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TEMA: A FELICIDADE DE UM CASAL E A "ECONOMIA" DE SENTIMENTOS |
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A FELICIDADE DE UM CASAL E A "ECONOMIA" DE SENTIMENTOS
Antonio de Andrade * A vida de casal é uma
das mais importantes relações interpessoais que contribuem para a
felicidade. A maioria das pessoas cultiva a imagem de um casal que vive
em felicidade, mas a realidade mostra um número muito grande de casais
infelizes, descontentes com o relacionamento que têm, sem realização,
conforme indicam as estatísticas de separações. Em Terapia de Casal, ao
se procurar examinar as razões da crescente insatisfação que homens e
mulheres revelam, uma das respostas certamente estará no fator
classificado como “economia de sentimentos”. Imagine dois casais. O
primeiro casal tem uma vida em comum que revela uma “economia de
sentimentos”. Exagerando um pouco nas “tintas” para descrever esse
casal: cada um dos cônjuges é “econômico” em todas as suas atitudes e
expressões emocionais um com o outro (e certamente também com as outras
pessoas). Expressam muito pouco (ou quase nada) de suas emoções, vivendo
uma relação “morna” ou quase fria, sem quase nenhuma demonstração de
interesse e encantamento um com o outro. Pouco se tocam fisicamente
(quando isso acontece se afastam rapidamente) e não olham diretamente um
para o outro nos olhos e quando isso ocorre, desviam o olhar,
rapidamente, procurando mantê-los em outra coisa qualquer. O pouco
contato corporal ocorre sempre dentro dos limites convencionais e de
modo formal revelando um grau pequeno de intimidade. Raramente sorriem,
mantendo uma expressão fria, taciturna, fechada, “sem vida” no rosto,
geralmente com dois vincos profundos ao lado da boca, como se estivessem
com depressão. Utilizam pouca
comunicação e quase chegam a ser incapazes de conversar construtivamente
sobre alguma dificuldade entre eles, reagindo com explosões emocionais
quando há alguma divergência. Geralmente evitam dialogar e abrir-se
emocionalmente um com o outro, não sabem respeitar as diferenças e vivem
“sufocando” suas próprias emoções, reagindo com resmungos destrutivos,
atitudes críticas ou de “rabugice” e mau humor, criando conflitos com
discussões contínuas que podem levar a agressões ou autoagressões
(provocando doenças psicossomáticas, crises nervosas, stress,
taquicardia, insônia, etc) e em casos extremos, a uma ruptura do
relacionamento. A rotina diária desse tipo de casal, quase sempre é a
mesma. Quando de manhã, o despertador toca, cada um levanta da cama sem
ao menos dizerem um bom dia, quando muito um “oi”. Preparam-se
geralmente em silêncio ou com poucas palavras um ao outro, continuam com
pouca comunicação no café da manhã e na despedida para o trabalho. De
retorno ao lar, à noitinha, continuam com pouca comunicação. Após o
jantar, sentam-se no sofá (geralmente numa distância formal, de meio
metro um do outro) para verem televisão, fazem um ou dois comentários
sobre alguma coisa com uma voz em tom formal, e ao irem dormir raramente
se tocam ou se beijam, quando muito um leve beijinho de boa noite.
Quando, raramente, “fazem amor”, unem-se sexualmente de forma mecânica,
formal. - “Hoje é dia 10, dia de fazermos amor” - diz o marido. A
esposa, de modo sério responde: - “Sim meu esposo! Vou apagar a luz e
levantar a camisola”. Você deve estar rindo ou
achando absurdo tal situação, em pleno século 21! Os terapeutas de
casais sabem que relacionamento como a desse casal é muito comum. É uma
triste realidade de um casal que “convive” sem muita emoção e no rosto
de cada um de seus membros se pode constatar a ausência de alegria, de
“vida” nos olhos, de entusiasmo e de realização. A infelicidade
certamente é uma presença na vida desse tipo de casal, e quando um ou
outro chega a perceber o que acontece com eles e cria coragem para
encontrar uma mudança dessa situação, geralmente procura um terapeuta de
casais... Agora imagine outro tipo
de casal, bem diferente desse primeiro. Um casal diferente porque seus
membros não “economizam” na expressão de seus sentimentos, possuindo um
livre fluxo de emoções, vivenciando com interesse e paciência o
companheirismo e a amizade entre eles, tendo disposição para
compartilharem os momentos bons e maus, sentindo-se otimamente bem um
com o outro, à vontade para discordarem ou concordarem, sabendo
respeitar as diferenças. Vivem integralmente cada momento, fazendo
sempre um esforço para terem tempo disponível um para o outro, deixando
de lado seus “papéis sociais” que vivem fora do lar, convivendo com o
outro de modo natural, relaxado, espontâneo, com alegria e entusiasmo,
sem “máscaras”, sem ficar preocupado com o que o outro “vai pensar” se
falar alguma coisa ou se fizer alguma coisa. O casal vive uma relação
equilibrada, sem um relacionamento de domínio e sujeição, onde ninguém
quer dominar o outro, vivendo uma amizade livre e igual. Adoram a
convivência entre eles e o estarem juntos. A expressão facial revela
“vida” nos olhos, acompanhada sempre de um sorriso, em especial, quando
cada um se coloca frente ao outro, face a face, demonstrando interesse
recíproco. Esse tipo de casal geralmente vive um “amor romântico” com
sentimentos profundos, cada um procurando expressar que gosta um do
outro. Olham-se diretamente nos olhos, acompanhado com um sorriso franco
e aberto, feliz, com um rosto “solto”, revelando um “brilho” especial
nos olhos, um entusiasmo pela vida. O contato visual entre os dois
também é especial. Quando seus olhos se encontram (numa troca de olhares
por um período mais longo do que o habitual, geralmente sorriem e às
vezes, dão uma “piscada” um para o outro, piscada que revela sentimentos
positivos e muitas coisas que fazem o outro feliz (“Eu amo você, eu
quero você, eu gosto de você, você é especial para mim”, etc). Os dois
não deixam aquele entusiasmo do início do relacionamento esfriar, não
deixam o tédio ou a rotina se instalar em suas vidas. Procuram manter a
vontade de passarem seus momentos de lazer juntos, compartilhando o que
for possível, continuando a valorizar o outro, pensando nele/a como
“alguém muito especial”, procurando sempre fazer novas “descobertas”
sobre o outro, conduzindo o relacionamento a novos níveis de compreensão
e de intimidade. É um casal que costuma
se tocar muito, andando de mãos dadas, ou o marido arrumando uma mecha
de cabelo dela e em seguida lhe dando um beijinho nos lábios, seja ela
arrumando a gola da camisa dele e passando a mão de leve no rosto dele,
seja ela fazendo um carinho quando ela passa por ele que está fazendo a
barba. Ou colocando o despertador para acordarem 15 minutos mais cedo
para os dois poderem ficar uns minutos agarradinhos, aconchegantes na
cama, agradando um ao outro e (se der vontade) “fazendo um amor
rapidinho” como forma de começar o dia deixando cada um deles feliz, ou
à noite, dormindo encostados um ao outro ou ainda, antes de irem dormir,
namorarem a um canto do quarto, “curtindo” a presença um do outro, com
beijos e abraços sem inibição, agradando um ao outro. E na intimidade do
amor sexual, usam da arte da sedução, uma arte galante que dá vida ao
relacionamento, e não se cansam de estimular o outro com beijos, com
carinhos, com demonstração de que o outro “é importante”, que o outro “é
alguém especial”, cada um fazendo ao outro elogios lisonjeadores,
vivenciando a preparação para o amor com expressão de sentimentos e de
toques que agradam, que torna cada um atento ao outro. Assim, cada um
faz bem a sua parte para ampliar o desejo um pelo outro, vivenciando com
intensidade a união do amor, revelando sentimentos profundos, alegria e
entusiasmo um com o outro. Esse casal tem um bom
nível de comunicação (seja verbal ou não verbal), de manhã até o
adormecer e utiliza, sempre, nessa comunicação, um tom de voz como da
época de namorados (“um doce murmúrio”) com o uso de palavras carinhosas
um com o outro (amorzinho, querida/o, dengo, chuchu, fofo/a, etc).
Geralmente é um casal que começa o dia dando um “bom dia amorzinho”
entusiástico, cheio de alegria, e na hora do almoço geralmente se falam
por telefone (“Como foi sua manhã?”, “Estou morrendo de saudades...”,
etc) e quando estão juntos conversam bastante sobre tudo, dando
opiniões, abrindo suas mentes um para o outro, ouvindo o outro falar
(olhando para o outro enquanto escuta, detalhe importante na
comunicação! E deixando-o/a falar sem interromper e se discordar da
opinião do outro, expressando sua opinião sem criticar, sem menosprezar,
sem diminuir o outro, mas trocando idéias como forma de crescimento e
aprendizagem recíprocas). Utilizam sempre do diálogo para trocarem
idéias e conhecerem sempre mais o outro, evitando que surjam tensões,
ansiedades e hostilidades por falta de comunicação. E nessa comunicação
há alegria, risos, naturalidade, rosto “solto”, espontaneidade. Agindo
um com outro com modos positivos como esses, certamente esse casal
enriquece a vida a dois, construindo uma vida de casal altamente
gratificante, uma relação afetiva com muita felicidade! Um relacionamento como o
desse casal é o que muitos homens e mulheres almejam, conforme revelam
em sessões terapêuticas. Você deve estar achando que relacionamento como
esse descrito acima não existe, que isso é uma utopia, que a “correria
da vida”, que os afazeres domésticos e de trabalho impedem que se viva
uma vida a dois com alegria, dando atenção e valorização um ao outro.
Diz um ditado popular que “O que merece ser feito merece ser bem feito”.
Ou seja, apesar das dificuldades da vida, do trabalho estafante lá fora,
das dificuldades econômicas, nada impede você de procurar ser feliz com
o seu cônjuge, deixando de “economizar” na expressão dos sentimentos.
Tente mudar um pouco e você irá ficar surpreso/a com a reação positiva
de seu cônjuge, com a expressão de felicidade que verá no rosto dele/a.
Tente fazer uma “viagem ao passado”, voltando à época do namoro, em que
cada um valorizava o outro, olhava o outro como se fosse “alguém muito
especial”, encantando-se com ele/a, olhando para o outro com real
interesse de viver uma relação satisfatória e feliz. Procure relembrar
as expectativas, aquilo que você desejava, que almejava, da época do
namoro e procure torná-las realidade no momento presente. A felicidade verdadeira
pode ser encontrada e está aí ao seu lado, tão pertinho, na pessoa do
seu cônjuge, basta você querer dar o primeiro passo em direção a ele. A
felicidade na vida de casal pode acontecer, pode existir, e não é
incompatível com sua carreira profissional, com seus afazeres pessoais
ou outras situações. Você pode viver a felicidade, tendo atitudes com
amor, com ternura, preenchendo algum vazio que porventura sinta,
compartilhando com o cônjuge alguma dificuldade ou frustração que esteja
atrapalhando a vida dos dois. Olhe para seu cônjuge com um olhar mais
amoroso e demonstre seus sentimentos positivos. Procure diminuir a
crítica um com o outro, demonstrando mais paciência, incentivando um ao
outro para viverem melhor, com mais alegria e realização. Se o salário
da família não é suficiente para tudo o que deseja, procure viver dentro
do “tamanho do seu passo”, se há pouca colaboração do marido nos
afazeres domésticos, quando estão os dois em casa, converse com ele para
fazerem juntos também as atividades do lar. Procure enfrentar suas
insatisfações, com objetividade, escrevendo-as em um papel para melhor
conscientização e enfrentamento. E finalmente, busque
soluções. Lembre-se de que o objetivo é encontrar modos mais
satisfatórios de viver um com o outro. Não gaste tempo tentando
encontrar desculpas para “onde foi que erramos”, “por que os sonhos não
se realizaram?”. E muito importante, não se deixe ficar sem esperança.
Acredite ser possível encontrar a felicidade! Fique com seu cônjuge
frente a frente e diga o que sente, revele seus sentimentos mais íntimos
e escute também os dele/a, os dois procurando compreender e ajudar um ao
outro. Diálogo franco entre os cônjuges muito ajuda na superação de
alguns problemas e dificuldades existentes, diminuindo tensões,
revelando ao outro aspectos da vida que ele/a não conhecia e que pode
estar afetando o relacionamento. Procure expressar de modo aberto suas
opiniões, sem criticar e sem ofender, e ouça a opinião do outro. E
procure ter outro modo de agir que aproxime mais o casal. Assim,
certamente os dois irão deixar de “economizar” nos sentimentos um com o
outro e poderão vivenciar mais felicidade na vida a dois. Veja também mensagem a "economia" dos estímulos, ou a grande importância
dos estímulos físicos para a vida de um casal. Click no link abaixo:
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