os lutam por encontrar uma unidade psicológica através da união física. Geralmente é esquecido o fato de que os sexos são complementares e não opostos, que precisam um do outro e que qualquer negação dessa necessidade só pode impedir o amadurecimento emocional.

 

Se os sexos fossem realmente "opostos" não haveria qualquer interação humana significante entre eles. Mesmo num plano biológico, os sexos não são realmente contrários. Ambos levam o hormônio do outro sexo. Ambos possuem particularidades e características de personalidade "típicas" do outro sexo. Sexualmente, ambos são tanto ativos como passivos, ambos são dominantes e submissos. Mas existem diferenças entre os sexos, diferenças muito importantes. E essas diferenças essenciais entre psicologia masculina e feminina evidenciam-se, mais que em qualquer outro campo da existência humana, na união sexual. Por este motivo, é necessário se conhecer o desenvolvimento psicossexual de uma criança, sem separar o que é inato do que é culturalmente imposto. Evidentemente, todos são determinantes importantes do comportamento, mas não valeria a pena tentar encontrar um meio termo entre os extremos de Freud (a anatomia é o destino de uma mulher)  e Simone de Beauvoir (ninguém nasce mulher, torna-se mulher). Para melhor compreensão do desenvolvimento sexual será utilizado a Teoria Freudiana como base, porque a observação empírica mostrou que é a teoria mais útil para se compreender o desenvolvimento da criança e a mais valiosa para prever o comportamento sexual humano.

 

A TEORIA FREUDIANA DA SEXUALIDADE HUMANA:

 

Na Teoria Freudiana, a libido é o impulso, a motivação, a força. Ela motiva o indivíduo a procurar o prazer e a evitar a dor. Embora primariamente de natureza sexual, essa teoria abrange mais do que o estritamente sexual. Todo desejo de contato humano tem sua origem nessa força. É a libido que motiva o indivíduo desde a infância a progredir através das várias fases psicossexuais até a hétero sexualidade adulta madura. Se o meio ambiente, sobretudo, a relação parental, é emocionalmente sadia, este progresso será bastante ordenado. Se, por outro lado, a criança encontra obstáculos emocionais importantes, a libido pode fixar-se em qualquer desses estágios anteriores à maturidade. A fixação se revelará através de problemas emocionais durante a adolescência e continuará na idade adulta. Um dos poucos comportamentos realmente inatos que são observados na criança recém-nascida é o instinto de mamar. Se suas faces são acariciadas de leve, a criança começa a fazer movimentos de sucção.

 

FASE ORAL: Durante o primeiro ano de vida, a energia libidinosa centraliza-se na boca. Todo prazer é derivado oralmente. A vida do bebe é pouco mais do que um ciclo de comer e dormir. Esse é o estágio oral do desenvolvimento psicossexual. Os aspectos sexuais desse estágio e dos seguintes não são facilmente observáveis. De fato, quando Freud introduziu essa Teoria, muita gente sentiu-se chocada. Sugerir a idéia de sexualidade infantil na cultura vitoriana de Viena no fim do século 18 era coisa indescritivelmente ofensiva. Mesmo na atualidade, muitos custam a aceitar essa idéia. Parecem acreditar que isso vem impugnar a inocência da infância. Entretanto, é fácil observar um remanescente da Fase Oral como componente do comportamento sexual adulto, da mesma forma que muitas satisfações menos abertamente sexuais. O beijo, o estímulo sexual dos seios, os atos orais-genitais (oro-genitais) são exemplos bastante óbvios.

 

FASE ANAL: Freud denominou a fase seguinte, entre um mês e três anos, de Fase Anal. Constitui geralmente o período de treinamento higiênico, atividade que, se não for encarada com bom senso, poderá se tornar uma experiência frustradora para os pais e para a criança. Durante esse estágio, a criança descobre que pode derivar prazer da retenção e expulsão das fezes e que tal função corporal pode acarretar um prêmio ou um castigo. Durante esse período, os interesses da criança são em grande parte egocêntricos. Ela procura prazer em seu próprio corpo e suas funções. É uma fase narcisista, cujos remanescentes podem ser reconhecidos na atitude egocêntrica de alguns adultos na relações humanas. A fixação poderá ocorrer também nesse período, se o clima emocional do lar é doentio. A relação direta da fase anal com a sexualidade adulta, embora não tão evidente, é real.

 

FASE FÁLICA: Após o período anal, mais ou menos aos três anos, a criança penetra na fase final pré genital de desenvolvimento, a Fase Fálica. A libido concentra-se nos órgãos genitais, o pênis no menino e o clitóris na menina. A criança descobre as sensações agradáveis experimentadas no auto-estímulo. É um período muito natural de exploração. Infelizmente, alguns pais se preocupam ao descobrir a criança brincando com os órgãos genitais e fazem  um "problema" do que é normal nessa idade. Os pais agindo desse modo, poderão implantar sementes de culpa e temor que mais tarde se mostrarão difíceis de extirpar da mente da pessoa. Uma das perguntas escritas apresentadas depois de uma palestra para pais exemplifica isso. "Como resolver o problema de um menino de 4 anos que brinca inocentemente com o pênis?" A pergunta parece conter sua própria resposta. Se a ação é inocente, dificilmente poderia ser o contrário, onde está o problema? Com os pais ou com a criança? O "problema" só se tornará problema se nós adultos assim o fizermos. Nessa idade, é melhor ignorá-lo e considerá-lo como parte normal do desenvolvimento da criança. Do contrário, será criado um problema real, que talvez afete a criança a partir de então.

 

FASE DO PERÍODO DE ÉDIPO: Em breve a criança entra no período mais importante do seu desenvolvimento psicossexual, o Período de Édipo. Estende esse novo período dos 3 aos 7 anos e faz parte da Fase Fálica e constitui a introdução às relações afetivas interpessoais. Freud tirou o nome do drama grego OEDIPUS REX. Nessa antiga lenda, Édipo mata seu pai e casa-se com a mãe, sem saber. Mais tarde, quando descobre a verdadeira identidade da esposa, cega a si mesmo num gesto de remorso e horror.

 

Durante esse Período Édipo, a criança orienta seus interesses emocionais e sexuais para o progenitor do sexo oposto e desenvolve sentimentos de rivalidade em relação ao progenitor do mesmo sexo.Para muita gente não é uma teoria fácil de aceitar. Quando Freud estabeleceu a hipótese de Complexo de Édipo, até mesmo a maioria de seus colegas se mostrou pouco disposta a acolher a sua teoria. Afinal, era como se estivesse acusando a criança de desejos incestuosos. A Teoria de Freud, entretanto, não indicava uma perversão. Descrevia uma fase normal do desenvolvimento através do qual a criança experimenta a sua primeira resposta hetero sexual. Não se trata de reação sexual declarada, consciente, que sentimos quando adultos. No entanto, qualquer parente dotado de percepção não pode deixar de notar o "agarramento" da criança nessa fase com o progenitor do sexo oposto. É a fase pré-escolar durante a qual a menina torna-se "a filhinha do papai" e o menino o "homenzinho da mamãe". Poderá ser um período de grande conflito e ansiedade para a criança. Se a relação entre os pais é saudável, isto é, se entre os pais o amor for adulto, as relações entre os pais e filhos provavelmente serão sadias também, e o conflito de resolverá satisfatoriamente, desenvolvendo-se na criança uma personalidade sadia. Se essas interações forem traumáticas, porém, a libido permanecerá fixada no nível edípico, e graves problemas psicológicos e sexuais surgirão. Os remanescentes da Fase Edípica afetarão a escolha de um cônjuge e a maneira como agem entre si marido e mulher. Sem falar no prejuízo das suas relações sexuais.

 

Dos 7 anos até o início da puberdade, a criança atravessa um período de relativa calma sexual. É a Fase que Freud denominou de Latente. Durante esse período há pouca atração pelo sexo oposto. Os meninos preferem brincar com meninos ("clube menina não entra"), as meninas não querem saber dos meninos. Há curiosidade e atividade sexual nessa fase, mas trata-se de um período intermediário.

 

FASE GENITAL: Com o início da puberdade tudo muda. Um crescente interesse sexual acompanha as transformações físicas. Subitamente, o mundo e todos os seus habitantes parecem mudar. Esse interesse reativa os sentimentos edípicos. Se o conflito de Édipo original foi bem resolvido, o adolescente transfere seu interesse sexual para os membros do sexo oposto fora da família. Nesse ponto a libido entra na fase final levando à sexualidade adulta, a Fase Genital.

 

Cada fase do desenvolvimento apresenta seus problemas próprios. Num ambiente emocional sadio, a criança passa de um período para outro com pouca dificuldade, atingindo a maturidade com sentimentos hetero sexuais normais. Naturalmente circunstâncias ocorridas na infância prejudicam o desenvolvimento normal. Na sua maioria, segundo Freud, tais circunstâncias originam-se em conflitos edípicos não resolvidos. Seria longo demais descrever os problemas psico sexuais específicos daí resultantes. Em maior ou menor grau, a impotência, a ejaculação precoce, a frigidez e uma infinidade de outros problemas enraízam-se no afeto edípico não resolvido. Talvez não seja a "causa singular" como queria Freud, mas existem realmente como influência poderosa que influencia negativamente inúmeros casamentos.

 

Freud descreveu a sexualidade infantil como "polimorfa perversa". As palavras são infelizes, sugerindo um significado pejorativo. Mas não era essa a sua intenção. No sentido em que as empregou, descreviam o que ele acreditava ser a direção normal do instinto sexual da criança. Na criança, disse Freud, não existe um objeto sexual determinado ou forma de expressão fixa. Simplesmente ela procura sua própria satisfação. à medida que a criança amadurece, as influencias sociais, principalmente os pais, dirigem o interesse sexual da criança para um objeto particular, geralmente o outro sexo.

 

Originalmente, porém, o instinto sexual não se diferencia com relação a seu objeto e meta. Na verdade, há pouca evidência para comprovar essa parte da teoria de Freud. Sob alguns aspectos, é mesmo incoerente com outras partes de sua teoria. Quase todas as observações parecem refutar qualquer hipótese de um instinto sexual não diferenciado. Desnecessário será citar provas empíricas de apoio do ponto de vista de que o homem e a mulher são, por natureza, atraídos um para o outro. No entanto, há algo a aprender das observações de Freud sobre o polimorfo perverso. É que pode ser orientado para objetivos e metas diversos da hetero sexualidade normal. Isso se sabe com certeza. Mas se precisa compreender também que há um aspecto polimorfo na sexualidade adulta normal. E que isso de forma alguma não é uma perversão.

 

A sexualidade normal, embora hetero sexual e orientada para o coito, é largamente diversificada e que o adulto normal reage, até certo ponto, a uma ampla gama de estímulos sexuais. Na sexualidade adulta normal, o "objeto" sexual é outro adulto do sexo oposto: a "meta" sexual é o coito. Na perversão sexual, os interesses sexuais do indivíduo concentram-se num objeto ou meta diferentes. A menos que essa distinção fique bem clara, o casal poderá restringir a expressão de seu amor sexual por receio de que seus desejos possam ser "anormais", ou poderá sofrer desnecessariamente por um sentimento de culpa. Para ilustrar a diferença, é o caso do "voyeurismo". O homem normal sente prazer e excitação sexual ao olhar o corpo feminino. Se um homem efetivamente não experimenta prazer nisso, pode-se suspeitar de algum problema psico sexual. A excitação sexual resultante se concentrará então no objeto sexual, uma mulher, e dirigirá para a cópula. Na perversão do "voyeurismo", a meta é o ato visual em si; a satisfação é alcançada simplesmente olhando.

 

Com a popularização da Teoria freudiana, era inevitável talvez que alguns a usassem para encontrar sintomas em toda ação e "interpretar" e "analisar" todos is sinais de afeto em termos de "fixação" e "complexos". Em alguns círculos, tornou-se uma espécie de passatempo na hora do cafezinho. Não só tais interpretações são geralmente errôneas, mas ainda são formuladas com uma ausência de generosidade que atinge as raias da maldade. Em quase todos os casos, dão a entender que esta ou aquela preferência, interesse ou comportamento sexuais indicam algum desejo anormal reprimido. Por exemplo, se um homem demonstra interesse por mulheres de busto farto, esses analistas amadores apressam-se em apontar uma "fixação oral" e um desejo inconsciente por "uma figura materna nutriz". Ou se uma moça observa que um homem de costeletas grisalhas é atraente, logo é acusada de ter um afeto mórbido pelo pai.

 

Praticamente tudo tem um significado como símbolo ou sintoma, nesse jogo. Sem duvida, muitas de nossas preferências e associações sexuais originam-se em experiências precoces, mas encontrar um significado patológico em todo ato ou desejo sexual é tão potencialmente destrutivo como absurdo. Pode-se encontrar componentes orais, anais, narcisistas, sado masoquistas, edípicos e muitos outros no comportamento sexual entre adultos normais humanos. Mais ainda, os estímulos que provocam resposta sexual pode ser, infinitamente variados. Isso não só é normal como unicamente humano. É um dos aspectos que distingue a união do homem e da mulher do acasalamento dos animais inferiores. Mesmo os animais mais inteligentes seguem no ato sexual um padrão instintivo: é um ato pouco variado. Só nos humanos este ato alcança a maturidade através de uma complexa interação de desenvolvimento biológico e associações aprendidas. Por conseguinte, só no ser humano pode ser um ato de amor. Psicològicamente, os homens são mais dominantes, analíticos, extrovertidos e agressivos do que as mulheres. As mulheres, por outro lado, tendem a ser mais passivas, intuitivas e introvertidas. Essas características de personalidade são importantes em todos os atos de amor sexual, exprimido como exprimem as personalidades totais dos participantes.

 

Alguns atos são claramente dominantes, outros submissos. A prática do amor sexual, entretanto, abrange certo número de atos, não um apenas, e cada um pode exprimir facetas diferentes da personalidade, e por conseguinte necessidades emocionais diferentes e mutáveis. Mais ainda, tais necessidades mudam de dia para dia, até mesmo de hora para hora, de um ato de amor para outro.

 

Na maioria dos casais o papel sexual do macho é relativamente mais agressivo e o da fêmea relativamente mais passivo.Durante a prática do amor, porém, ocorrem geralmente várias "mudanças de papel". Muitas vezes costuma-se pensar nas várias carícias em termos de papéis masculinos e femininos. Errado! Se os atos do macho fossem  puramente masculinos (como são geralmente definidos) e o papel da fêmea puramente feminino, suas relações sexuais seriam não só monótonas como brutais.

 

Seria tolice exagerar o significado psicológico dos vários atos do amor sexual. Se o casal atingiu certo grau de maturidade sexual, representará muitos e diferentes papéis em suas carícias amorosas. As carícias amorosas preliminares à cópula não são limitadas pelo que é "masculino" ou "feminino", e nenhum dos dois sentirá ameaçada sua identidade sexual por este ou aquele ato ou posição. Em certas posições - como por exemplo quando a mulher está por cima do homem - o papel dela é mais ativo, mas não menos feminino. Da mesma forma, ela não será menos feminina se tomar a iniciativa nas carícias amorosas. O macho é quase sempre o conquistador, mas a fêmea que "seduz" o macho está exprimindo o melhor de sua feminilidade.

 

Quando um dos cônjuges insiste num ou noutro ato ou posição, excluindo todos os outros, isto sim poderá indicar necessidades emocionais imaturas ou doentias, vindo a ser talvez causa de desentendimentos. Um advogado de 27 anos, casado há 6, só gozava se a esposa assumisse o papel ativo e ele ficasse quase totalmente passivo. Raramente tomava a iniciativa das carícias. Ao contrário, esperava que ela manifestasse agressivamente seus desejos. Nas poucas vezes em que acedeu aos desejos da mulher e assumisse o papel ativo, foi incapaz de completar o ato. Sua educação e experiências infantis chegavam quase às raias do fantástico. Era fácil prever que resultariam em graves dificuldades emocionais. Os sintomas indicavam uma séria perturbação psicológica e sexual, não apenas uma preferência. Tais casos felizmente são exceção. Neles, os atos e preferências tornam-se psicologicamente "significativos", não devido à sua natureza nem à inversão dos papéis, mas por causa de sua exclusividade. Alguns casais consideram a variedade o tempero do amor. Outros, igualmente "normais", encontram satisfação, ano após ano, com pouca ou nenhuma "experimentação". Isso só assume importância quando o casal, por causa do medo, de inibições irracionais ou de necessidades sexuais mórbidas, não consegue introduzir a variedade em suas carícias amorosas.

 

O clímax sexual no homem difere significativamente do clímax sexual na mulher. O que ele sente deve ser o símbolo de toda sua masculinidade.à medida que o macho se aproxima do orgasmo, suas ações se tornam crescentemente agressivas e imperiosas. Física e psicologicamente, seus avanços sexuais passam de persuasivos e sedutores a possessivos e conquistadores: ele toma a mulher, na culminação do ato do amor. Esse fato tem sido comparado a um combate que termina em conquista. A natureza do ato torna a analogia evidente: há sempre um elemento de conquista e submissão no ato do amor.

 

A analogia, porém, é limitada. O homem sente um forte desejo de dominar, de levar a mulher ao ponto de submissão. Ele experimenta sentimentos agradáveis de força e poder quando ela se entrega. No momento do clímax, seu mais forte desejo é penetrá-la até o âmago. Por conseguinte, à medida que cresce o ritmo do coito e se aproxima a ejaculação, seus avanços vão se tornando mais agressivos e a profundidade da penetração do pênis é maior. Ao atingir o orgasmo, o pênis entrou o mais fundo possível na vagina da fêmea.Embora sob controle consciente parcial, essa arremetida pode ser considerada quase reflexiva. No plano biológico, tem propósito evidente: o fluido seminal é ejaculado bem no alto da vagina, ajudando assim o esperma em sua viagem para fecundar o óvulo. No plano psicológico é de tal importância para a satisfação sexual do homem (e da mulher) que Freud em certa ocasião chegou a considerar o método anticonceptivo de retirada do pênis antes do orgasmo (coitus interruptos) uma causa de neurose. Dessa forma, Freud tomava o partido dos teólogos morais na condenação dessa prática, embora por razões diferentes.

 

Foi dito que a analogia era limitada. Os atos masculinos, embora agressivos e dominadores, não contêm hostilidade (a menos que se refira a estupro e não de amor). Portanto, a "conquista" masculina e a "submissão" feminina só superficialmente se assemelham a um combate. Pode-se descrevê-lo como um "combate amoroso", onde homem e mulher representam os papéis de suas naturezas sexuais. O desejo do homem de tomar e possuir a mulher equivale ao desejo da mulher de render-se e ser possuída. Isso não está fora do amor. è a natureza básica do amor sexual. O desejo de "conquistar" que é parte integrante da sexualidade masculina pode ser facilmente distorcido pela mulher. A menos que ela tenha uma noção da psicologia masculina, poderá se ressentir da imperiosidade do comportamento sexual do homem. Ele lhe parecerá voltado apenas para a satisfação própria. Isso, raramente é verdade, mesmo com os maridos mais egoístas e indiferentes. O ego masculino, por si só, torna tal comportamento raro.

 

A capacidade sexual é uma componente muito importante da auto imagem masculina. Praticamente todo homem deseja ver-se no papel de "um grande amante". Portanto, se a esposa não sente satisfação sexual, tal fato poderá ser mais arrasador para o marido que para ela própria. Em Clínica Psicológica tem sido encontrado muitos maridos que tinham perdido quase todo interesse nas relações conjugais ao descobrirem que eram incapazes de proporciona à esposa tal satisfação. Por essa razão, além de outras, a frigidez constitui ao mesmo tempo um problema da mulher e do marido. Ao "conquistá-la", o marido procura a conquista do amor sexual, ao qual ela se entrega na completa satisfação sexual. Se isso não acontece, ele pode considerar-se um fracasso.

 

Há mais uma coisa que torna imperfeita a analogia. A rendição da mulher de forma alguma é derrota. Ao contrário, se ela sente que deve ceder ao marido, a rendição será impossível, da mesma forma que a satisfação sexual. E aqui depara-se com um paradoxo ainda maior: o orgasmo feminino. Certa vez uma revista trouxe um artigo criticando o que os autores consideram como o exagero da qualidade do orgasmo feminino. Talvez tenham um pouco de razão. Há, é verdade, muita tolice escrita a respeito. Na maioria enfatiza-se a mecânica do ato sexual. Querem convencer o leitor de que o orgasmo feminino depende apenas de técnicas físicas e que a única coisa importante é alcançar uma espécie de sensação de êxtase. Num destes livros a leitora recebe instruções de exercícios para desenvolver os músculos vaginais como a chave da felicidade sexual: até agora não foi encontrado maior absurdo.

 

Mas não deixa de ter alguma validade a importância que os psicoterapeutas emprestam ao orgasmo feminino. O que torna importante, porém, não é só a questão de saber se a mulher pode ou não estar sentindo um determinado tipo de prazer, por maior que seja, mas o que isso revela sobre toda sua personalidade e o que ela pode ser ou não como mulher. Apesar da atitude de algumas autoridades, há amplo apoio para a afirmativa de Freud de que o orgasmo da mulher adulta normal concentra-se na vagina, enquanto na mulher imatura e na adolescente o orgasmo é atingido primariamente através do estímulo do clitóris. Freud elaborou a teoria de que, ao atingir a mulher a plena feminilidade o centro do orgasmo muda-se para a vagina. Entretanto, como não existe um meio "de provar" esta hipótese e nenhuma evidência fisiológica para apoiar a idéia de um orgasmo vaginal, estudiosos orientados pela Biologia rejeitaram essa teoria.

 

Não obstante, vários psicólogos e psicanalistas que têm estudado a sexualidade, estão convencidos de que existem de fato dois tipos de orgasmo e que são qualitativamente e não apenas quantitativamente diversos. Talvez a questão pudesse ser resolvida se houvesse palavras para descrever tais sensações sem ter que chamá-las "clitóricas" e "vaginais", pois tais descrições implicam em dizer que só o lócus anatômico da sensação tem importância. Não é verdade. A ocorrência de orgasmo vaginal só é importante quando revela algo sobre a mulher e seu casamento. O ideal é utilizar a palavra "completo" em vez de "vaginal", ou talvez a palavra "total" fosse mais descritiva ainda. O orgasmo feminino começa bem fundo dentro do corpo da mulher - subjetivamente, pelo menos - na vagina e estende-se à medida que cresce sua intensidade, a todas as partes do corpo da mulher, parecendo chegar até a ponta dos dedos. No auge, todo seu ser parece dissolver-se e ela experimenta um indescritível sentimento de satisfação e transcendência. Sente que as fronteiras do seu ego se perdem e toda ela flui para o marido. É uma experiência tão profunda, tão carregada de significado que nenhuma imagem pode transcrevê-la; uma experiência que impregna e influencia todos os aspectos de sua relação com o marido e que faz o orgasmo masculino parecer rudimentar, em comparação. Pelas pesquisas, apenas uma minoria das mulheres experimentam esse tipo de orgasmo. É pena pois significa que muitos poucos casamentos cresceram como deviam. Poder-se-ia perguntar: por que fazem tal inferência de uma experiência que representa parte tão pequena na relação total do casamento? A resposta está na psicologia da mulher. Há mulheres que, depois de terem ouvido falar do orgasmo total, procuram ajuda profissional a fim de poder alcançar tal tipo de orgasmo. Para obter tal tipo de orgasmo a mulher deve sentir segurança profunda, certeza de si mesma e satisfação em sua feminilidade. Para entregar-se e obter esse tipo de orgasmo, a mulher deve estar segura para superar algumas apreensões naturais. O marido pode aumentar a segurança, mas esta deve nascer dela própria. Se uma mulher não gosta de si mesma e não sente alegria em ser mulher ela ficará retraída, pelo temor de seus sentimentos de vulnerabilidade, revelando-se incapaz de se entregar totalmente.

 

A satisfação sexual da mulher está mais ligada à sua auto imagem do que a do homem. Além disso, sua satisfação sexual impregna toda sua existência em grau muito maior. Seu prazer não termina quando terminam as carícias; continua pelo resto do dia ou dias seguidos, como reflexo luminoso que alivia as pressões de suas muitas responsabilidades e aumenta a "alegria de viver" que é parte integrante de sua feminilidade. As relações conjugais satisfazem necessidades emocionais. A redução da tensão é uma delas. Em um casamento feliz, em que ambos encontram um significado e um senso de realidade adulto, o casal busca um refúgio, embora temporário, das preocupações e ansiedades que acompanham a vida. Esse encontro íntimo é fonte de paz emocional e renovado vigor para enfrentar os desafios da vida.

 

A psicologia do amor sexual é a psicologia do homem e da mulher. Tudo o que foram, tudo o que são, tudo o que esperam ser, afeta esse amor e se reflete nele. Se isso é amar, encontra-se ai algo acima e além do meramente humano, mas sem nunca rejeitar a maravilhosa humanidade aí contida.

 

A  PRÁTICA DO AMOR

Com a chegada da puberdade, a criança "torna-se gente". Quase da noite para o dia, as pessoas e coisas assumem um novo aspecto. Mudanças físicas dramáticas são acompanhadas de penosa falta de jeito, uma crescente percepção do próprio ser e de si mesmo em relação aos outros. Pela primeira vez, membros do sexo oposto são olhados "como opostos", criaturas muito estranhas, na verdade. Mas atraentes, apesar disso. Gradualmente novos e poderosos impulsos vão se filtrando para o consciente e a criança atravessa o umbral para o mundo adulto. Essa experiência nunca está isenta de ansiedade e raramente se manifesta sem um conflito. As tensões que a criança experimenta durante esse período resultam de mudanças tanto físicas como sociais. O desenvolvimento de características sexuais, os choques com os pais à medida que a criança procura sua independência, a dolorosa insegurança dos primeiros namoros, tudo contribui para essas tensões. Mas é a crescente sensação de excitação sexual que com mais freqüência constitui o âmago da ansiedade adolescente.

 

A excitação sexual não começa, entretanto, com a puberdade, ela se torna então simplesmente mais acentuada e exigente. Mesmo antes de dar o primeiro passo, a criança experimenta sentimentos que podem ser denominados respostas sexuais. Por exemplo, são observadas freqüentemente ereções em meninos de poucos meses de idade. Existem uma diferença, porém. Nessa idade, a excitação é de natureza reflexa, resulta apenas da estimulação tátil dos órgãos genitais.

 

Quando a criança chega à puberdade, muitas experiências e percepções já se associaram ao estado de excitação sexual. Essas associações aprendidas formam o estímulo principal para a resposta erótica do adulto. Praticamente toda percepção, uma vista, um toque, um som, podem ser motivo para uma resposta sexual. Essas associações precoces determinam também muitas de nossas preferências sexuais, a cor dos olhos que nos atraem, o cabelo ondulado, os dedos delgados, etc. São tais associações que explicam por que um rapaz se sente atraído por uma moça que tem os olhos azuis de sua mãe, ou por que uma moça se apaixona por um homem que fuma a mesma marca de cigarro de seu pai. A fim de compreender algo do mecanismo psicológico da excitação sexual e de seu papel na prática do amor, deve-se começar por entender a natureza básica do impulso sexual humano e como os sentidos agem para iniciá-lo e dirigi-lo.

 

Os diversos impulsos físicos, como a fome e a sede, são estados de tensão. Como qualquer estado de tensão, servem para ativar o organismo. É essa crescente tensão que motiva o ser humano para procurar a satisfação do impulso. O estado de tensão associado à fome é satisfeito com alimento; a tensão da sede com o líquido, etc. Mas o que satisfaz não é a própria tensão e sim a redução dessa tensão. A tensão, por si mesma, não causa prazer. No impulso sexual humano, entretanto, há algo muito diferente. Não é apenas a redução da tensão pelo orgasmo que satisfaz, mas o próprio estado de excitação sexual que dá prazer. Isso pode-se constatar pelo fato de ser geralmente agradável mesmo quando não é finalmente terminado pelo orgasmo. Quando se examina a excitação sexual e as carícias amorosas é que se compreende a totalidade do desenvolvimento psicológico e sexual humano.

 

Cada um dos sentidos contribui para a total excitação sexual do ser humano, ou pelo menos pode contribuir. O prazer que o ser humano experimenta é uma mistura de sensações de cada uma das modalidades sensoriais. Visão, tato, olfato, audição e gosto agem, em grande parte, em harmonia. Nos vários momentos durante o ato do amor , um dos sentidos pode predominar. Mas, se o ser humano fosse privado de qualquer deles, ou se fosse inibido um deles devido a uma atitude errônea ou à incerteza do que é ou não adequado - a satisfação seria menor e o amor conjugal seria prejudicado.

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DA VISÃO NO DESENVOLVIMENTO SEXUAL HUMANO?

 

Provavelmente quase tudo que o ser humano vê pode transformar-se em estímulo para a excitação sexual. Basta que haja associação entre o objeto e o estado de excitação. Assim, por exemplo, um quarto, um flor, um retrato ou uma peça de roupa podem tornar-se estimulantes sexuais. Nem toda visão associada à excitação sexual tem, porém, a mesma força como estimulante. Algumas podem ser apenas levemente excitantes, ao passo que outras podem ser profundamente estimulantes. Em alguns casos parece haver apenas o que se poderia chamar de uma associação "indireta" com a sexualidade.

 

Esses estímulos visuais indiretos entretanto,são muito importantes. Formam o pano de fundo romântico, o cenário do amor. O romance e as fantasias românticas satisfazem uma grande necessidade na vida de uma mulher. Infelizmente, existem inúmeros maridos que ignoram essa necessidade, que encaram as relações sexuais com pouco ou nenhum romantismo. Muitas mulheres consideram os homens desprovidos de romantismo, por natureza. É uma idéia completamente infundada.Os homens não são inatamente menos ou mais românticos que as mulheres. O que acontece é que na cultura ocidental os homens mostram-se freqüentemente relutantes em confessar interesses românticos ou manifestar amor ao romântico.Beijar a mão de uma dama, enviar-lhe uma rosa solitária, escrever-lhe um poema de amor, são atos desprezados como afeminados. No entanto, o amoroso romântico não é menos homem do que o marido rude que ignora os desejos da esposa. O marido sem romantismo não está provando sua masculinidade, apenas uma falta de amor. Muitos maridos só teriam a lucrar lendo os contos de amor nas revistas femininas. Por mais adolescente que essa ficção possa ser, ela fornece a muitas mulheres, pelo menos em segunda mão, o prazer do amor romântico. Para elas é o único romance que encontram na vida. Em uma consulta em clínica psicológica uma esposa amargurada lamentava a maneira pouco romântica com que o marido encarava as relações conjugais. Fazendo esse comentário sua frustração explodiu em lágrimas e hostilidade: "Sexo? O que é isso para ele? Ele não me ama. Eu sou apenas sua pílula para ele dormir". 

 

Enquanto as mulheres - pelo menos por educação - experimentam um desejo mais forte pelos estímulos secundários ou românticos, é ao homem que cabe estabelecer o ambiente romântico para o amor. Isso exige percepção, imaginação e sensibilidade estética. O homem deve criar uma atmosfera de romance em que todos os sentidos são estimulados para obter a resposta total sexual.

 

À esposa também cabe uma responsabilidade pelo romance. Cômodos arejados, um vaso de flores, roupa de cama limpa, um toque de perfume aplicado com amor, podem criar o fundo romântico para o amor, tão excitante como um ninho exótico e secreto. Todavia, muitas esposas fracassam nesse ponto. Talvez se queixem  da ausência de romance mas que marido poderá preservar sentimentos românticos para com uma esposa que se deita sistematicamente com rolinhos nos cabelos e camisola de flanela? Quanto tempo durará o romance da lua-de-mel se ela o receber do trabalho com um roupão e chinelos e uma cansativa lenga-lenga  de pequenas reclamações, lamentações e tribulações? Qualquer cenário visualmente estético pode ser considerado como ambiente romântico.

 

Nossas preferências, memórias e associações individuais concorrem com todas para determinar o que se poderia denominar de "valor romântico" de um lugar. Evidentemente a companhia do ser amado pode transformar o ambiente mais familiar num cenário de romance. O marido disposto a amar procurará descobrir os ambientes mais propícios ao romance, o jantar à luz de velas, o piquenique a dois, o passeio de mãos dadas na praia enluarada. Tal com o o ramo de violetas que ele lhe traz, mesmo sem qualquer razão específica, tais elementos podem ser adequadamente chamados de "estímulos sexuais secundários".

 

"Secundários"porque não existe relação casual necessária entre esses estímulos e a excitação sexual. Uma pergunta freqüente em terapia de casal é: Quando saiu com sua esposa pela última vez? Não com amigos, nem para alguma festa, mas apenas os dois num programa que você planejou para ela?" Geralmente não há resposta positiva. Muitos parecem associar um programa desses ao namoro ou quando muito com a lua-de-mel. Depois de casados só vez ou outra saem com a esposa e geralmente tais saídas têm tanto romance quanto uma ida ao supermercado. Por ignorância ou timidez, tais maridos ignoram as sugestões românticas e não percebem nenhuma relação entre amor romântico e sexualidade.

 

Se os maridos negligenciam constantemente esses estímulos secundários as esposas, por sua vez com a mesma freqüência são cegas à importância do estímulo visual primário na excitação sexual. Primário porque é direta ou casualmente associado à resposta erótica. Embora qualquer objeto possa por associação tornar-se um estímulo primário, a visão mais excitante é sem dúvida o corpo nu ou seminu.

 

Os seres humanos têm prazer em contemplar pessoas atraentes de ambos os sexos. Se o amor "move o mundo", o sexo - na imagem da forma feminina - faz girar as agências de publicidade. Tudo, desde sapatos ortopédicos até microscópios eletrônicos, é anunciado por provocantes mulheres, fato que tem levado mais de um crítico social a acusar a sociedade de obsessão sexual. A acusação não parece justificada, pelo menos por base nessa evidência. Não há nada de mais gostar de olhar uma jovem atraente. Pode ser incoerência usar uma moça bonita para fazer publicidade de um trator, mas a natureza da psicologia desses anúncios não pode ser discutida. Ambos os sexos sentem prazer em ver um atraente exemplar do sexo oposto. No entanto, as imagens de publicidade geralmente são dirigidas mais aos homens: são modelos femininos que se vestem ou utilizam pouca roupa de formas mais provocantes. Raramente as propagandas utilizam o modelo masculino. Talvez por influência da cultura social que determina o que é e o que não é estímulo sexual, Na cultura ocidental os meninos são influenciados a serem "voyeurs" e as meninas são ensinadas a serem exibicionistas, ou seja, é natural que os homens sejam excitados pela visão do corpo feminino e que as mulheres tenham prazer em exibir seus corpos aos olhares masculinos. Até que ponto isso é inato e até que ponto se trata de um comportamento adquirido, só as pesquisas poderão determinar.

 

 EXERCÍCIO PARA DIAGNÓSTICO DAS RELAÇÕES ÍNTIMAS NOS HUMANOS

 

Obs. Fazer uma cópia para ser respondida pelo marido e outra para ser respondida pela esposa e uma terceira cópia para que os dois examinem as concordâncias (S) e as discordâncias (N) de suas próprias respostas comparadas com as do cônjuge. Após isso, o casal conversar sobre suas respostas, sozinhos o casal, ou nas sessões com o terapeuta.

 

Este questionário objetiva levar o casal a tomar consciência de suas concordâncias (S) e discordâncias (N) no sexo.

(  ) 1ª fase, cópia para ele   (   ) 1ª fase, cópia para ela  (   ) 2ª fase: O casal deve passar para esta cópia os Sim ou Não correspondentes às respostas dadas por cada um dos parceiros. Quando os Sim ou Não não forem correspondente no parceiro, colocar um X na cor vermelha indicando as discordâncias do casal a serem conversados entre os dois.

 

Forma transferencial:

. Sente simpatia pelo parceiro sem saber por que?   Ele (   )   Ela (   )

. Tem prazer em proteger ou ser protegido pelo seu parceiro? Ele (  )  Ela (   )

. O seu parceiro lembra-lhe alguém de sua família?   Ele (   )   Ela (   )

. Quem?   Ele:                                  Ela: 

Sente muita necessidade de carinho, sem que haja nisso idéia de sexo?   Ele (   )    Ela (   )

 

Forma motivacional:

Gosta de:

. Conforto?   Ele (   )    Ela (   )

. Negócios, lucros, dinheiro?  Ele (   )   Ela   (   )

. Sentir orgulhoso(a) de seu parceiro e apresentá-lo(a) aos outros?   Ele  (   )   Ela (   )

. Exercer a mesma profissão e trabalhar junto com seu parceiro?   Ele (   )   Ela (   )

. Comer e saborear bons pratos juntos?  Ele (   )   Ela (   )

. Passear e viajar juntos?   Ele (   )   Ela (   )

. Ir a festas ou recepcionar amigos?  Ele (   )   Ela (   )

. Conviver com ele(a) porque sem o cônjuge sente-se só?  Ele (   )    Ela (   )

. Ficar junto do cônjuge porque não gosta do resto do mundo?  Ele (   )   Ela (   )

. Jogos e emoções violentas?   Ele (   )   Ela (   )

. Praticar esportes e/ou ginástica?  Ele (   )   Ela (   )   Quais?:

. Gosta da beleza dele/a?    Ele (   )   Ela (   )

. Beleza da natureza, quadros bonitos, pessoas bonitas?  Ele (   )   Ela (   )

. Ouvir música?  Pintar, desenhar (grifar) Ele (   )   Ela (   )

. Tocar algum instrumento musical?  Ele (   )   Ela (   )

. Ler livros?   Ele (   )  Ela (   )

. Discutir e debater assuntos intelectuais, políticos, da natureza?   Ele (   )   Ela (   )

. Ajudar o cônjuge em seu desenvolvimento pessoal?   Ele (   )   Ela (   )

. Participar de obras assistenciais aos mais necessitados? Ele (   )   Ela (   )

. Praticar atos religiosos e participar deles?   Ele (   )   Ela (   )

. Defender o bem, a moral, a equidade, a justiça?    Ele (   )   Ela (   )

 

Forma procriadora:

. Gosta da idéia de ter filhos? Ele (   )   Ela (   )

. Gosta de educar crianças?   Ele (   )   Ela (   )

. Sente-se feliz e realizado por ter seus próprios filhos? Ele (   )   Ela (   )

 

Forma costumeira:

. Gosta dele (a) porque possui os requisitos ideais quanto à idade, tamanho, posição social? Ele (   )  Ela (   )

. Acha que em matéria de amor e casamento se deve colocar a razão acima do coração? Ele (   )  Ela (   )

. Acha que em matéria de casamento, o amor pode vir depois e é mais importante a convivência? Ele (  ) Ela (   )

 

Forma possessiva

. Quer o seu parceiro só pra você?  Ele (   )   Ela (   )

. Faz tudo para conservá-lo pensando na harmonia do casal? Ele (   )   Ela (   )

. Sente ciúmes dele (a) quando ô vê conversando com alguém?   Ele (  )  Ela (   )

 

Forma Existencial:

. Tem consciência de que o sentimento entre os dois é profundo e firme? Ele (   )   Ela (   )

. Quando estão longe um do outro sente saudade?  Ele (   )   Ela (   )

. Gosta da convivência mesmo que haja pouco sexo?  Ele (   )   Ela (   )

. Acredita que os dois são fiéis um ao outro? Ele (   )   Ela (   )

. As relações sexuais acontecem naturalmente? Ele (   )   Ela (   )

. Sente-se feliz durante essas relações?  Ele (   )   Ela (   )

. Depois das relações tem um sentimento de paz e de plenitude? Ele (   )   Ela (   )

. O orgasmo lhe dá um sentimento de plenitude?   Ele (   )   Ela (   )

 

Forma Genital:

. Antes do coito sente-se ansioso e com pressa?   Ele (   )   Ela (   ) . Durante o coito quer chegar ao prazer depressa?   Ele (   )   Ela (   )

. A atração pelo parceiro é mais forte antes do coito?  Ele (   )   Ela (   )

 

Forma Sensual:

. Fica alegre antes do coito pelo prazer que vai dar ao outro?  Ele (   )   Ela (   )

. Durante o coito quer prolongar o máximo o prazer? Ele (   )   Ela (   )

. Tem prazer em mudar de posição e usar todos os tipos de carícias?  Ele (   )   Ela (   )

. Após o orgasmo sente que quer mais prazer ainda?  Ele (   )   Ela (   )

. Após o coito sente alguma frustração?  Ele (   )   Ela (   )

. Gosta muito dos sentimentos durante o coito? Ele (   )   Ela (   )

. Costuma conversar com o cônjuge após as relações, comentando o que mais gostou? Ele (   )  Ela (   )

 

Análise das imagens motivacionais:

Ele (   )   Ela (   ) O que o cônjuge gosta e quer na vida?

 

. Ele (  ) Ela (   ) O que o cônjuge faz para ajudá-lo e satisfazê-lo?

 

Análise dos pontos de atração e rejeição no cônjuge

 

Este exercício destina-se aos casais que querem melhorar mais ainda seu relacionamento. É necessário que os dois estejam de acordo em fazer o exercício e receber as sugestões do outro com espírito de colaboração mútua.

Cada um dos parceiros deve escrever numa cópia separada, no item 1, uma lista de tudo o de que GOSTA no outro parceiro, isto é, todos os aspectos tais como interesses, caráter, mímica, vestimenta, atitude, perfume, etc.  Por exemplo: os seus olhos, o seu sorriso, a sua musculatura, a sua voz máscula e meia ao mesmo tempo, o fato de ser respeitado por todos, etc. Uma vez preenchida o item 1, passa-se ao item 2, fazendo nele uma lista dos aspectos que o cônjuge gostaria de ver modificados no outro, os aspectos que gostaria que o cônjuge mudasse, os aspectos de que atualmente NÃO GOSTA no cônjuge. Por exemplo, Gostaria que chegasse mais cedo em casa, Levar-me para jantar fora de vez em quando, Gostaria que cuidasse para que cinza de cigarro não caísse no chão, Gostaria que fosse mais carinhoso antes das nossas relações sexuais. Ao tomar conhecimento das respostas do cônjuge aparecem muitas coisas que constituem verdadeiras surpresas e formam a base para a tomada de decisões importantes para a vida do casal. É evidente que a leitura recíproca de tais declarações pode facilitar sensível melhora nas relações do casal pois os dois parceiros tomam conhecimento de fatos ignorados até então.

 

 

    

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